Ao anunciar que fariam uma noite mais voltada às canções nesta segunda-feira, dentro de sua temporada 4A no Centro da Terra, a dupla carioca Kartas – formada por Marcela Mara e Zozio e sempre acompanhada por Guilherme Paz e Karin Santa Rosa – apenas estabelecia pontos mais formais e fechados de trocas de andamento, às vezes até subitamente. Na apresentação com a qual abriram a cena, foram acompanhados pelos efeitos do Pacola e do Berna, cada um deles num canto do palco disparando efeitos e ruídos que serviam como texturas para as bordoadas rítmicas do quarteto central, que além de entregar-se ao ritmo robótico e repetitivo por várias vezes, seguiam trocando de instrumentos como nas outras segundas-feiras, acompanhados por timbres específicos quase sempre presentes – a rabeca de Bruno Trchmnn e o trompete piccoli de Marcos Campello, que apareceu em cima da hora sem ser anunciado. Única voz nesta apresentação, Mara ainda teve um momento solo de tirar o fôlego, acelerando átomos nas cabeças de todos os presentes. E eles anunciaram que, na próxima, terão algumas surpresas… Estejam avisados.
#kartasnocentrodaterra #kartas #centrodaterra #centrodaterra2025 #trabalhosujo2025shows 143
Outra segunda-feira com os Kartas no Centro da Terra e de novo entramos num território desconhecido, desta vez selvático e silvestre, com o grupo invocando características caóticas da natureza entre chocalhos, tambores, apitos e corpos em movimento, que começaram a noite com entrada de Herika Reis Kohl e Nova Buttler em tríade com a vocalista Marcela Mara. À medida em que adentrávamos no abismo percussivo, aos poucos revelava-se a voz e o berimbau de Paola Ribeiro, o pulso e timbres de Cacá Amaral e Paula Rebellato e o sopro de Eldra, acompanhando o quarteto central – Mara, Zozio, Guilherme Paz e Karin Santa Rosa (além da pequena Cora, sempre à espreita) – que dividiram-se entre batuques e guizos, baixo e rabeca, tambores e pratos, sempre abrindo clareiras mentais no breu cênico lindamente iluminado por Mau Schramm e interrompido uma única vez, com a entrada autoritária do drone ambient ativado pela instalação sonora de Gustavo Torres, num ótimo contraponto às fronteiras “indomesticáveis”, como repetia Mara na parte final, que tomaram conta da noite.
#kartasnocentrodaterra #kartas #centrodaterra #centrodaterra2025 #trabalhosujo2025shows 138
A imersão começou. Com a primeira apresentação do Kartas em sua temporada 4A no Centro da Terra, a dupla carioca formada pela poeta Marcela Mara e pelo baterista Zozio, que desta vez vem acompanhada do tecladista Guilherme Paz e da baixista Karin Santa Rosa, fez o público entrar em um universo de texto e música que abraça tanto o improviso quanto a poesia falada, resvalando no free jazz, no canto livre, no noise, em sons da natureza e no ambient enquanto projetavam imagens no fundo do palco, lentamente hipnotizando os presentes rumo a um túnel de som e sentido que ainda contou com a guitarra frenética de Marcos Campello (que por vezes tocava trompete), o teclado frito de Negro Leo, o discurso dedo na cara de Siddhartha Animaina e o trompete de Talita de Jesus, convidados que entraram em momentos distintos da apresentação e, aos poucos, povoaram o palco ao mesmo tempo para um final de transe extático. Uma noite de tirar o fôlego que é só o começo de um mês de viagens ainda mais intensas.
