Poizé, não bastasse todo o resto, agora abasteço um blog no Link. E esse blog eu vou linkar menos aqui.
Lá do blog novo do Gustavo.
Sábias palavras linkadas via blog da Ana.
• O que já dá para saber sobre o iPad • E o ‘Cidadão Kane’ das mídias digitais? • A estratégia alucinada por trás do tablet de Jobs • Campus Party: pessoas ‘comuns’ vão lá ver ‘qual é’ • Temas importantes vistos de um lado só • Kevin Mitnick: quando um hacker torna-se popstar • Lost: Dois homens e um Segredo – entrevista exclusiva com Damon Lindelof e Carlton Cuse • Universo expandido de Lost • O entretenimento do futuro nasce com o fim de Lost • Vida Digital: Psicopatas, clã de legendadores de Lost •
Textinho que escrevi hoje no Link impresso.
O entretenimento do futuro nasce com o fim de ‘Lost’
A primeira década do século 21 assistiu a mudanças drásticas no que diz respeito à cultura – principalmente devido à dominância digital que marcou estes anos. Não houve mídia ou gênero que não fosse abalado por este impacto. E mesmo com dois formatos do século anterior vivendo dias de ouro (quadrinhos e games atingiram um patamar de excelência inédito), nenhuma obra soube lidar melhor com a cultura digital – e de forma mais ampla – do um certo seriado sobre os sobreviventes da queda de um avião em uma ilha maluca.
Num mundo cada vez mais dividido em dualidades – velho/novo, digital/analógico, online/offline -, Lost preferiu apostar nas duas alternativas ao mesmo tempo. É uma série comercial com ares de culto. Aborda mistérios científicos e espirituais, as diferenças entre destino e livre arbítrio, física e filosofia, pais e filhos, passado e futuro.
Tais oposições, na verdade, partem de um conceito descrito pelo criador da série J.J. Abrams, que ele expande para todas suas outras obras: ele quer dar classe A à “cultura B” – de nicho, quase sempre produzida com pouco orçamento e, por isso mesmo, mais ousada que a comercial.
Assim, Lost é, ao mesmo tempo, programa de sucesso e objeto de culto, novelinha emotiva e complexa saga de ficção científica, mainstream e nerd.
Esta ambivalência não fica só na tela – e aí que Lost desequilibra. Mesmo com séries de TV bem melhores que ela produzidas no mesmo período (Sopranos, The Office, Battlestar Galactica), Lost desempata ao trazer sua dualidade para fora da tela – e incluir o fã na história.
Não como nos games, em que você assume a pele do protagonista, nem como na web 2.0, em que você cria uma identidade digital a partir do que posta online. Ela apresenta a opção ao telespectador: você quer apenas assistir um programa de TV ou mergulhar num universo que expande-se online no fim de cada episódio?
Enquanto não surge um aparelho que possa romper as barreiras entre nova e velha mídia (o iPad de Steve Jobs tenta abrir este meio-termo, leia na página L7), Lost é o melhor exemplo de integração de duas culturas que ainda caminham separadas mas que tendem a virar uma só. Se é apenas um rascunho que vamos assistir daqui para frente ou já o primeiro capítulo de uma nova cultura, cabe ao futuro nos dizer.
Mas eu quero saber mesmo é o que aconteceu com os personagens depois do clarão no último episódio…
Olha essa pérola que a Ana encontrou: uma banda japonesa de pagode cantado em português.
Textinho meu no site do Link de hoje.
Apple pode mudar tudo hoje – de novo
Anúncio do novo tablet que acontece em São Francisco às 15h de Brasília pode matar o Kindle e criar um iPod das letras
“É verdade… Estou testando o tablet da Apple pelas últimas duas semanas e ele é impressionante“.
O silêncio já vinha sendo quebrado desde antes do fim do ano, quando apenas rumores sobre um anúncio que seria feito pela Apple no início de 2010 fizeram as ações da empresa saltar, e à medida em que janeiro passava, surgiam ainda mais notícias e novidades relacionadas a mais um produto da empresa de Steve Jobs, cujo anúncio ocorre nesta quarta-feira, em São Francisco, nos EUA, a partir das 15h (em Brasília). Até que o blogueiro e empreendedor Jason Calacanis começou a twittar na madrugada desta quarta-feira, 27:
“A melhor parte do tablet é um sintonizador de TV digital com gravador de vídeo – além de um jogo de xadrez“, “o tablet da Apple é realmente impressionante para jornais. A videoconferência é super estável, mas nada novo“, “o preço será entre US$ 599, 699 e 799 depenendo do tamanho e da memória no tablet. Ele também tem um teclado sem fio e conexão do monitor para a TV“, “sim @HappyDrew, o tablet da Apple tem um sistema operacional parecido com o do iPhone com a possibilidade de manter múltiplos aplicativos rodando simultaneamente“, “ele conta com duas câmeras: uma na frente e outra nas costas (ou pode ser apenas uma lente dupla), assim ele grava tanto você quanto o que está à sua frente“, “os games do tablet da Apple são ótimos. Do nível de inovação da Nintendo. O aplicativo para o Farmville é insano. Mark Pincus (dono da Zynga, criador do Farmville) fará uma demonstração do aplicativo amanhã“.
