Mais um Inferninho Trabalho Sujo daqueles, este com a vantagem de trazer duas ótimas bandas em ascensão que nunca haviam pisado no palco do nosso querido Picles. A noite começou com a banda Morro Fuji, diretamente do ABC, mostrando que está em ponto de bala, com canções redondinhas, boa dinâmica entre seus integrantes e uma presença de palco magnética, mostrando-se como mais uma das novas bandas da cena pós-pandêmica que engrossa a sensação de nova geração que vem se firmando, cuja base rock confunde rock clássico com indie rock e o senso melódico conversa tanto com o pop brasileiro dos anos 80 e 90 e a MPB mais elétrica. E avisaram que tem disco programado pra esse ano, vou ficar de olho…
Depois do Morro Fuji foi a vez da ótima Miragem, que já havia tocado em outra edição do Inferninho Trabalho Sujo mas nunca tinha ido ao palco do Picles. E a banda sonhada pela guitar heroine Camilla Loureiro fica mais intensa a cada nova apresentação, desta vez transformando-se em um quinteto graças à efetivação da ex-diretora de clipes da banda Mariana Nogueira como tecladista da banda. Mas o foco e a força da banda expandem a partir de sua principal compositora e guitarrista, multiartista que faz os clipes de animação da banda e trajava uma camiseta com a capa do disco de estreia do grupo lançado no ano passado, Muitos Caminhos Prum Lindo Delírio. O álbum, esse estranho e atrativo alienígena que soa tanto faz o grupo soar como uma banda de rock brasileiro dos anos 80, uma banda prog cabeçuda, um grupo pós-punk e uma banda de rock psicodélico clássica ao mesmo tempo, às vezes na mesma música, torna-se ainda mais pesado e dinâmico ao vivo e os outros três integrantes – o guitarrista Gustavo Esparça, o baixista Rafael Biondo e o baterista de Lucas Soares – fazem o grupo soar à altura – e voar além – dos delírios de sua compositora, que sempre deixa todo mundo de queixo caído quando sola sua guitarra. Mais um showzaço do grupo, deixando tudo a postos pra que eu e Pérola viajássemos na discotecagem, metamorfoseando a pista do Picles em ambientes completamente distintos a cada parte da noite, misturando todo tipo de vibe (latina, dance, psicodélica, roqueira, R&B ou brasileira) no mesmo astral incansável! E semana que vem tem mais Inferninho!
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E essa dose dupla em setembro no Hollywood Bowl, em Los Angeles? Os ingressos começam a ser vendidos na semana que vem, mas podia virar uma turnê e passar por aqui, hein? Please come to Brasil, LCD Soundsystem e Pulp!
Um dos meus artistas novos favoritos, a dupla argentino-californiana Magdalena Bay, dona do excelente Imaginal Disk do ano passado, passeou pelos estúdios do programa Like a Version, da rádio australiana Triple J, que sempre convida artistas para tocar suas músicas e interpretar uma música alheia. E que beleza ver que o grupo não apenas escolheu David Bowie – artista que é claramente patrono de sua personalidade musical -, como pinçou um hit de sua fase oitentista, o que torna ainda mais próximo do som da banda. Dá uma sacada nessa versão de “Ashes to Ashes”… Se você gostou e não conhece a banda, faça-se esse favor: Continue
A próxima edição do @inferninhotrabalhosujo acontece nessa sexta-feira, no lendário Picles, quando convido as bandas Miragem, esta tocando pela segunda vez na festa e comemora o lançamento do clipe “Eterna Distração”, e Morro Fuji, que faz sua estreia no Inferninho ao lançar o single “Cores e Luzes”, para dividir o palco antes de eu começar a discotecar madrugada adentro, desta vez com a comadre Pérola Mathias, que ajuda a esquentar a pista do caótico e amado sobrado no número 1838 da rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros. Os ingressos antecipados podem ser comprados mais baratos aqui.
Belíssima a apresentação que Francisca Barreto fez nesta quinta-feira no Cine Belas Artes, ao mostrar mais uma versão de seu espetáculo Bico da Proa, desta vez lançando seu primeiro single, uma versão para a música “Habana”, de seu professor de violoncelo, o cubano Yaniel Matos. Ela tem se cercado de uma banda maravilhosa, tão firme quanto delicada, e Bianca Godoi, Valentim Frateschi, Vítor Kroner e Thales Hashi a acompanham seguindo sua intensidade – quase desaparecem quando ela sussurra, se agigantam quando ela solta sua voz. Revezando-se entre o cello, seu instrumento nativo, o piano e o violão, ela mostrou um repertório próprio bilíngue, temperado com versões para músicas de Joni Mitchell (“Little Green”, que tocou sozinha ao violoncelo) e Massive Attack (“Teardrop”) e deixou claro o quanto já tem o domínio de sua musicalidade, seja interligando as músicas entre si ou fazendo comentários breves mas espirituosos entre as músicas. Ela ainda recebeu Nina Maia e Yann Dardenne para cantar a música que dividem no disco da primeira, “Amargo”, com o produtor daquele álbum mostrando seu lado músico ao tocar violão, e sua amiga e companheira musical voltou para o palco depois que o público, que lotou a sala Luiz Carlos Merten do cinema, pediu para que cantassem “Gosto Meio Doce”, o primeiro single que lançaram, ainda quando apresentavam-se como dupla. Uma noite sensível e intensa, que mostra como Francisca está aos poucos deixando seu trabalho autoral mais consistente, sem perder a delicadeza, transformando a apresentação em uma missa musical que, de carona em seu prenome, ganha ares franciscanos, em que a beleza surge da simplicidade e da generosidade. Lindo demais.