#kartasnocentrodaterra #kartas #centrodaterra #centrodaterra2025 #trabalhosujo2025shows 128
Começamos o segundo semestre de 2025 no Centro da Terra mergulhando no universo multidisciplinar dos cariocas Kartas, que completam dez anos em atividade fundindo ruído e texto na temporada 4A, que toma conta do teatro em todas as segundas-feiras de julho. Formado pela dupla Marcela Mara e Zozio, o Kartas vem acompanhado de Guilherme Paz e Karin Santa Rosa, que engrossam o caldo sonoro e textual das apresentações que, a cada nova semana, recebem diferentes convidados. As atividades começam neste dia 7, quando incluem Negro Leo (na vitrola e teclado), Marcos Campello (no trompete e guitarra), Siddhartha Animaina (na voz e eletrônicos) e Talita de Jesus (no trompete) na formação. Na próxima segunda, dia 14, é a vez de receber Paola Ribeiro (na voz e berimbau), Cacá Amaral (bateria), Paula Rebellato (no tambor, voz, pedais e teclado), Eldra (no trompete), Gustavo Torres (fazendo uma instalação sonora), além de receber os performers Herik Reis Kohl, Pedro Gutman e Nova Buttler. A terceira segunda, dia 22, tem como convidados TudoLiga NadaFunciona AKA Pacola (teclado, vitrola, monotribe e efeitos), Bernardo Pacheco (processamentos sonoros) e Bruno Trchmnn (rabeca), e na última segunda do mês, dia 28, os Kartas recebem Romulo Alexis (trompete), Bernardo Pacheco (processamento sonoro e guitarra), Rômulo França (saxofone alto), Clóvis Cosmo (flauta transversal), Rayra Pereira (eletrônicos), além das performances dos SVSTVS. Os espetáculos começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
#kartasnocentrodaterra #kartas #centrodaterra #centrodaterra2025
Junho está chegando ao fim, hora de anunciar quem tocará no palco do Centro da Terra no mês de julho. As segundas-feiras ficam a cargo da dupla carioca Kartas, em que Marcela Mara e Zozio, acompanhados por Guilherme Paz e Karin Santa Rosa, aproveitam a temporada paulistana para encontrar no palco chapas que por aqui estão e comemorar uma década fundindo som e palavra . A temporada 4A começa dia 7 com as presenças de Negro Leo (na vitrola e teclado), Marcos Campello (no trompete e guitarra), Siddhartha Animaina (na voz e eletrônicos) e Talita de Jesus (no trompete). Na segunda seguinte, dia 14, a dupla recebe os músicos Paola Ribeiro (na voz e berimbau), Cacá Amaral (bateria), Paula Rebellato (no tambor, voz, pedais e teclado), Eldra (no trompete), Gustavo Torres (fazendo uma instalação sonora), além de receber os performers Herik Reis Kohl, Pedro Gutman e Nova Buttler. Na terceira segunda-feira, dia 21, os convidados são TudoLiga NadaFunciona AKA Pacola (tocando teclado, vitrola, monotribe e efeitos), Bernardo Pacheco (fazendo processamento sonoro) e Bruno Trchmnn (tocando rabeca). A temporada encerra dia 28 com os músicos Romulo Alexis (trompete), Bernardo Pacheco (processamento sonoro e guitarra), Rômulo França (saxofone alto), Clóvis Cosmo (flauta transversal), Rayra Pereira (eletrônicos), além das performances dos SVSTVS. Mas o mês começa na primeira terça-feira, dia 1º, quando o guitarrista paulistano Rainer Pappon traz seu grupo de surf music pós-punk Ippon, antecipando o disco que lançarão no segundo semestre no espetáculo A Prévia do Ippon. Na terça seguinte, dia 8, temos o prazer de receber o mestre carioca Marcos Suzano, que apresenta seu espetáculo Suzano San Duo ao lado de Guilherme Gê, que fica nos teclados e synthbass enquanto o percussionista passeia por modalidades clássicas (como berimbau e pandeiro) e eletrônicas (HandSonic e ATV aFrame) de seus instrumentos. No dia 15 é a vez do guitarrista paranaense Vitor Wutzki, que musica poemas de Adélia Prado, Angélica Freitas, Nanao Sakaki e Rilke em canções inéditas que estão gravadas na pasta Meus Documentos, do seu computador, que acaba por batizar o espetáculo, que apresenta ao lado de Gabriel Edé (baixo), Tomás Gleiser (teclado) e Bruno Iasi (bateria e eletrônicos). Na semana seguinte, dia 22, recebemos a dupla formada pelo autor, o poeta César Obeid e a educadora e compositora Branca Brener, que transformam ao vivo um livro de Obeid no espetáculo Canções para a Paz, acompanhados de Daniel Szafran (teclados, guitarras, violões, baixo e acordeon) e Vicente Falek (teclados, flauta, viola caipira, percussão e acordeon). A programação musical do mês termina no dia 29, quando a dupla de hip hop experimental Kim e Dramma apresentam o espetáculo inédito Nodo, inspirado no aniversário de um ano de seu disco de estreia, No Ombro Dos Outros, além de canções inéditas em que são acompanhados por uma banda formada por Valentim Frateschi (baixo), Caio Colasante (guitarra), Eduardo Barco (teclados) e Leandro Serizo (vocal e sanfona). Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
#centrodaterra2025
Voltando de carro de um show de São Paulo, em fevereiro do ano passado, o Oruã, do herói indie Lê Almeida, passou por Piraí, no interior do Rio de Janeiro, e finalmente realizou um encontro que vinha adiando há tempos – um dia de improviso com a dupla Kartas, velha conhecida da banda. Depois de mais de um ano debruçado sobre as fitas daquele encontro, Lê finalmente lança o registro daquele dia, batizado de Conjugations, em primeira mão no Trabalho Sujo.
