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Cubo Kubrick

Do Quartetofour.

Mais cinema minimal

O designer Brandon Schaefer segue uma linha parecida com a do minimalista espanhol Hexagonall – e ambos pertencem a uma cena global de remixadores visuais do inconsciente coletivo que, através do design, relêem o século 20 e o começo deste 21 com perspectivas bem além dos clichês que os cercam. Nessa mesma linha, vale conferir o Supertrunfo de fontes do Face 37, os livros-game de Olly Moss, os filmes de papel do Spacesick, os pôsteres do polonês Grzegorz Domaradzkis, o Tarantino do canadense Ibraheem Youssef, a filosofia pop do Mico Toledo e os super-heróis pulp de Steve Finch. E estes são apenas alguns dos que republiquei por aqui. Há muito mais.

Lolita

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Lolita (Lolita, 1962, Inglaterra/EUA). Dir: Stanley Kubrick. Elenco: James Mason, Shelley Winters, Sue Lyon, Peter Sellers. 152 min. P&B. Por que ver: Nenhuma adaptação de livro feita por Kubrick é fiel ao original e esta é a graça – embora Lolita seja a peça que mais se aproxime da obra original. Mas com Kubrick, Humbert Humbert (Mason) é uma alma penada num corpo de um adulto, assombrada pelo fantasma do próprio desejo, o pequeno demônio de 14 anos que batiza o filme e o livro de Nabokov. É ela quem o faz decidir alugar um quarto em uma casa de família, ao assistir à pequena filha da proprietária chupar um pirulito enquanto toma banho de sol no quintal – numa cena atordoante de tão bela. A partir daí, o protagonista embala numa espiral de instinto puro, que torna-se desespero crescente fundado sobre a culpa. Tempere isso com uma Shelley Winters fenomenal e um Peter Sellers arrogante e preciso, em um de seus grandes – e subestimados – papéis. Fique atento: A fotografia em preto e branco torna o tema mais denso e sério a cada passagem – e o elenco, afiadíssimo, gira em torno de Sue Lyon, a alma, o coração e a força sexual do filme. Não é pouco, para uma atriz de apenas treze anos.