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E a primeira sessão do Trabalho Sujo Apresenta traz Francisca Barreto pela primeira vez para o palco do Belas Artes. Acompanhada de Bianca Godoi (bateria e MC), Valentim Frateschi (baixo e synth), Vítor Kroner (guitarra) e Thales Hashigushi (viola), ela segue desenvolvendo o show solo que começou a apresentar ano passado, misturando canções próprias com versões de outros autores, como é o caso da música “Habana” de Yanniel Matos, que será seu primeiro single, lançado nesta apresentação. A noite ainda contará com a participação de Nina Maia e Yann Dardenne, além de projeções de Olívia Albergaria. A apresentação acontece no dia 27 de março no Cine Belas Artes a partir das 20h30 e os ingressos já estão à venda.
Karen O, Michael Stipe, Angel Olsen, Sharon Van Etten, Bruce Springsteen: todos celebram Patti Smith
Patti Smith foi a estrela da vigésima edição de um evento de caridade para arrecadar fundos para a educação nos EUA realizado nesta quarta-feira no Carnegie Hall de Nova York, mas nossa senhora punk foi o assunto e não a única intérprete – e assim o palco foi invadido por estrelas do naipe de Bruce Springsteen, Michael Stipe, Sharon Van Etten, Angel Olsen, Johnny Depp, Sean Penn, Jim Jarmusch, Courtney Barnett, entre outros medalhões pupilos de nossa deusa. A banda que acompanhou a maioria do grupo era formmada por Tony Shanahan (que toca na banda de Patti) e Charlie Sexton (que tocava com Dylan) nas guitarras, Flea (ele mesmo, do Red Hot) no baixo, Benmont Tench (dos Heartbreakers de Tom Petty) no piano e Steve Jordan (que hoje toca nas turnês dos Stones) na bateria. Vou soltando alguns vídeos no decorrer do dia e juntando todos aí embaixo – começando por essa versão que a Karen O fez pra “Gloria” seguido de Bruce Springsteen mandando “Because the Night”, Michael Stipe cantando “My Blakean Year” e “People Are Strange” dos Doors (banda crucial na formação de Patti), Angel Olsen cantando “Easter”, Sharon Van Etten cantando “Pissing in a River” e todo mundo junto (Bruce, Karen, Michael, Angel Olsen, Sharon Van Etten, Johnny Depp, Courtney Barnett, Matt Berringer do National, Alison Mosshart dos Kills, Karen O do Yeah Yeah Yeahs, Paul Banks do Interpol e outros convidados) cantando “People Have the Power” com nossa senhora. . Benzadeusa…
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Madonna em Copacabana e Ainda Estou Aqui são dois investimentos do Itaú em cultura que mostraram que o banco não está pra brincadeira quando quer fazer bem feito, mas por melhor que fosse a intenção de fazer Jorge Ben regravar “Os Alquimistas Estão Chegando”, o resultado ficou aquém da expectativa (ouça abaixo). Mas será que isso é só um aperitivo de um projeto que fará o velho mago revisitar seu Tábua de Esmeralda? Tenso… Continue
Ê lá ela! Dua Lipa segue sua turnê pela Austrália e como fez nos shows em Melbourne mais uma vez celebrou um artista local, desta rendendo-se à balada-símbolo do INXS, “Never Tear Us Apart”, numa versão maravilhosa. Assista abaixo: Continue
Essa eterna pergunta está sempre aberta para uma novo sim, que desta vez veio de Vancouver, no Canadá, quando o dono da loja de discos Neptoon Records, Rob Frith, tirou uma noite para ouvir fitas de rolo que tinha guardadas em sua loja no estúdio de um amigo que tinha um equipamento adequado para ouvi-las. E ao sacar um rolo escrito “Beatles 60 Demos” na caixa, pensou que iria ouvir a gravação de algum disco pirata conhecido que tinha sido passado para aquela fita, mas qual foi sua surpresa ao se deparar com o que parece ser a fita master da clássica e infame sessão que John, Paul, George e Pete Best – Ringo ainda não tinha entrado na banda e sua ausência é notável – registraram no estúdio da gravadora Decca, em Londres, no primeiro dia de 1962. A gravação é conhecida dos beatlemaníacos e entrou para o hall da infâmia mundial ao ser o material que fez aquela gravadora não assinar com a banda que mudaria a história do mundo. Mas a fita descoberta por Frith, ao menos a partir dos dois trechos que ele postou em seu Instagram (“The Sheik of Araby” e “Money (That’s What I Want)”, ouça abaixo), parece ser um registro muito melhor do que os conhecidos até hoje – que inclusive os que entraram na Anthology, coletânea tripla que o grupo lançou nos anos 90 oficializando uma série de registros piratas para sua própria discografia. O que nos leva a um assunto que devo falar mais por esses dias: os 30 anos de Anthology e a necessidade do grupo de lançar uma nova edição da clássica compilação, que veio acompanhada de um documentário que não está em nenhum canal de streaming… Mas depois falo mais sobre isso. Continue