O silêncio quase eclesiástico feito pelo público que encheu o Centro da Terra neste primeiro de julho tornou a apresentação de Lucca Simões ainda mais fluida e reverente, mesmo que estes adjetivos pareçam se contradizer. O músico começou tocando sozinho para depois chamar aos poucos os outros convidados da noite, primeiro Gabriel Milliet, tocando flauta transversal, seguido de Eduarda Abreu, só ao piano, com quem fez números em dupla. Depois chamou Lucas Gonçalves (no baixo) e Chico Bernardes (na bateria) para um primeiro número como trio para finalmente chamar Eduarda de volta e terminar a noite como um quarteto, mostrando as músicas que deverão entrar em seu primeiro álbum, com todo esmero e delicadeza que as canções precisavam. Afinal seu autor é, ao mesmo tempo, um vocalista quase tímido e um guitarrista sutil e discreto, o que culminou no segundo momento solo da noite, quando tocou a única versão do repertório, uma lindíssima leitura instrumental de “Você é Linda”, de Caetano Veloso. Todos os convidados eram sensíveis o suficiente para entender a leveza do repertório e da performance do autor, deixando-o à vontade sem que precisassem rechear sua sonoridade, tornando os vazios presentes. O único momento mais cheio do show foi quando Lucca chamou o público para cantarolar o refrão de uma canção que acaba sendo a síntese de sua musicalidade: “Devagar e sempre, sempre a caminhar”. Foi bem bonito.
O segundo semestre começa com a primeira apresentação solo de Lucca Simões no Centro da Terra, que traz seu espetáculo Dizer Novo Adeus para mostrar as músicas que vem preparando para seu primeiro álbum solo. Acompanhado de uma banda formada por Eduarda Abreu (piano), Lucas Gonçalves (baixo) e Chico Bernardes (bateria), ele traz suas canções que equilibram-se entre o folk, o indie rock e a música brasileira, sempre tocadas de forma minimalista e introspectiva, mas que crescem com a participação de outros músicos. Nesta apresentação ele ainda conta com a presença do músico, cantor e compositor Gabriel Milliet. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Findo o primeiro semestre, vamos começar o segundo já na segunda-feira com mais uma safra de shows inéditos no Centro da Terra. A temporada do mês terá apenas três datas pois seu anfitrião, o grande mestre BNegão, estará com a agenda mais atribulada do que o normal – e nos três shows da leva BNegron Convida trará novíssimos artistas com os quais ele dividirá o palco nas segundas 15, 22 e 29. Mas o julho musical do Centro da Terra começa já no primeiro dia do mês, quando Lucca Simões mostrando os rumos que está trilhando no que se tornará seu primeiro álbum a partir do espetáculo Dizer Novo Adeus, que conta com Chico Bernardes, Lucas Gonçalves e Eduarda Abreu em sua banda, além da participação de Gabriel Milliet. Dia 2 é a vez da antiga banda Goldenloki se reinventar num formato ainda em transformação num espetáculo chamado Protoloops, quando os irmãos Dardenne (Otto e Yann), Thales Castanheira e Martin Simonovich em que levam a psicodelia de sua antiga banda para os rumos da eletrônica, num projeto que ainda não tem nome definido e contará com as participações das cantoras Nina Maia e Marina Reis, de Valentim Frateschi nos teclados e sampler, de Felipe Vaqueiro da guitarra e projeções do Danileira. Dia 16 recebemos o projeto Des Chimères, criado pelos artistas Grisa e João Viegas, misturando timbres acústicos e eletrônicos enquanto navegam entre a música brasileira, o jazz e a chanson française. Além de um repertório de inéditas, eles também mostram composições de seus trabalhos solo dentro do formato deste espetáculo. Na terça-feira dia 23 é a vez de expandir o Onira, projeto da dupla formada pela escritora Tatiana Nascimento e pelo instrumentista Jovem Palerosi, que mistura poesia falada, sonoridades afrofuturista, eletrônica e o material de sonhos. Na apresentação que forjaram para o Centro da Terra, Sonhar a Tempestade, reúnem-se à contrabaixista Lea Arafah, à videoartista Daisy Serena e à iluminadora Bruna Isumavut para celebrar Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana ao homenagear as existências negras trans, travestis e nao-binárias e à dissidência sexual e/ou deserção de gênero de orixás como Otim, Iansã, Oxumaré, Oxum, Oxossi e Ossaim. O mês termina no dia 30, quando o grupo Música de Montagem apresenta o espetáculo O Grito do Escuro em que mostram parte do seu repertório atual – do disco Rua – e canções inéditas ao lado dos cantores Rubi e Ana Deriggi. Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos já estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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E depois da aula corre pro Porta Maldita que estava lotado para ver dois talentos em ascensão da música local tocar suas músicas delicadas com acompanhamentos sutis. Primeiro foi a vez de Luiza Villa fazer sua primeira apresentação solo, quando mostrou suas primeiras composições além de versões para músicas alheias, indo de Gilberto Gil à sua familiar Joni Mitchell, passando por uma versão deslumbrante para “If a Tree Falls in Love with a River”, de Lau Noah e Jacob Collier, quando abriu vozes com sua irmã Marina, e “Tristeza do Jeca”, que dividiu com o dono do segundo show da noite, Lucca Simões.
