Lost: LaFleur
AAAAAAH! Esse tipo de sensação causada que logo no início do episódio LeFleur é o que faz Lost ser o que é. Mais do que as intricadas conexões, citações de cultura pop, o elemento TV global, a cultura da adivinhação e a gama de conspirações (e referências a outras conspirações), é a capacidade de chocar o espectador – e provocar ainda mais o fã – com enigmas mais densos e de proporções épicas. Retomamos a linha do tempo esquizofrênica quando um flash fez Sawyer e companhia voltar no tempo ainda mais para uma época em que o poço em que Locke se enfiou sequer existia. Logo depois de constatar que corda que tentava puxar estava enterrada no chão, Sawyer pergunta-se sobre em que época foi parar até ser cortado por Miles, que pede para observar algo que indica que eles estão muito no passado.
Confesso que temi por um dinossauro.
Mas o que a câmera mostrou, em toda sua glória vista por um ângulo (ah vá!) misterioso, foi uma estátua giganteca que, aparentemente, explica o gigantesco pé de quatro dedos que Sayid avistou no início da série. Virada de costas, ela claramente não é humana – e inevitável puxar o cordão de referências egípcias que já foram citadas ou deixadas no ar pela série. Logo os fãs estava tornando-se especialistas-relâmpago em Egito antigo, citando nomes mitológicos e artigos da Wikipedia que linkem com a série. Olha essa, de Vítor Rodrigues, leitor do Teorias Lost:
Primeiro, não vou falar teoria nenhuma. Acho que o mais legal é fazer compilações de informações concretas que foram passadas no seriado (e que passam desapercebidas), e deixar sempre as teorias e afins para a galera discutir nos comentários.
Enfim, essa temporada aflorou mais essa coisa relacionada a cultura egípcia. Mas na temporada passada isso já havia sido visto. Como os hieroglífos na porta em que Ben abre para “invocar” o monstro. E nessa temporada, vimos as pequenas referências, já citadas por vocês, o Ankh de Paul, desenho de Hurley, mais hieroglífos no muro do templo e a possível semelhança da estátua com o deus Anúbis.
Enfim, pelos hieroglífos espalhados nas coisas antigas da ilha e a semelhança da estátua com a imagem do Anubis, a gente pode sentir que tem alguma relação da ilha com o Egito.
A peça nova que eu percebi, foi no momento da morte de Charlotte. Ela começa a citar várias coisas que não são delírios (apesar de parecerem). Ela cita o poço, que estava em uma época antiga da ilha, fala sobre as coisas dela com a mãe dela, Faraday… E fala em um momento “eu sei mais sobre a antiga Cartago do que o próprio Aníbal”. Aí é que veio a junção de muita coisa. Cartago é uma cidade antiga que fica hoje onde é a Tunísia! Local de saída da ilha. (E Aníbal foi um imperador, rei, algo assim).
Se os flashes que ela teve faziam parte de delírios e informações sobre a ilha, é provável que a ilha tenha um passado ligado mesmo a Cartago/Tunísia e isso explicaria sua relação com a saída da ilha ser lá.
Outra coisa bacana que encaixa aí é que Cartago tinha muita coisa cultural absorvida do Egito. Daí a entrada talvez da escrita, elementos culturais como deuses, conceito de morte e tal…
Enfim estes são os três pontos chaves que quando ligados parecem fazer muito sentido:
1- Charlote delirando na historia da ilha citar Cartago;
2- As escrituras e referências culturais (estatua Anúbis) da ilha, sugerindo ligação com Egito;
3- Saída da ilha ser a Tunísia;Enfim, de concreto, e baseado no que a gente viu, é só isso que dá pra dizer, algo como “aí tem coisa”. Mas a partir daí, já da pra pensar em muitas teorias.
– A ilha sempre se moveu. Será que houve uma época em que ela ficou ali pelo Mediterrâneo. As embarcações, o comércio e as disputas eram muitas ali. Possivelmente, alguém descobriria a ilha e iria guardá-la a todo custo (talvez Cartago tenha achado, ou o próprio Egito).
– Será que a ilha já esteve dentro de um continente em terra firme, e só depois que foi movida é que foi parar no meio do oceano e virou ilha. Sendo esse continente inicial a África, ali pela Tunísia? (essa acho pouco provável)
– O Ankh é relacionado a vida após a morte, ou até mesmo a vida eterna (são significados semelhantes). Tal qual o Deus Anúbis esta relacionado ao mundo dos mortos. Será que os egípcios encontraram a ilha, viram que tinha poderes de Cura, ou até reviver os mortos e a partir daí consideraram ela um lugar sagrado, onde as pessoas podem viver pra sempre? Ou só os especiais revivem (Locke, Christian) ou vivem pra sempre (Alpert)? Faria sentido eles fazerem uma estátua gigante de Anúbis por isso.
– E levando em conta essas coisas, será que Jacob vem do Black Rock, ou foi o cara lá das antigas do Egito/Tunísia que achou a ilha e vem cuidado dela desde então?Só não consigo pensar aonde que o monstro entra nisso.
