Lost por Tiago Doria

, por Alexandre Matias

Lost é apenas o começo.

Acredito que muito do impacto de Lost reside no fato de ser a primeira grande série que estreou com a internet mais consolidada entre as pessoas. Esse detalhe potencializou todo o ecossistema criado em torno da série.

O interessante é que a série ajudou a quebrar e a provar certas premissas.

Primeiro, provou que o consumo de vídeos de longa duração na web era viável. Meio óbvio falar isso hoje em dia, mas até pouco tempo atrás existia um mito de que as pessoas somente teriam paciência para assistir a vídeos de até 3 minutos na web. Hoje é comum conhecer pessoas que assistiram a toda série sem nunca terem se sentado diante de uma televisão. Consumiram tudo em frente a tela de um computador.

Mais: Lost também provou que um modelo menos restritivo de distribuição é possível.Um dia após a exibição na TV, os episódios eram disponibilizados no site da ABC, inclusive via streaming, tecnologia cada vez mais endossada pela indústria de música e filmes.

Aliás, Lost foi uma das primeiras séries a estar disponível na loja online iTunes, chegando a servir de carro-chefe para a inauguração da versão alemã da loja da Apple.

Depois de Lost será difícil assistir a uma série como antes. Sem ter a alguns cliques de distância os episódios para assistir quando e onde quiser, as teorias das conspirações, as comunidades online para discutir cada detalhe da série, os remixes publicados no YouTube, os ARGs, enfim todo o rico ecossistema criado em torno da série.

No caso de Lost, assistir a um capítulo era apenas o início da experiência. Reflexo de que, hoje em dia, o consumo de um conteúdo (seja uma notícia, música, filme) deixou de ser apenas o ponto de chegada. É o início da experiência.

* Tiago Doria é um dos poucos caras que escreve sobre mídia e tecnologia no Brasil que precisa ser lido sempre

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