Kubrick: Um estudo em vermelho

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O designer norte-americano Rishi Kaneria resolveu celebrar sua devoção pelo uso de cores no cinema ao fazer esse curta – mas direta – edição com diferentes usos do vermelho na cinematografia de Stanley Kubrick:

“Kubrick sempre usou a cor vermelha com grande efeito – não apenas em atmosferas, mas também pelo fato de vários significados diferentes para o vermelho ecoarem com os temas de seus filmes. Os muitos significados de vermelho incluem: morte, sangue, perigo, raiva, energia, guerra, força, poder, determinação… mas também paixão, desejo, amor e sexo. Todos temas proeminentes na obra de Kubrick. Mas ainda mais importante é a forma como a própria natureza dúbia do vermelho (o fato de poder significar raiva mas também amor) funciona dentro do grande tema Jungiano de todos os filmes de Kubrick, que é a noção de dualidade: sexo e violência, nascimento e morte, guerra e paz, medo e desejo…”

Veja só:

2001 via Ridley Scott

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Não bastasse Ridley Scott revisitar os próprios clássicos a ponto de forjar um prequel pra Alien e cogitar uma continuação para Blade Runner, agora ele começa a avançar sobre os clássicos alheios.

É o que diz o site SlashFilm, que confirmou a produção do diretor junto ao canal SyFy para transformar o livro 3001 – A Odisséia Final, de Arthur C. Clarke, em um seriado de TV. Sim, Ridley Scott invadirá a mitologia de Kubrick em busca de audiência para a televisão. O livro é o quarto volume que Arthur C. Clarke dedicou à odisséia que começou em 2001, continuou em 2010 e esticou-se até 2061. No quarto livro da série, vamos mil anos além do encontro da humanidade com o enigmático obelisco espacial e o reencontro com o astronauta Frank Poole, tido como morto desde então. A descrição do universo deste livro, via Wikipedia, dá margem para muita superprodução:

Algumas de suas características notáveis incluem o BrainCap, uma tecnologia de interface cérebro-computador; dinossauros-servos geneticamente construídos; um porto espacial e quatro gigantescos elevadores espaciais localizados uniformemente ao redor da linha do Equador. Os seres humanos também colonizaram as luas de Júpiter Ganímedes e Calisto. TMA-1, o monolito negro encontrado na Lua em 1999, foi trazido para a Terra em 2006 e instalado em frente ao prédio das Nações Unidas em Nova York.

Agora se isso é bom ou ruim…

Simpsons + Kubrick

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E o 25° episódio da Treehouse of Horror dos Simpsons teve uma homenagem daquelas a Stanley Kubrick. O blog Vulture descolou um trecho:

E ainda tem quem diga que os Simpsons pioraram com o tempo… Francamente…

4:20

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Stanley Kubrick entre nós

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Começou hoje no MIS a exposição Stanley Kubrick, que já passou por cidades européias e norte-americanas reunindo parte considerável do acervo do maior diretor de todos os tempos. Conversei com a viúva de Stanley, Christiane Kubrick, na edição atual da Galileu.

Dentro da cabeça de Kubrick
Exposição definitiva sobre gênio autor de clássicos como 2001, O Iluminado e Dr. Fantástico chega ao Brasil

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JÚPITER E ALÉM: Stanley Kubrick em um dos cenários da obra-prima 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968)

O excesso de detalhismo do diretor Stanley Kubrick (1929-1999) em suas produções é tão célebre quanto suas obras-primas. Ele experimentava novidades técnicas com a mesma obsessão que se aprofundava nos temas que queria abordar. Ele fez a atriz Shelley Duvall repetir a mesma cena 127 vezes nas gravações de O Iluminado (1980), para que ela atingisse o nível de desespero que havia imaginado na atuação. Estudou combinações de lentes e câmeras para filmar cenas apenas à luz de velas em Barry Lyndon (1975).

