Jornalismo

Morreu nesta sexta-feira um dos últimos grandes nomes de uma fase em que o rádio e os compactos ainda eram os principais palcos dos popstars da música. Tony Bennett seguiu sua tradição a cada nova década, sempre mantendo a calma, a tranquilidade e a classe que o tornou um dos grandes nomes da música pop até hoje, quando nos deixa aos 96 anos.

Sem mistério

Showzaço do Mundo Livre S/A nesta quinta-feira no Cine Joia. O grupo liderado por Fred Zeroquatro aproveitou o gancho dos 30 anos do mangue beat para revisitar canções da Nação Zumbi – e não só as com Chico Science, mas também algumas da fase sem o clássico vocalista – e retomar algumas de suas próprias pérolas. E ao reunir “Musa da Ilha Grande”, “Meu Esquema”, “Mistério do Samba”, “Bolo de Ameixa” e tantos outros clássicos que infelizmente não estão tão presentes em nosso dia-a-dia como deveriam a uma formação consistente, o Mundo Livre S/A atravessou quase duas horas fazendo o público cantar tudo junto. Melhor do que eu esperava.

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O Mundo Livre S/A volta a São Paulo para celebrar os 30 anos do mangue beat neste 20 de julho de 2023, quando o grupo pernambucano apresenta-se no Cine Joia repassando músicas clássicas tanto de seu repertório à época da fundação do movimento quanto da Nação Zumbi de Chico Science. Aproveito a deixa para ressuscitar o programa que fazia no meu canal sobre identidade cultural brasileira. Suspendi o programa em 2022 para não deixar que o calor das eleições no ano passado atingisse essa discussão, que é bem mais ampla que as tensões que estamos vivendo nestes anos, que são frutos diretos desta, e retomo agora o programa com o mestre Fred Zeroquatro, fundador do Mundo Livre S/A, que gasta sua antropologia de botequim para falar de como o país ainda tem muito que fazer antes de só comemorar uma vitória em uma eleição…

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(Foto: Fausto Chermont/Divulgação)

Acompanho os Garotas Suecas desde os tempos em que eles faziam parte da fauna garageira tropicalista que agitava parte da cena independente paulistana, há quase vinte anos. De lá pra cá, o grupo viajou pelo país e pelo exterior, consolidou seu nome no mercado midstream, lançou discos e EPs, perdeu dois integrantes – um deles, Sessa, em bem-sucedida carreira solo – e reafirmou-se como um quarteto. Desde 2019 preparando seu quarto disco, o grupo, como todos nós, foi encurralado pelo coronavírus e deixou o novo trabalho ganhar os ares sombrios destes anos que atravessamos. 1 2 3 4 finalmente vê a luz do dia nesta quarta-feira e a partir dele o quarteto reforça suas influências musicais diretas – quase tudo que dá pra encaixar no enorme guarda-chuva chamado rock brasileiro – ao mesmo tempo em que renasce cético apesar do otimismo destes dias de retomada. Com faixas batizadas com títulos que dão o tom pessimista do disco (“Veneno”, “Podemos Melhorar”, “Não Tá Tudo Bem”, “Marginais”, “Como É Que Pode”, “A Bala Que Era Pra Ser Sua”), 1 2 3 4 é um retrato do abismo que fomos enfiados “desde 16”, como grupo canta em “What U Want”, que ainda reforça que “é tudo tão claro nesse tempo nublado o que fizeram com o país”. Eles me convidaram para escrever o texto de apresentação do disco, que segue abaixo: Continue

“Havia confiança sem medo”, canta a vocalista francesa Halo Maud no primeiro single do décimo disco dos Chemical Brothers. Um dos artistas mais consistentes das últimas décadas parecem soar nostálgicos no início desta nova fase, mas o refrão e o título da nova faixa, a primeira do duo depois da pandemia, renova a esperança que Tom Rowlands e Ed Simons trazem como tocha: “Viveremos mais uma vez”, cantam no refrão de “Live Again”, que anuncia o álbum For That Beautiful Feeling, que além de Halo também terá participação especial do velho compadre da dupla Beck, e será lançado em setembro (e já está em pré-venda). O anúncio vem acompanhado de um clipe fodaço (pra variar), a capa do disco e o nome das músicas, que você vê abaixo: Continue

O MNTH de Luciano Valério abriu camadas e camadas de texturas sonoras em sua apresentação Partículas do Agora, que o produtor conduziu nesta terça-feira no Centro da Terra. Ele puxou o espetáculo sampleando sua voz enquanto a distorcia e disparava beats, abrindo espaço primeiro para a percussão de Sarine, para depois os synths e efeitos de Paula Rebellato e Aline Vieira, que também usaram suas vozes distorcidas para criar outras tantas camadas de áudio que iam se entrelaçando e se dissolvendo, bem com as projeções que Nathalia Carvalho fazia sobre os quatro. Quase uma hora de transe entre o sussurro e o barulho.

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Que prazer receber o trabalho autoral do produtor Luciano Valério, o homem por trás do selo Desmonta, no Centro da Terra, quando, nesta terça, ele antecipa o terceiro disco que lança como MNTH, Lume Púrpuro. O álbum que será lançado no mês que vem é resultado de uma pesquisa do autor a partir de timbres e texturas que levam o público a um ambiente de meditação e introspecção para contemplar o silêncio e o ruído como partes de uma mesma frequência sonora. O disco foi gravado ao lado de músicos como Mauricio Takara, Carla Boregas, Lello Bezerra, entre outros, mas para esta prévia, ele convida Paula Rebellato (sintetizador e eletrônicos), Sarine (percussão e eletrônicos), Aline Vieira (eletrônicos e efeitos) e Nathalia Carvalho (visuais) para criar uma apresentação batizada de Partículas do Agora. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados através deste link.

Helô Ribeiro ainda não encerrou seu trabalho com João Cabral de Melo Neto, a quem visitou no disco A Paisagem Zero, de 2021, mas aos poucos começa a mostrar sua nova fase, que começa nesta quarta-feira, quando lança os dois primeiros singles de seu próprio trabalho, o EP O Céu de Gondry, “Looking Glass” e “Quem é Você”. As duas faixas são produzidas pelo guitarrista Allen Alencar, que ajudou a vocalista e compositora dos Barbatuques a escolher canções de diferentes fases de sua carreira para criar esse novo disco, que vai ser lançado sempre com dois singles simultaneamente. Helô me contou a inspiração do primeiro deles, “Looking Glass”, que ela antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo, ouça abaixo: Continue

Mais uma temporada de Black Mirror e…? Cadê a crítica à tecnologia digital? Episódios que se passam no passado? Como assim Red Mirror? A aclamada série de Charlie Brooker é uma das principais obras deste século e seu impacto em nosso dia-a-dia pode ser medido a cada nova temporada. Mas os cinco episódios lançados em 2023 abrem possibilidades que expandem ainda mais a capacidade de nos surpreender e chocar, características da série. Aproveitando este novo lançamento, eu e o André Graciotti abrimos mais uma sessão do Cine Ensaio para saber se Black Mirror ainda é muito Black Mirror…

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Foi assim, desvirtuando de leve (ma non troppo, porque tá tudo ali), que Maria Beraldo, Josyara e Mariá Portugal (que entrou como convidada-surpresa) celebraram o amor sapatão ao desfilar o repertório de Cássia Eller à base de guitarra (e por vezes clarone), violão e cajón (que Mariá trouxe à tona de duas décadas sem tocá-lo, pronta para ressuscitar o instrumento de percussão no cenário pop brasileiro). A segunda apresentação da temporada Manguezal de Maria Beraldo no Centro da Terra foi intimista e acolhedor ao mesmo tempo que apaixonado e bem humorado, fazendo as três passear por composições de Nando Reis, Renato Russo, Ataulfo Alves, Gilberto Gil, Luiz Capucho, Djavan, Caetano Veloso, Itamar Assumpção (que Beraldo misturou com a base de sua “Da Menor Importância”), João do Vale e Tião Carvalho sempre muito à vontade, brindando taças de vinhos, pedindo para o público (que lotou a casa) cantar junto, numa noite mágica e apaixonante. Bonito demais.

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