São muitas novidades. Ao que parece, o novo dispositivo da Apple não será meramente um “iPhonão” como previsto – não é apenas um dispositivo que permite acessar a web como conhecemos hoje de forma menos espremida do que no celular. Também não parece ser só um meio termo entre o netbook e o smartphone, um aparelho que permite conectar-se à internet de forma prática e de qualquer lugar. Pelos relatos e rumores que já surgiram, especula-se que o território que a Apple quer desbravar não é apenas o da interação e conectividade, mas também o de conteúdo e entretenimento. Especula-se que o novo dispositivo da Apple venha elevar o conceito proposto pelo Kindle – o leitor eletrônico 1.0 – a um nível sequer sonhado pelo dispositivo da Amazon – aí sim, multimídia, interativo e diferente de tudo que já foi visto antes.
O que se espera é que a Apple lance o que a Amazon parecia ter lançado: um iPod das letras. E não apenas dos livros, como o Kindle. Mas que abranja para além do mercado livreiro, o editorial como um todo, incluindo não apenas jornais e revistas, mas provedores de conteúdo online e, em última instância, até blogs. Mais do que isso: o dispositivo, se for tudo o que promete, pode integrar de vez conteúdo multimídia ao texto, provocando um terceiro salto evolutivo em uma série de tecnologias que estão mudando nossa relação com o conteúdo. Primeiro veio a web, que tornou possível livro, jornal, TV, música, telefone, rádio e cinema num mesmo ambiente, ainda que primitivo. Depois veio a web móvel, que reempacotou tudo isso em nosso bolso – e em que a Apple foi capital (primeiro com o iPod, depois com o iPhone). E é possível que estejamos às vésperas de um salto ainda maior, que torne nossa relação com a web móvel tão corriqueira e natural quanto o manusear de uma revista ou de um jornal e nos livre, de vez, do computador.
No final de uma matéria de segunda-feira no LA Times em que o jornal detalhava os acordos que algumas empresas (como a editora Conde Nasté e o jornal New York Times) vinham fazendo com a Apple em relação ao novo tablet, o analista do Instituto Gartner Allen Weiner explicava que haveria muita tentativa e erro antes que os editores tradicionais descubram o que fazer com suas edições digitais.
“Ninguém vai comprar um tablet para ler e-books. O Sony Reader mais barato custa 199 dólares e é ótimo para ler livros. Mas onde está a oportunidade? Está em criar experiências de leituras. É colocar vídeos e atualizações feitas pelo autor em um livro de culinária. É uma oportunidade porque você pode cobrar algo extra por isso”.
O que nos leva a um post de setembro do ano passado do Fake Steve Jobs, o blogueiro que posta como se fosse o fundador da Apple falando sem papas na língua (mas que na verdade é o jornalista David Lyons), quando a especulação sobre o tablet já existia. Ele começa citando outro blog, o Gizmodo:
“O Brian Lam do Gizmodo dá uma dica esta manhã, mas vale uma explicação mais profunda. Uma pequena dica: não é sobre tecnologia. Eis o trecho do artigo de Lam sobre como ele acha que nós estamos querendo reinventar jornais, livros e revistas:
‘O objetivo final é fazer com que editores criem conteúdo híbrido que tenha áudio, vídeo e gráficos interativos em livros, revistas e jornais, onde o layout no papel é estático. Com as datas de lançamento do Courier da Microsoft ainda à distância (a MS apresentou seu tablet na CES deste mês, o Slate) e o Kindle preso à tinta eletrônica relativamente estática, parece que a Apple está se movendo rumo à liderança na distribuição da próxima geração de conteúdo impresso (…)’
O itálico em ‘conteúdo híbrido’ é meu. Pois aí está o ponto central. E é isso que Brian acerta quando ele fala sobre ‘redefinir’ jornais e outros produtos feitos de árvores mortas.
