Entrevistei, para a revista Trip, o mestre produtor Pena Schmidt, que, no início do ano, reuniu as melhores listas de melhores discos do ano passado na #listadaslistas, que chega a uma conclusão surpreendente:
A ausência de artistas pop de grande escala diz o que sobre esta lista e a situação da música brasileira hoje?
Esse é meu ponto exatamente. Na verdade existe um mercado exacerbado, aparentemente dominado por um estilos musicais absolutamente genéricos, de fórmula repetitiva, com artistas de alto poder de atração de público para grandes eventos em estádios, rodeios e festas, personalidades criadas por alto volume de execução em rádios e playlists, resultado de ações promocionais, popularidade comprada. Este mercado “não-criativo” é incentivado por um mecanismo perverso da distribuição do Ecad (entidade arrecadadora de direitos autorais), que favorece exatamente quem frequenta este ambiente de audiência de massa, comprável. Pode ser dito que uma porcentagem muito grande do dinheiro que circula na música no pais, dezenas de bilhões, circula apenas neste mercado tóxico. Para mim, o fato mais importante revelado pela #listadaslistas é a ausencia de artistas ditos comerciais. Para não dizer que os dados são viciados, temos Pabllo Vitar, um artista de altíssima popularidade presente e na vigésima terceira posição – apenas ela. Dá para se afirmar com segurança que ele apesar de ser um artista popular não faz parte deste mercado comercial mencionado, sendo talvez o único artista pop, no sentido de ter um público de massa representado na #listadaslistas. Anitta, outra artista que poderia ter características parecidas não conseguiu dez recomendações, até por não ter disco lançado em 2017, pois, me parece, vive de singles. O grande mercado é formado por artistas que não representam a música brasileira. A #listadaslistas e seus artistas recomendados vem propor que estes são os artistas que nos representam.
A íntegra da entrevista você lê no site da Trip.