O blog de Juliana Cunha – o já clássico Já Matei por Menos – virou livro, com a bela capa abaixo:
Nem lembro como ou quando conheci Juliana. E quando Thiago e João, da editora Lote 42 (que transformou o blog num volume impresso), me chamaram pra falar sobre o trabalho de Juliana num vídeo, a pergunta sobre a primeira vez era inevitável, mas não consegui registrar um ponto preciso. E nem é por falha memória, já que costumo guardar bem esse tipo de detalhe. Mas personalidades online, como a maioria do conteúdo que usa a internet como plataforma (sejam páginas no Facebook, perfis no Twitter, contas no YouTube ou blogs), chegam aos poucos e, quando você menos percebe, entram na sua rotina e dependendo do tom da abordagem, ele pode tornar desconhecidos em familiares em questão de dias. Certamente a conheci online – antes de saber que ela era baiana, jornalista, morava em São Paulo e tinha um cachorro chamado Palito. Não lembro se foi em seu blog, se ela comentou algo que escrevi ou se twittou algo de um jeito que me chamou atenção. Mas em pouco tempo virei leitor. No video abaixo, ela fala sobre o próprio trabalho:
E mais abaixo, eu e Dani falamos sobre o trabalho dela:
Aproveitando o gancho, lá vai um texto da Juliana sobre uma das pautas da semana, a profissionalização da empregada doméstica:
O emprego doméstico só deixou de ser a principal profissão das mulheres brasileiras em 2011. Eu e grande parte dos jovens de classe média da minha geração fomos parcialmente criados por mulheres que abdicaram de sua privacidade e vida individual para morar na casa de patrões, frequentemente sem carteira assinada. Muitas delas criaram seus filhos dentro do ambiente de trabalho, em condições pouco propícias para o desenvolvimento da autoestima de uma criança. Fico feliz em saber que se eu tiver filhos eles serão criados em um outro esquema. Será mais difícil e caro para mim e é também por isso que a minha geração tem filhos mais tarde, mas será indiscutivelmente melhor.
Ela aproveita o gancho para alfinetar aqui e ali, mas esse parágrafo acima é o centro do texto, que ainda cita colunistas de jornal, Clarice Lispector e adolescentes do século 21.
(A ilustração deste post é uma colagem de John Crossley)
E a Ju quem fez a capa do último Top 75 de 2011.
A Ju lamenta:
No final de década de 50, Billie Holiday (1915–1959) estava no fundo do poço. Duas décadas de carreira, maluquice, drogas e álcool deixaram sua voz – antes potente e perfeita -, esburacada, tosquiada mesmo.
Quando a Columbia Records tirou essa diva decadente do limbo para gravar um novo álbum, todo mundo riu. Assim como riram das decadentes Betty Davis (1908–1989) e Joan Crawford (1905–1977) quando elas, já velhas e meio esquecidas, filmaram What Ever Happened to Baby Jane? (1962).
O disco gravado pela Billie decadente – Lady in Satin (1958) – se tornou um dos mais conhecidos dela. As músicas são o contrário de perfeitas: a voz falha, desafina, derrapa, parece que vai sumir. Billie tinha só 43 anos, mas as letras muito tristes e o estado físico faziam qualquer um chutar uns 60, 70.
Billie morreu menos de um ano depois da gravação de Lady in Satin. Eu sempre achei que algo parecido aconteceria com Amy Winehouse (1983–2011).
E assim segue no Já Matei Por Menos.
Vi na Ju.
Via Ju.
Do tumblr da Ju.
Vi no Tumblr da Ju.
OE! Vi no tumblr da Juliana.