Foda, não? Curto pacas o Teorias Lost (que é inclusive de onde surrupio os links pro Justin.tv pra ver ao vivo – crédito dado, rapeize) por isso – ele usa o elemento colaborativo e cooperativo para, mais do que acompanhar, “jogar” Lost. Mas a minha teoria favorita inclui a estátua que representa esta senhora aqui:
Vamos à Wikipedia?
Taweret
In Egyptian mythology, Taweret (also spelt Taurt, Tuat, Taueret, Tuart, Ta-weret, Tawaret, and Taueret, and in Greek, Θουέρις “Thoeris” and Toeris). Her name means (one) who is great. When paired with another deity, she became the demon-wife of Apep, the original god of evil. Since Apep was viewed as residing below the horizon, and only present at night, evil during the day then was envisaged as being a result of Taweret’s maleficence.
As the counterpart of Apep, who was always below the horizon, Taweret was seen as being the northern sky, the constellation roughly covering the area of present-day Draco, which always lies above the horizon. Thus Taweret was known as mistress of the horizon, and was depicted as such on the ceiling of the tomb of Seti I in the Valley of the Kings.
In their art, Taweret was depicted as a composite of all the things the Egyptians feared, the major part of her being hippopotamus, since this is what the constellation most resembled, with the arms and legs of a lioness, and with the back of a crocodile. On occasion, later, rather than having a crocodile back, she was seen as having a separate, small crocodile resting on her back, which was thus interpreted as Sobek, the crocodile-god, and said to be her consort.
Early during the Old Kingdom, the Egyptians came to see female hippopotamuses as less aggressive than the males, and began to view their aggression only as one of protecting their young and being good mothers, particularly since it is the males that are territorially aggressive. Consequently, Taweret became seen, very early in Egyptian history, as a deity of protection in pregnancy and childbirth. Pregnant women wore amulets with her name or likeness to protect their pregnancies. Her image could also be found on knives made from hippopotamus ivory, which would be used as wands in rituals to drive evil spirits away from mothers and children.
In most subsequent depictions, Taweret was depicted with features of a pregnant woman. In a composite addition to the animal-compound she was also seen with pendulous breasts, a full pregnant abdomen, and long, straight human hair on her head.
As a protector, she often was shown with one arm resting on the sa symbol, which symbolized protection, and on occasion she carried an ankh, the symbol of life, or a knife, which would be used to threaten evil spirits.
As such a protector, Taweret also was given titles reflecting a more positive nature, including Opet (also spelt Ipet, Apet, and Ipy), meaning harem, and Reret (also spelt Rert, Reret, seen as the offspring of Nut)
As the hippopotamus was associated with the Nile, these more positive ideas of Taweret allowed her to be seen as a goddess of the annual flooding of the Nile and the bountiful harvest that it brought. Ultimately, although only a household deity, since she was still considered the consort of Apep, Taweret was seen as one who protected against evil by restraining it.
When Set fell from grace in the Egyptian pantheon, as a result of being favoured by the (xenophobically) hated Hyksos rulers, he gradually took over the position of Apep, as the god of evil. With this change away from Apep, Taweret became seen only as the concubine of Set. She was seen as concubine rather than wife, as Set already was married to the extremely different goddess, Nephthys, to whom no parallels could be drawn. It then was said that Taweret had been an evil goddess, but changed her ways and held Set back on a chain.
As the goddess of motherhood, Taweret was eventually assimilated into the identity of Mut, the great-mother goddess.
E tudo isso só com a aparição de uma imagem, hehehe.
O resto do episódio foi de Sawyer – e de seu intérprete, Josh Holloway. Com roteiro escrito para explorar as melhores qualidades do ator, LeFleur foi uma homenagem da série ao ator e ao personagem, dando-lhe finalmente a oportunidade de renascimento que tanto buscava. O episódio ainda apresentou mais uma personagem (fãs de 24 Horas sorriem) e colocou mais um parto na contagem de 2009 (é o quinto?). Ao mesmo tempo, introduziu ao segundo ato da terceira temporada, que diz respeito especialmente à Iniciativa Dharma. Se vai ser o assunto dominante até o final desta etapa, não sabemos – mas é fato que os próximos episódios finalmente responderão às clássicas perguntas do segundo escalão sobre a série, que dizem respeito à Dharma. Não aprenderemos nenhuma novidade sobre a ilha em si, mas sim sobre quem pode estudá-la durante os anos 70. E o episódio fechou com um grande momento da tag “novela das oito” do seriado – o misto de paixão e negação que permeia os dramas românticos de Lost.
Pra finalizar, voltou ao Vítor, que, no início de seu comentário, faz a seguinte ressalva:
Acho que o mais legal é fazer compilações de informações concretas que foram passadas no seriado (e que passam desapercebidas), e deixar sempre as teorias e afins para a galera discutir nos comentários.
Com certeza. O meio é a mensagem.
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Mais quinta temporada de Lost: