Que beleza a segunda noite da temporada Eu Nem Era Nascido que Gabriel Thomaz está fazendo no Centro da Terra. A apresentação desta segunda-feira ficou com seu projeto solo Multi-Homem em que, acompanhado apenas do baterista Fernando Fonseca, passeia por diferentes fases de seu repertório e por músicas de outros autores, na velocidade elétrica do rock’n’roll em versões curtas e diretas – com apenas dez minutos já tinha tocado seis músicas, inclusive uma inspirada versão para “Have Love Will Travel” dos Sonics. E assim, fulminante, seguiu por mais uma hora de show, chamando intrépidos convidados para assumir vocais a seu lado: com Tatá Aeroplano fez a primeira música deste projeto, a transamazônica “Peru-Pará”, com Persie visitou o Little Quail (tema de sua próxima apresentação, segunda que vem) com o hit “Aquela” e com Thunderbird engatou um tributo ao Júpiter Maçã que começou com “Novo Namorado” e seguiu com “Ela Sabe o Que Faz”, quando Thunder chamou os outros dois convidados para fazer os vocais de apoio numa aparição conjunta que Gabriel agradeceu chamando-os de Trio Ternura. E foi nesse clima de Jovem Guarda que o candango mais roqueiro do Brasil encerrou a apresentação, invocando o gigante Erasmo Carlos com a irresistível “Minha Fama de Mau”.
O que você vai fazer neste domingo? Participo da série de bate-papos que o Picles está fazendo para falar sobre música e mídia ao lado do grande Luiz Thunderbird, a partir das 18h30. O papo com o Thunder é apenas uma das atrações do dia, que ainda conta com uma conversa sobre gestão de selos e casas de show com o Rafael Farah (que toca o selo Balaclava e é um dos sócios do Bar Alto) e Roberta Youssef (que traalhou no Studio SP e no Z Carniceria) a partir das 17h e uma conversa sobre os desafios da carreira artística com Tiê e Maurício Pereira a partir das 20h. Todos os papos terão mediação do grande Juka Tavares e tanto antes quanto depois das conversas o som fica por conta do DJ Gabo. O Picles fica no número 1838 da Cardeal Arcoverde, em Pinheiros, e abre desde as quatro da tarde. A entrada é gratuita, mas é preciso se inscrever neste link. Vamos?
Outra dívida pré-pandêmica: havia convidado a maestra e guitar heroine Lucinha Turnbull para apresentar-se no Centro da Terra há mais de dois anos, mas o coronavírus nos obrigou a adiar este encontro. Originalmente, o espetáculo teria outra formação e quando fui chamá-la para retomar os trabalhos, ela sugeriu a dobradinha que tem feito com o devoto Luiz Thunderbird num encontro de vozes e violões, com muita música e conversas sobre música. A apresentação Thunder & Turnbull acontece nesta terça-feira e começa pontualmente às 20h – e os ingressos podem ser comprados neste link.
Entrou setembro e a programação deste mês no Centro da Terra vai para todos os lados que você possa imaginar. Começamos segunda que vem, dia 5, com a volta do paranaense Giancarlo Ruffato aos palcos depois de dois anos e meio de pandemia, seguido da dupla Luiz Thunderbird e Lucinha Turnbull, na véspera do feriado, dia 6. Na outra segunda, dia 12, começo a primeira temporada feita em parceria com um selo, no caso o paulistano Matraca Records. Tempo Presente reúne quatro novos artistas que o selo lançou neste 2022, cada um em uma segunda-feira. A primeira, dia 12, fica a cargo do guitarrista baiano Uiu Lopes, que mostra músicas de seu primeiro disco solo, que ainda sairá este ano. O mesmo acontece com o grupo paulistano Pelados, que, no dia 19, mostra músicas de seu próximo disco, reinventando o indie rock brasileiro. Depois, dia 26, vem Pedro Bienemann, que mostra as canções de seu EP Vulgo, finalizando a temporada no dia 3 de outubro, com um show da banda Lau e Eu. Na segunda terça-feira do mês, dia 13, é a vez de Bruno Schiavo desconstruir seu disco A Vida Só Começou, lançado em 2020, apresentando um espetáculo audiovisual ao redor do conceito do disco. No dia 20, a paulistana Ina começa a mostrar seu primeiro disco solo, Chão, que será lançado em breve. E, finalmente, dia 27, na última terça-feira do mês, Marina Marchi mostra suas composições solo e versões para outros artistas à frente de seu quarteto. Os ingressos já estão à venda e podem ser comprados neste link.
Depois de anos tocando em bandas e apresentando programas sozinho, Luiz Thunderbird finalmente sai solo em um disco. Este Pequena Minoria de Vândalos ainda não tem data para ser lançado, mas foi idealizado quando Thunder juntou músicas para um novo disco e viu que suas duas outras bandas estavam em momentos opostos: enquanto o Devotos de Nossa Senhora Aparecida completa 35 anos no ano que vem, o Tarântulas, que agora chama-se Elektromotoren, viu-se confrontado com a agenda de lançamento do primeiro disco solo de seu outro integrante, o guitarrista Guilherme Held. Assim, Thunder resolveu partir para este álbum, que vem lançando no contagotas. Começou fazendo uma versão para “A Obra“, do grupo pós-punk mineiro Sexo Explícito, e agora vem com “Insuportável”, com sua guitarra ruidosa emulando a de Andy Gill, falecido guitarrista do Gang of Four, cujo clipe estreia em primeira mão no Trabalho Sujo.
