O Bingo de Lost

Pra daqui a pouco, hein: é do Scifi Wire, mas quem passou a dica foi o Vinhal – valeu!

A quinta dimensão…


Essa imagem é daqui. Freak!

Se liga no comentário que o Bufo fez num outro post. Primeiro ele falou:

Não resisti e assisti os primeiros 10 minutos. Foi pra confirmar minha teoria quanto às linhas narrativas da próxima temporada. Sem especificar e acabar estragando para quem não assistiu, minha teoria consiste de que se viagens pela 4ª dimensão (tempo) foram o tom da última temporada, o próximo passo lógico então seria viagens pela 5ª dimensão, no conceito Dougla Adams (42!) de 5ª dimensão.

Aí eu cutuquei e ele continuou:

O conceito de 5ª dimensão que estou me referindo é o de 5ª dimensão = probabilidade/possibilidade, onde existe um universo para cada resultado provável de um evento. Se você joga uma moeda e dá cara, existe um outro universo onde deu coroa. São realidades alternativas, mas não necessariamente causadas por viagem no tempo, do tipo voltar-ao-passado-pra-matar-hitler (exemplo citado no Lost). No caso do Lost o evento é se a bomba de hidrogênio funcionou (universo B) ou não (universo A). Tudo que vimos até agora foi no universo A, o acidente do Oceanic 815, o Ben girando a roda, a ilha viajando no tempo, os Oceanic 6 saindo e voltando pra ilha em 1977/2007, o falso Locke convencendo o Ben a matar o Jacob e por fim Jack e cia. tentando detonar a bomba H em 1977, a bomba falha, mas causa o incidente relacionado a estação Swan. No universo B a bomba funciona e destrói a ilha o que faz com que o vôo 815 chegue em LA. Então a linha narrativa vai ser dividida entre esses dois universos, sendo a questão será se eles continuarão com a divisão de narrativa do universo A (1977/2007) e totalizar 3 linhas de narrativas diferentes: Universo A 1977, Universo A 2007 e Universo B 2004 em diante (mas com o problema enorme de gerenciar tudo isso) ou se vão simplificar unificando a linha temporal no universo A.

É, bicho… Já eu acho que o que a gente vai ver é o que aconteceu depois que a bomba foi detonada (o teu universo B) e um flashforward do que vai acontecer no futuro (2007) deste universo B para que ele volte a ser o A.

É bem capaz que a última cena seja o preâmbulo da primeira…

Passagem só de ida de Sydney para Los Angeles

Quem tentou comprar uma passagem só de ida no trecho Sydney-Los Angeles para o dia 22 de setembro deste ano através do site de comparação de preços de viagens Kayak deparou-se com a opção acima, da Oceanic Airlines. Ao tentar pagar a passagem, o comprador era automaticamente enviado para a página do vôo 815 na Lostpedia – e a brincadeira do site com Lost não terminava aí: além do preço total da passagem esconder os malditos números (US$ 4839, no fim das contas, era a soma do preço da passagem US$ 4.815,16 mais a taxa de embarque US$ 23,42) como o tempo de duração do vôo (10h08) também esconde outro número favorito da série.

“Vazou”

Quando o assunto é diversão, manipular expectativa pode ser a chave do jogo

Engraçado notar a ironia de muitos à medida em que as imagens ainda não vistas da sexta temporada começaram a “vazar” na internet. Coloco as aspas por puro preciosismo – é óbvio que o que apareceu online não veio de outro lugar se não de uma brecha aberta pela própria produção. Até parece que uma série como Lost não tem contratos e mais contratos de confidencialidade assinados por todos envolvidos (ABS a eles), para evitar justamente que uma ou outra cena apareça antes da produção ser autorizada. Pois a questão dos “vazamentos” deixou de ser só algo que tange a segurança como o próprio elemento de marketing. E quem mais pode “vazar” o conteúdo senão quem está diretamente envolvido no processo? Quer descobrir quem “vazou” o disco novo do fulano ou aquele filme que está para sair? É relativamente fácil – e inevitavelmente terminará com alguém da “indústria” (ou do “sistema”) arrumando uma cópia para alguém “de fora” (ou “pirata”).

Foi um dos motivos do Radiohead ter dado um cavalo de pau na percepção social do que é a música – e, no fim das contas, a cultura – no século 21 ao “vazar” seu próprio disco, em In Rainbows. Pior: “autovazar”, meses antes do “lançamento” do disco oficial, físico, cuja data foi marcada para o primeiro dia de 2008 quase como uma troça, como se dissessem “para vocês que não consideram o download como sendo oficial, In Rainbows é um disco de 2008”.

As pistas sobre o controle do “vazamento” do que já se viu da sexta temporada de Lost – primeiro, de alguns minutos; depois, de toda a primeira hora do episódio duplo desta terça – são evidentes. No primeiro caso, os quatro minutos do primeiro episódio foram liberados para fãs da série que se cadastraram em uma promoção no site da emissora ABC. A produção do seriado não só apenas entregou o pequeno trecho num pendrive, como fez com que ele viesse numa garrafa de vidro, feito uma mensagem de náufrago. O kit (veja abaixo, as fotos vieram daqui) ainda tinha uma mensagem de fato, que trazia escrita apenas a frase “nada é irreversível”.

