Mangalarga vem chegando…

, por Alexandre Matias

mangalarga

O casal Julia Debasse e Rian Batista resolveu assumir a dupla musical que já vinham incubando desde que morava no Rio de Janeiro. Mas a mudança para Fortaleza, em 2016, acabou acelerando este processo e o baixista do grupo Cidadão Instigado finalmente lança seu primeiro trabalho autoral depois de ano tocando com alguns dos principais nomes da atual música brasileira. Assumindo o nome de Mangalarga (“A Julia ama cavalos e me chama assim”, ri Rian), os dois lançam o primeiro single, “A Merda Que Você Fez”, em primeira mão no Trabalho Sujo e contam, numa troca de emails, a história deste processo criativo.

“O grupo nasceu no Rio de Janeiro, mas só atingiu sua configuração atual aqui em Fortaleza”, começa a recapitular Júlia. “Eu e Rian começamos a compor de forma bem descompromissada em 2011 ou 12, pouco depois de nos casarmos. Nós juntamos essas canções novas com composições mais antigas e começamos a brincar de arranjá-las no computador, usando sintetizadores do Garage Band.” Morando no Rio, Rian fez alguns trabalhos para a Globo, enquanto seguia com o Cidadão Instigado e depois de anos tocando com a banda do trio Instituto, liderada pelo maestro Ganjaman. “Vi nascer artistas que estão hoje aí com carreiras consolidas: Céu, Criolo, Karina Buhr, Emicida, Tulipa Ruiz, Vanessa da Mata”, além de passar treze anos tocando com Otto e do Mockers. Júlia, por sua vez, já havia dividido um disco com outro Cidadão Instigado, o guitarrista Regis Damasceno, em seu projeto indie folk Mr. Spaceman, Work For Idle Hands To Do, mas trabalha em artes visuais.

“Foi só quando nos mudamos para Fortaleza, em 2016, finalmente admitimos que precisávamos de ajuda para transformar aquelas ideias embrionárias em algo mais concreto”, continua a vocalista. “Falamos com o Daniel Groove que super comprou a bronca e juntamos a banda que ja vinha acompanhado o Daniel em algumas produções e da qual o Rian fazia parte: o compositor e guitarrista Bruno Rafael na guitarra, Beto Gibbs na bateria/SP-10, Rian no baixo. A ideia é que a banda tenha dois vocalistas mesmo, então tem músicas que eu canto, enquanto em outras o Rian canta. Eu também toco guitarra e violão.”

“Em Fortaleza reencontrei o Daniel Groove, que me chamou para coproduzir alguns artistas da nova cena cearense, como Ilya e Nayra Costa”, segue Rian. “A Julia é compositora desde adolescente, fez algumas gravações muito nova, tocou no Rio, mas nunca chegou a lançar nada, mas jamais deixou de compor. Tanto que nós usamos músicas dela que ela fez antes mesmo de me conhecer.”

“A Merda Que Você Fez”, mesmo sendo uma das músicas mais antigas da dupla, foi escolhida por conversar com a época que estamos vivendo. “É uma canção que funciona em dois níveis, como canção de amor e como canção de protesto, ou pelo menos essa era a intenção da compositora”, ri Júlia. “Eu acho que também mostra bem ao que viemos no sentido de que é uma canção inegavelmente pop, dançante, mas que tem algumas esquisitices, algumas quinas, arestas – seja na letra, seja nas guitarras do Catatau.”

Sem planos em relação a um álbum, eles planejam mais um single para daqui uns meses, uma canção romântica escrita por Rian, embora já tenham material para um disco. Sem poder fazer shows por conta da quarentena, vão se dedicar a divulgar o trabalho online. “Vamos fazer lives, que é o que se faz agora. Temos dois pequenos contratempos, um de quase 3 anos e outro de 9, mas vai dar certo. Eles são bonitinhos!”, brincam.

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