Novas tecnologias abrem novas formas de contar histórias. Eis o que é verdadeiramente excitante aqui. Não é o tablet, mas o que ele significa para as notícias, para o entretenimento, para a literatura. Sacou? É isso que o Tchekov queria dizer quando falava que o meio é a mensagem. E é por isso que o tablet é tão profundo.
Não faz sentido mudar para e-readers se formos fazer só o que já fazemos em papel. É por isso que o Kindle é tão ruim. Eles só abriram a picada. E é por isso que seguramos o nosso tablet – não porque não tínhamos a tecnologia, mas porque quem lida com conteúdo é tão devagar que eles não conseguem criar algo que valha a pena ser colocado no tablet.
É impressionante como poucos grandes nomes do mercado editorial realmente entendem isso. Nós convidamos alguns deles para reuniões e enquanto estávamos conversando, nós meio que passávamos um pequeno questionário para eles resumido em uma única pergunta: para onde você acha que o mercado editorial irá? A maioria deles não conseguia pensar em outra coisa a não ser no que já vinham fazendo no passado. Para eles é só um detalhe, uma pequena mudancinha em seus negócios, como os jornais deixando de ser preto e branco para ganhar cores ou mudando de formato, por exemplo.
Mas não tem nada a ver com isso. Estamos falando de uma forma completamente nova de transmitir informação, uma que incorpore elementos dinâmicos (áudio e vídeo) com estáticos (texto e fotos) mais a habilidade para o ‘público’ se tornar criador, não apenas consumidor.
O engraçado é que os caras do mercado editorial se consideram do lado ‘criativo’ do negócio, mesmo que eles não tenham visão alguma. Para eles, nós que lidamos com tecnologia somos um bando de parasitas. E se perguntam porque, em plena era digital, somos nós quem estamos colhendo a recompensa financeira.
Minha aposta é que o conteúdo verdadeiramente revolucionário não virá dos editores de velha guarda. Virá dos novos, dos moleques que cresceram no digital. Esta noção de fundir elementos é natural para eles. E em algum lugar há um gênio esperando ser descoberto – o Orson Welles da mídia digital, alguém que irá criar uma linguagem completamente nova para contar histórias. Se você estiver lendo isso, Orson Jr., entre em contato. Temos algo que queremos mostrar para você”
Pode ser ficção, pode vir em tom de piada, pode ser ríspido em vários trechos (e eu peguei leve na tradução), mas o fato é que as considerações do Steve Jobs de mentira têm um efeito profundo à luz do que a Apple de verdade pode anunciar mais tarde.
O Link hoje: Filipe, Rafa, Helô, Fred, Jô, Ana, eu, Fernando e Tati
Não é por nada, não, mas essa turma aí em cima é, fácil, a melhor equipe com quem já trabalhei. Desde que assumi a edição do Link em maio do ano passado comecei a mexer no time com quem já trabalhava e, aos poucos, fui conseguindo juntar as cabeças que compõem o time atual que é, sem falsa modéstia, plis, o melhor caderno de tecnologia do Brasil. A escalação, no entanto, não veio toda da minha cabeça – Heloísa Lupinacci, ex-Folha, apareceu quase por acaso para formar a melhor dupla profissional de que já fiz parte, como para me ajudar a dar a cara atual do Link. Formada em moda e com interesses tão díspares quanto luta livre mexicana e o parque de Coney Island em Nova York, Helô não demorou muito para entrar no esquema do Link e retomou os videogames (graças ao DS) e até abriu um blog. A Tati eu trouxe da Istoé, onde ela já cobria tecnologia, mas conheci seu trabalho porque ela foi da minha equipe no Trama Universitário – e eu acompanhei de leve os bastidores de seu livro-reportagem sobre a psicodelia brasileira, que também virou blog. O Fred é compadre de velha data, padrinho do Vida Fodona, capo do Fubap e mais do que escolado nos assuntos que dizem respeito ao caderno. Filipe e Jô seguem firmes desde a gestão anterior: o primeiro eu conheci ainda estagiário e hoje é fácil um dos jornalistas que mais entendem de celular no Brasil e o segundo é velho de guerra, com passagens por revistas de games e pela clássica Geek, concorrente da Play que eu editava na Conrad, e protagonista de um dos primeiros vídeos trash da web brasileira, o Redação Shaolin. A Ana, do Olhômetro, até que tentou mas não conseguiu escapar do Link e eu a sequestrei como estagiária do portal do Estadão antes que ela saísse batendo suas asinhas para longe do bairro do Limão, onde todos batemos ponto. Fechando a turma, a dupla Rafael e Fernando será reforçada com mais um nome para nossa equipe de estagiários, que escolheremos em breve. É bem bom trabalhar com gente assim.
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