Depois Lucca subiu ao palco para mostrar suas delicadas canções, conduzidas por sua voz suave e guitarra clara. Suas composições cresceram ainda mais com a bela banda que reuniu, com Eduarda Abreu nos teclados, Chico Bernardes na bateria e Lucas Gonçalves no baixo, partindo do folk e da MPB que impulsiona sua criação abraçando ao mesmo tempo tanto um rock setentista quanto uma pitada de jazz elétrico. Bem bonito.
Lulina começou sua temporada Decantar e Decompor no Centro da Terra revirando um baú de inéditas – e fez isso com uma formação inédita que parece sempre ter sido a banda com quem ela se apresentou: os synths do mombojó Chiquinho Moreira (com quem a cantora gravou um disco de ficção científica durante a pandemia) se misturavam com os teclados de Katu Hai (que por vez tirava uma flauta transversal ou um flugelhorn milimetricamente inserido em algumas canções), criando uma cama de textura sonora que encaixava-se perfeitamente à base formada pelo baixo sinuoso de Hurso (com quem, por sua vez, Lu gravou um disco de amor no mesmo período) e pelo ritmo mínimo e preciso da baterista Bianca Predieri. Salpicando discretas notas de eletricidade, o guitarrista Lucca Simões deixava Lu livre para reger a banda apenas com os acordes claros de sua guitarra e suas apaixonantes, doces e irônicas canções – não sem antes brincar com a estreia de uma guitarra eletrônica com quem tocou duas músicas. O convidado desta primeira noite foi o cantor paraense Bruno Morais, com quem Lulina tocou uma de suas primeiras canções (“Outra história de Shan Lao”, do disco Acoustique de France, de 2001), a canção de Lulina que ele gravou em seu Poder Supremo (“Cores”) e finalizando com uma versão deslumbrante pra uma das músicas mais bonitas desta compositora pernambucana que tanto amamos, “Nós”.
Na primeira segunda-feira do ano no Centro da Terra, Lucas Gonçalves e Lucca Simões selaram sua parceria numa apresentação em dupla. Na apresentação, os dois casaram bem vozes e instrumentos, entrelaçando violão e guitarra para criar uma paisagem sonora doce e bucólica, a partir de seus respectivos repertórios. Suspeito que essa é só a primeira de várias apresentações dos dois com essa formação.
Finalmente consegui trazer Lucas Gonçalves para o palco do Centro da Terra, uma conversa que já tínhamos há muito tempo, mas que o semestre passado acabou por adiar por conta do sucesso do novo disco de sua banda, o Maglore, que voltou à atividade em 2022. Para começar o novo ano, Lucas convida seu compadre Lucca Simões para uma sessão intimista com dois violões, em que os dois mostram suas próprias músicas – Gonçalvez passa pelas músicas de seus álbuns solo Se Chover e Verona enquanto Simões passa por seus singles. Os ingressos podem ser comprados com antecedência neste link.