Lost por Belle

, por Alexandre Matias

Quando fui convidada a escrever este texto, hesitei. É simples assim: eu não gosto de Lost. E tenho muito medo – e até vergonha – dessa opinião, do que os leitores de internet podem dizer para mim, de acusações a ameaças.

Mas aí, fui convencida de que tudo bem, de que pessoas que não curtem o seriado lêem o blog e que faria algum sentido escrever. Será?

Eu preciso explicar, eu não gosto de várias coisas que são unanimidades internacionais. Na lista estão Radiohead, Cortázar, filmes de ficção científica, programas de TV sobre o Nostradamus, chocolate. Talvez eu seja apenas chata. Mas eu acho que chato é o Lost.

Vi o primeiro episódio em 2005 na TV Globo. O locutor – juro! – anunciou o programa como “Lôst”, o que já foi meio ridículo e meio que virou piada na minha casa. Tudo bem, isso não tem nada a ver com o programa, mas acho que explica um pouco a minha falta de interesse. Afinal, pode ter sido uma história iniciada da maneira errada – com intervalo, dublado, etc. etc.

Mas o que pega é que eu não gosto de queda de avião. Não gosto de volta no tempo. Nem de coisas fantásticas, tipo urso polar em ilha paradisíaca. Também não transo gincana. E sou zero da aventura. Inseto me dá aflição, e eu tenho muito medo da morte (no caso de a teoria de que estão todos mortos seja o real fim).

Todos esses dados explicam porque Lost não me pegou. Agora, a situação piorou mesmo quando TODO MUNDO virou muito fã. Sim, porque a série é O assunto. E eu estou de fora. E é muito chato ficar de fora. Nas mesas, eu ouço numa boa por dez, vinte minutos. Mas aí, as pessoas passam duas horas falando e isso virou uma regra. Em todo lugar tem Lost. Na rua, na internet, nos jornais, uma febre.

Eu me sinto outsider, mas não tem jeito. Eu gosto mesmo é da Carmela Soprano.

* Isabelle Moreira Lima, fã de Sopranos e Mad Men, pediu pra ser creditada assim.

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