Já a primeira hora “vazada”, além de alardeada com muito entusiasmo, foi registrada de um ótimo ângulo em uma câmera que não se mexia e de forma a não ter nenhum problema em registrar tudo que foi exibido na praia no Havaí, sábado passado. Detalhe sórdido: em alguns momentos cruciais do episódio – principalmente em cenas com diálogos -, uma sirene de ambulância era disparada quase que de forma aleatória, como se estivesse sendo ligada apenas para tapar os tais diálogos. Esfregando em nossa cara que, sim, aquilo fazia parte da estratégia de lançamento da nova temporada.

Os próprios criadores admiram isso em uma entrevista recente ao site IGN:

Regarding the footage that was leaked today, were you shocked it got out there, or was it that this was the right time for people to see those first few minutes?
Lindelof: [Chuckles] I mean, they were on a flash drive in a bottle that ABC sent out, so it’s one thing to call it a leak and it’s another thing to reach over and turn on the faucet. They’ve been great. When Carlton and I basically said, “We don’t want any material from the final season to get out in advance of the premiere,” they were enormously willing to play ball. But when we said we wanted to do sunset on the beach in Hawaii, and that we’d be showing the first hour of the show on Saturday, it didn’t seem fair to the people who weren’t actually going to be here to give them nothing. So this is the compromise we came up with.
Cuse: We didn’t want, basically, stuff to become stale. So we felt like three or four days ahead of the premiere, for there to be some hint as to what’s going to happen in Season 6 is exciting for the audience, as opposed to if they’d been pounded for four months with images of Season 6. It wouldn’t be so fun.

Por isso, volto a usar o verbo vazar sem as aspas. É lógico que tudo que aparecer sem querer querendo na internet parou ali graças a alguém envolvido no processo. O grande barato é a forma como é possível manipular esta expectativa e fazer o entretenimento voltar a ser divertido de novo – em vez de simplesmente correto, como vem sendo.

Respostas, respostas…

Será que eles respondem tudo?

4:20

Comparando dois vôos

Spoilerzaço nessa cena, hein. Nem clique se não quiser saber de nada sobre a sexta temporada:

Você foi avisado

Daqui em diante até amanhã cedo, você está entrando em terreno fértil de spoilers sobre a nova temporada de Lost. Não saia clicando em tudo que vê.

Link – 1° de fevereiro de 2010

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Lost e o futuro

Textinho que escrevi hoje no Link impresso.

O entretenimento do futuro nasce com o fim de ‘Lost’

A primeira década do século 21 assistiu a mudanças drásticas no que diz respeito à cultura – principalmente devido à dominância digital que marcou estes anos. Não houve mídia ou gênero que não fosse abalado por este impacto. E mesmo com dois formatos do século anterior vivendo dias de ouro (quadrinhos e games atingiram um patamar de excelência inédito), nenhuma obra soube lidar melhor com a cultura digital – e de forma mais ampla – do um certo seriado sobre os sobreviventes da queda de um avião em uma ilha maluca.

Num mundo cada vez mais dividido em dualidades – velho/novo, digital/analógico, online/offline -, Lost preferiu apostar nas duas alternativas ao mesmo tempo. É uma série comercial com ares de culto. Aborda mistérios científicos e espirituais, as diferenças entre destino e livre arbítrio, física e filosofia, pais e filhos, passado e futuro.

Tais oposições, na verdade, partem de um conceito descrito pelo criador da série J.J. Abrams, que ele expande para todas suas outras obras: ele quer dar classe A à “cultura B” – de nicho, quase sempre produzida com pouco orçamento e, por isso mesmo, mais ousada que a comercial.

Assim, Lost é, ao mesmo tempo, programa de sucesso e objeto de culto, novelinha emotiva e complexa saga de ficção científica, mainstream e nerd.

Esta ambivalência não fica só na tela – e aí que Lost desequilibra. Mesmo com séries de TV bem melhores que ela produzidas no mesmo período (Sopranos, The Office, Battlestar Galactica), Lost desempata ao trazer sua dualidade para fora da tela – e incluir o fã na história.

Não como nos games, em que você assume a pele do protagonista, nem como na web 2.0, em que você cria uma identidade digital a partir do que posta online. Ela apresenta a opção ao telespectador: você quer apenas assistir um programa de TV ou mergulhar num universo que expande-se online no fim de cada episódio?

Enquanto não surge um aparelho que possa romper as barreiras entre nova e velha mídia (o iPad de Steve Jobs tenta abrir este meio-termo, leia na página L7), Lost é o melhor exemplo de integração de duas culturas que ainda caminham separadas mas que tendem a virar uma só. Se é apenas um rascunho que vamos assistir daqui para frente ou já o primeiro capítulo de uma nova cultura, cabe ao futuro nos dizer.

Mas eu quero saber mesmo é o que aconteceu com os personagens depois do clarão no último episódio…