Jornalismo

“O meu eterno verão, calorzinho de rachar”

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“É difícil aceitar que somos feitos de coisas que deixam cair por aí”

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“I am sick of promising everyone that I am the same as others”

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“I want to be where you are, I want to feel your power”

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2024 finalmente acabou e posso começar minha contagem regressiva dos 75 discos mais importantes do ano pra mim. Não faço essa lista desde a pandemia e resolvi trocar o critério: não são os melhores discos do ano (até porque não dá pra usar essa régua de um ser melhor que o outro em arte), são os discos deste ano que mais curti ouvir. Vou postando aqui até o fim do mês, do 75⁰ ao 1⁰, como sempre misturando discos brasileiros e nacionais porque eu também não gosto de fazer essa distinção.

A tradição indie mais sólida de virada do ano aconteceu maravilhosamente mais uma vez em Nova York, quando o Yo La Tengo reuniu-se a amigos, ídolos e fãs para a celebração do Hanukkah em oito shows consecutivos no Bowery Ballroom, onde se reúnem desde 2017, para comemorar a data festiva em shows épicos que mudam todas as noites. Não foi diferente na virada deste ano, quando, a partir do dia 25 de dezembro, passaram a elencar camaradas em shows de mais de uma hora em que o grupo tocou suas próprias músicas, além de passar por clássicos do indie rock. Este ano, a primeira noite abriu com a já tradicional versão para “Rock and Roll All Nite” do Kiss (em que subvertem o refrão para “Rock and roll eight nights and party a week and a day) para receber Mac McCaughan do Superchunk no bis em versões para músicas dos Ramones, Angry Samoans, Circle Jerks, Fugs e o próprio Superchunk (o hino “Slack Motherfucker”). Na noite 2 o grupo recebeu o humorista Fred Arminsen, que tocou bateria num bis que teve músicas do Black Flag, Velvet Underground e Flo & Eddie. No dia 27, o tecladista do Wilco, Pat Sansone, juntou-se ao grupo por todo o show, que ainda teve um bis dedicado aos Modern Lovers, com a presença do baixista da banda, Ernie Brooks. No dia 28 foi a vez de reunir os Soft Boys de Robyn Hitchcock para um bis dedicado à banda (e versões de Beatles e Velvet). O dia 5 contou com Steve Shelley do Sonic Youth na bateria (e MJ Lenderman, que abriu a noite, tocando uma versão de Dylan), e integrantes do NRBQ para um bis dedicado ao grupo. No dia 30 se dedicaram a músicas menos tocadas de seu repertório e Mark Ribot e Alan Litch como convidados. Na véspera do ano novo foi a vez de convidar a Sun Ra Arkestra para uma celebração indie free jazz encerrando a festa no primeiro dia de 2025 com Kimberley Rew, autor do hit “Walking on Sunshine”, e a mãe do guitarrista Ira Kaplan, Marilyn, cantando “My Little Corner of the World”. Uma celebração e tanto que garante que 2025 começou bem! Veja alguns vídeos abaixo: Continue

Tô no Bluesky

Saí do Twitter de vez e entrei no Bluesky: me segue lá. Feliz ano novo!

“A minha história
é outra
E começa agora
Estou sempre
a começar”

E no calar do ano quem nos deixa é a poeta portuguesa Adília Lopes, pseudônimo de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, que apareceu na década de 80 e sai deste plano com parcos 64 anos. Escritora dos detalhes e da vida cotidiana, ela buscava a beleza nos pequenos gestos, publicando livros quase que anualmente como se soubesse que a produção cultural lhe tornasse ainda mais viva. “A minha poesia é uma epopeia da vida menor. Não é a descoberta do caminho marítimo para a Índia. É o caminho do corredor de minha casa entre a sala onde escrevo e leio e a cozinha. É doméstica. É feminina”, disse em entrevista recente à revista Quatro Cinco Um.

O manifesto Brat

E Charli XCX acaba de compartilhar uma espécie de manifesto de seu disco do ano quando, ainda em 2023, rascunhou o que planejava fazer com o próximo disco, que já era batizado de Brat e vinha envolto desde o início em uma estética própria – inclusive neste próprio manifesto, publicado em CAPS LOKI. Publiquei a tradução abaixo: Continue

O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter viveu um século e morreu sendo celebrado como um dos políticos mais populares do fim do século – e por mais que tenha denunciado o genocídio palestino e ajudado nomes progressistas de fora de seu país (como o nosso Brizola), ele só fez isso depois que deixou o cargo. Na Casa Branca, tornou o clima da Guerra Fria ainda mais pesado que nos anos 70 e pavimentou o caminho para o neoliberalismo crescer ainda mais na década seguinte de seu mandato. Ele podia ser gente boa, mas ainda era um presidente dos Estados Unidos, como todos os outros.