“Nos meses que antecederam essa gravação, a gente fazia intensas tours de carro com o Oruã – fomos até Natal, Goiânia e até o Uruguai – e em todas as vezes que passávamos por Piraí eu combinava de parar pela casa do Zozio e da Marcela, que tocam o Kartas. Me identifico muito com eles, não só musicalmente como artisticamente e na amizade”, lembra Lê. “Mas nunca rolava, porque as viagens eram sempre corridas. Mas nessa viagem especifica pra São Paulo, em fevereiro de 2019, o carro do Vini que sempre usávamos emprestado estava com a documentação atrasada e em cima da hora de viajar eu optei por trocar pelo carro do meu pai, sabendo que ele era mais velho e nunca tinha feito uma viagem desse porte e totalmente cheio.”
“Nós chegamos em cima da hora de tocar, recebemos uma multa por parar em lugar indevido, mas fora isso tudo correu bem”, Lê continua. “Em todas as viagens que fazíamos sempre viajava alguns amigos além de nós três e nessa viagem foi o David e o Bigú. O Bigú ficou lá em SP e trouxemos a Laura na volta. Chegamos num domingo à noite em Piraí e na segunda de manhã começamos a montar um esquema totalmente diferente de gravação do que costumávamos fazer, ao invés de gravarmos os instrumentos, gravamos o som da sala, posicionando os mics em lugares específicos.”
O encontro mistura o spoken word da vocalista Marcela com o improviso noise de uma formação diferente da que o Oruã costuma tocar, principalmente com a entrada do segundo Kartas, Zozio, na formação instrumental. “A Marcela canta, eu toco guitarra, Phill toca uma das baterias, Zozio toca a outra e alguns circuit bend, João Luiz toca o baixo e o David toca algumas percussões”, lembra Lê. “Tudo foi gravado num mesmo dia, mas em momentos diferentes, pela manhã, a tarde e a noite. As letras da Marcela guiaram muitos movimentos e algumas coisas a gente ia formando caminho”, continua.
“Foi um dia inteiro de improvisos, combinações de temas, banhos de piscina e muita troca de idéia”, ele prossegue. “Durante esse dia o pai da Marcela iria fazer uma cirurgia e o meu faria um ano de morto dali um pouco mais de um mês, as nossas energias harmonizavam em algum lugar.” Lê diz que a ideia não era criar uma banda nova, embora houvesse a possibilidade de repetir o encontro ao vivo, a partir de uma turnê com as duas bandas. “Agora nosso mundo já é outro”, explica, lembrando que sua casa de shows no Rio de Janeiro, o Escritório, segue fechado por conta da pandemia. “Nosso último evento, que seria a volta acabou, sendo o último. Ele continua depois da pandemia, fizemos um acordo no aluguel e vamos passar a soltar uns discos ao vivos gravados lá no bandcamp e vez ou outras vamos passar a soltar umas playlist no spotify e no mixcloud.”