São feitos míticos e ousadias de produção que, ao lado de filmes que sempre entram nas listas de melhores de todos os tempos, o transformaram em uma das personalidades mais complexas da história do cinema. Seu acervo póstumo é uma coleção infindável de caixas que, em 2004, foram transformadas na exposição definitiva sobre o trabalho do diretor. Chamada apenas de Stanley Kubrick, ela já passou por várias cidades europeias e chega ao Brasil a partir de 11 de outubro, ficando em cartaz até o dia 12 de janeiro do ano que vem no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo.

A exposição foi organizada pelo alemão Hans-Peter Reichmann com o aval da viúva de Kubrick, Christiane, que conversou com GALILEU por e-mail. “Tive receio no início, mas Hans-Peter Reichmann, do Instituto de Cinema de Frankfurt, me convenceu que a enorme quantidade de material de Stanley foi guardada para um propósito”, explica a ex-atriz, que Kubrick conheceu nas gravações de Glória Feita de Sangue.

“A maior dificuldade foi decidir o que ficaria de fora”, continua a senhora Kubrick. “Seria ótimo mostrar a técnica de projeção de frente que foi usada na sequência A Aurora do Homem, em 2001 — Uma Odisseia no Espaço, em escala original, desenvolvida pelo próprio Stanley, mas isto exigiria muito espaço e dinheiro.” Além dos materiais dos filmes — que incluem o boneco-bebê usado em 2001, a maquete da sala de guerra de Dr. Fantástico e o figurino de Laranja Mecânica, entre outras joias —, a exposição ainda trará parte da pesquisa de Kubrick para filmes que não realizou, como Arian Papers, Napoleon e Artificial Intelligence. O MIS também planeja exibir os clássicos de Kubrick enquanto a exposição estiver em cartaz.

Abaixo, algumas fotos da abertura da exposição e o microvídeo que fiz quando pude ver a mostra em Paris.

 

4:20

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O primeiro computador a cantar “Daisy Bell” não foi HAL 9000

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Na verdade, a cena clássica de 2001 foi inspirada num acontecimento real em 1961, quando os programadores John Kelly, Carol Lockbaum e Max Mathews botaram um velho IBM 7094 para cantar a música composta por Harry Dacre em 1892. Eis a versão original da primeira vez que um computador cantou.

 

Red Room 237: O quarto de David Lynch no hotel de Stanley Kubrick

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Um mashup genial feito pelo Jared Lyon, criador do Twin Peaks Fest. Vi no Fuck Yeah Dementia, dica do Jader.

Dr. Strangelove’s Secret Uses of Uranus

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Quando começou a pensar em como chamaria seu novo filme, no início dos anos 60, o diretor Stanley Kubrick e os escritores Peter George (autor do livro Red Alert, que serviu como base para o novo filme) Terry Southern decidiram que o ainda não batizado Dr. Fantástico deveria ter um subtítulo longo, como era moda entre os livros lançados àquela época (How to Stop Worrying and Start Living, Everything You Always Wanted to Know About Sex (But Were Afraid to Ask) ou How to Succeed in Business Without Really Trying). E o blog Endpaper achou essa página em que Kubrick, num brainstorm solitário, cogitou inúmeras variáveis para o que depois culminaria no épico How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb.

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Veja abaixo os subtítulos sugeridos:

 

O Labirinto de Kubrick – A arquitetura impossível de O Iluminado

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Ainda sobre O Iluminado, vale ver e ouvir o bom e velho Rob Ager demonstrar por que a arquitetura do Overlook Hotel é impossível espacialmente falando. Ele compara takes diferentes de cenas que acontecem no mesmo lugar para mostrar que há portas que não fecham cômodos nenhum, como Kubrick troca a câmera de lado apenas para confundir o espectador, detalha janelas e quartos que não existem, a dúbia localização do salão de bailes e a estranha dimensão do labirinto exterior. Assista abaixo: