Jornalismo

E agora o Flesch crava que quem vem para o Brasil no próximo semestre é o grupo inglês Depeche Mode. O clássico grupo eletrônico que desenho parte do futuro da música pop no início dos anos 80 deve vir ao país entre maio e junho de 2024 para divulgar seu disco mais recente, Memento Mori. É a primeira vez que o grupo virá ao país depois da morte de Andy Fletcher no ano passado. O grupo já passou aqui duas vezes, em 1990 e 2018, e retorna com dois de seus fundadores na formação, Dave Gahan e Martin Gore. E fica a dúvida: como o próprio Flesch anunciou que os Tears for Fears viriam para o Brasil no mesmíssimo período, será que está se desenhando um festival de veteranos dos anos 80 no modo daquele Darker Waves que comentei aqui outro dia?

Outra passagem neste começo de semana, soubemos da morte de Doris Monteiro, uma das cantoras que aos poucos ajudou a música brasileira a cantar macio e sem a impostação de ídolos do rádio, como Angela Maria e Dalva de Oliveira. Doris pertenceu a uma geração que, como Lucio Alves e Dick Farney, pavimentou o caminho para que a voz sem afetação da bossa nova se tornasse um novo padrão para a música brasileira – ela mesma tornando-se uma das principais intérpretes do novo gênero.

Uma das maiores intérpretes do Brasil, Leny Andrade, morreu na madrugada desta segunda-feira. Ela começou sua carreira no início da bossa nova e foi uma das grandes cantoras do gênero, mas expandiu sua atuação para o jazz, quando começou a fazer temporadas no exterior, sempre levando a música brasileira – bossas e sambas – em seu repertório, sempre aplaudido internacionalmente.

Inaugurando a nova temporada do meu programa de entrevistas Bom Saber em grande estilo, com a presença do mestre Guto Lacaz. Um dos grandes artistas plásticos brasileiros, Guto mistura arte e ciência em suas obras, que acontecem no papel ou em performances memoráveis. Conversei com o Guto sobre arte, cultura e criatividade, além de falar sobre seus projetos recentes, incluindo uma homenagem a um de seus grandes ídolos, Santos Dumont.

Assista aqui: Continue

Este fim de semana viu a segunda edição do espetáculo Conjunto Nordeste, idealizado pelo produtor Duda Vieira e pelo maestro Regis Damasceno, no Sesc Pinheiros. Se a primeira, realizada em junho do ano passado, priorizou novos nomes da música nordestina – reunindo um elenco estelar formado por Alessandra Leão, Almério, Flaira Ferro, Getúlio Abelha, Larissa Luz, Luiz Lins, Otto e Potyguara Bardo -, esta segunda preferiu voltar para as raízes e celebrar artistas da região que estão aí há tempos – mas sem tirar o pé da contemporaneidade. Este foi representado por Josyara, que abriu a noite com sua voz e violão estupendos encantando corações que estavam, em sua grande maioria, esperando os veteranos da noite. Depois foi a vez de Ednardo, aos poucos recuperando sua voz depois de um problema de saúde, mas com carisma intacto, fazendo todos cantar “Enquanto Engoma A Calça”, “Pavão Mysteriozo” e “Terral” (e não teve como não dar uma choradinha nessa hora), seguido de Hyldon, que brincou com o fato de ninguém lembrar que ele era baiano (“do polígono da maconha”, riu, reforçando que foi “parceiro do Tim Maia e vizinho de Raul Seixas, sou um sobrevivente!”), e emendar os hits “Dores do Mundo”, “Na Sombra de Uma Árvore” e inevitavelmente “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda”. A estrela da noite foi a gigante Anastácia, eterna alma gêmea de Dominguinhos, que lembrou, no show de domingo, que seu companheiro e parceiro morrera há exatos dez anos, e aproveitou a oportunidade para reforçar que discorda da lógica que brasileiro não tem memória, citando aquele espetáculo como prova disso, antes de passear pelos sucessos “Sanfona Sentida”, “Amor Que Não Presta Não Serve Pra Mim” (bolero eternizado por Angela Maria) e “Tenho Sede”. Os quatro foram acompanhados por uma banda dirigida por Régis, que alternava-se entre a guitarra e o violão de doze cordas, e ainda contava com Danilo Penteado (tocando sanfona, teclado, cavaquinho e violão), Charles Tixier (tocando percussão e sampler), Magno Vito (no contrabaixo) e Alana Ananias (na bateria). Os quatro voltaram tocando “Só Quero um Xodó” e mostrando que este formato tem vida longa. Que venha o próximo!

Assista abaixo: Continue

Quase em silêncio

Linda a apresentação que Marcelo Cabral fez neste sábado na galeria São Paulo Flutuante, ali na Barra Funda. Apenas com sua voz e seu violão – sem nenhum tipo de amplificação, como são as apresentações na galeria – Cabral usou seu disco de canções Motor como ponto de partida para passear por seu repertório melancólico e intimista, puxando tanto músicas que foram gravadas por outros intérpretes quanto inéditas compostas durante a pandemia. Vale ficar de olho nas Sessões Flutuantes da galeria, sempre tem coisa boa.