“As minhas várias bandas sempre tomaram muito do meu tempo e energia”, ele me explica quando pergunto sobre este primeiro disco. “Eu tinha essa vontade há muito tempo e dei inicio à pré-produção no final de 2019, gravações começando em novembro”, mas como todos em 2020, teve seus planos atropelados pela quarentena. “Estava no meio do processo de gravações e composições”, ele diz, contando que já tem sete músicas prontas e quatro em processo. “Creio que a melhor coisa a fazer é lançar singles, mostrando aos poucos parte do disco. Por enquanto estamos indo bem nessa estratégia. A cada single, produzo um videoclipe. Estou curtindo esse trampo de, após gravar a música, partir pra videografia dela. É muito prazeroso e abriu uma nova frente de trabalho pra mim. Desde sempre dirigi meus programas na internet, desde 2008, pelo menos. Ano passado dirigi, ao lado do Zé Mazzei, um doc sobre a Lucinha Turnbull. Curti estar do outro lado da câmera!”
Os ecos pós-punk dos primeiros singles não vêm por acaso. “Tenho uma relação muito íntima, desde os anos 80, com o gênero e minhas bandas preferidas vêm desse período: Gang of Four, Pixies, James Chance and the Contortions, mais experimental. Eu curto disco-punk do ESG, do Liquid Liquid e até reconheci similaridades do single “Insuportável”com o som do Speedtwins da Holanda.” Mas o disco vai para além do pós-punk e flerta com a poesia concreta, em parceria com Held, com o rock psicodélico, em parceria com a banda Bike, e com o rock clássico, ao lado de Odair José.
Enquanto a quarentena não acaba, Thunder segue lançando o disco aos poucos. “Aguardo com tremenda ansiedade uma vacina para poder voltar aos palcos, adoro ensaiar, arranjar as músicas, pensar no setlist, fazer shows com platéia, excursionar, isso me faz muita falta.” Ele compensa essa falta, como todos, usando a internet. “Tenho me divertido com lives no instagram, faço todas as terças, às 21h, a live do meu podcast Thunder Radio Show, onde entrevisto convidados. Já faz sete anos que faço esse podcast e achei que as lives seriam a continuação desse trabalho, que depois publico no IGTV. Todo domingo, às 19h, eu faço a live Dedo Mingo, tocando violão e cantando. Nunca toquei tanto violão na minha vida. Isso tem me ajudado a encarar essa quarentena.”
Ele acaba de lançar sua autobiografia (Contos de Thunder) e já tem mais dois livros engatilhados. “No mais, eu queria poder passear com minha bicicleta com mais segurança. Eu, às vezes, dou uma volta, mas pareço um astronauta paramentado. É o mínimo que eu posso fazer nesse caso. Responsabilidade comigo e com o próximo.”
Rodolfo Krieger dirige uma homenagem ao clássico primeiro disco solo de Arnaldo Baptista, que completa 45 anos em 2019, reunindo nomes como Luiz Thunderbird, Hélio Flanders, Tatá Aeroplano e Cinnamon Tapes para celebrar a importância do disco neste sábado, no Centro Cultural São Paulo, a partir das 19h (mais informações aqui).
Mais presente repassados pra frente: música natalina dos Psylocibian Devils, música natalina do Mayer Hawthorne e disco ao vivo de graça do Yeasayer. Fora que os Gorillaz lançaram disco novo em cima da hora – The Fall foi gravado no iPad! E eu não lembro do Facebook de quem que eu roubei a foto acima, mas o que vale é a intenção, não? E a foto que ilustra o post é da Carolina Mendes – e seus ilustres convivas (Clarah e Thunder) você conhece, né…. Feliz natal 🙂
Psylocibian Devils – “Christmas Pines” (MP3)
Mayer Hawthorne – “Christmas Time Is Here” (MP3)
Flavio Basso aos poucos sai da gaiola. Depois de um disco catártico de exposição mínima (Bitter, composto e gravado com a parceira Bibmo) e um álbum lançado três anos depois de ter sido gravado (Uma Tarde na Fruteira), ele chegou a flertar com a MTV, mas logo vai deixando sua recente trip retrô em segundo plano, abraçando de novo a contemporaneidade pop. O primeiro fruto dessa nova fase é a canção “Modern Kid”, que mexe nos gens britpop de Júpiter e faz baixar um Jarvis Cocker mod no gaúcho, que agora conta com os teclados do Astronauta Pingüim, o baixo de Thunderbird e guitarra de Dustan Gallás. O Thunder o entrevistou em seu programa na rádio online do Centro Cultural São Paulo, quando ele deu uma geral em sua carreira e falou um pouco sobre a nova fase. Bem bom.