Assista aqui: Continue

Prontos pra mais um mês de fortes emoções no Centro da Terra? Pois lá vamos nós com as datas de agosto e quem toma conta das segundas-feiras é Sandra Coutinho: a líder das Mercenárias apresenta a temporada Linha Contínua do Tempo, em que ela recebe convidados e amigos de diferentes épocas de sua carreira para encarnar projetos que ela desbravou nestas décadas de contracultura paulistana, reunindo nomes como Edgard Scandurra, Paula Rebelatto, Mari Crestani, Bibiana Graeff, Rodrigo Saldanha, Silvia Tape, Pitchu Ferraz, Amanda Rocha, Tadeu Dias, Bernardo Pacheco e outros nomes que surgirão sempre ás segundas, nos dias múltiplos de sete. O mês de agosto começa numa terça-feira, dia 1°, quando Laura Lavieri apresenta seu espetáculo Mântrica, em que trabalha com ondas vibracionais com foco nos atos de energizar, pacificar, desenvolver, vibrar, adormecer, despertar, transcender, com a participação de convidados surpresa. Na segunda terça, dia 8, dois dos maiores guitarristas do Brasil se encontram pela primeira vez no palco, quando Lucio Maia recebe Kiko Dinucci para apresentar a Arquitetura do Caos. Na terça seguinte, dia 15, é a vez da cantora e compositora Anná mostrar diferentes estágios de suas novas canções no espetáculo Deusa Diaba na Terra do Sol. Na penúltima terça do mês, dia 22, reunimos pela primeira vez desde a pandemia a banda carioca Do Amor, que mostra músicas de diferentes fases de sua carreira – incluindo várias que nunca tocaram ao vivo na apresentação Problemão Do Amor. E na terça seguinte, dia 29, dois integrantes do Do Amor (Marcelo Callado e Gustavo Benjão) ficam por São Paulo para acompanhar Rubinho Jacobina no espetáculo Desembaraço, em que ele recebe Iara Rennó como convidada. Vai ser bonito! Os espetáculos começam sempre às 20h, pontualmente, e os ingressos podem ser comprados antecipadamente neste link.

Marcelo Bonfá compartilhou em sua página no Facebook um release que Renato Russo escreveu sobre o primeiro show do Legião Urbana em Brasília, ainda em 1982. O grupo havia acabado de se apresentar num festival em Patos de Minas, em Minas Gerais, e preparava-se para fazer seu primeiro show em sua cidade-natal. O grupo ainda era um trio que nem contava com Dado Villa-Lobos em sua formação – embora Dado fosse citado, por conta de sua outra banda, neste mesmo release. A formação do Legião nesta época tinha Russo (tocando baixo e cantando), Bonfá (na bateria) e o guitarrista Eduardo Paraná. O detalhe é que o release, que preparava o público para a chegada de um grupo que bradava que “o importante é fazer o que você quer e ficar bem com todo mundo que quer se divertir.” “O Renato adorava escrever estes pequenos releases sobre nós”, escreveu Bonfá na rede social, “Não me lembro exatamente a que show ele está se referindo mas como diz o release, tratava-se da nossa primeira apresentação em Brasília antes do Dado entrar para a banda. Bem antes de assinarmos com a EMI. Renato deve ter escrito isso em 1982.”

Leia abaixo: Continue

Mais uma vez Roger Waters volta-se ao seu passado no Pink Floyd para dar continuidade à sua carreira, mas em vez de ficar apenas nos espetáculos ao vivo, ele preferiu recriar o clássico Dark Side of the Moon em uma versão solitária. E estreia a cara de seu Dark Side of the Moon Redux com uma versão lenta, grave e quase soturna de “Money”, lançada nessa sexta-feira, para antecipar o lançamento do disco que sairá no meio deste semestre. “O Dark Side of the Moon original parece de alguma forma o lamento de um ancião sobre a condição humana”, explicou o autor do disco em uma declaração, “mas Dave, Rick, Nick e eu éramos tão jovens quando o fizemos e quando você vê o mundo ao nosso redor, é claro que a mensagem não ficou. É por isso que eu comecei a considerar o que a sabedoria de um octagenário poderia trazer para esta versão reimaginada.” O disco sai em outubro e já está em pré-venda. Ouça a nova versão de “Money” abaixo: Continue

Em mais uma edição do meu programa sobre música brasileira Tudo Tanto, chamo a maravilhosa Ava Rocha para falar sobre seu disco mais recente, Nektar, que acaba de ser lançado depois de ter sido gestado desde antes dos anos pandêmicos. Álbum sensível e multifacetado, o quarto disco da cantora carioca (que será lançado ao vivo no próximo dia 30 de julho, no Sesc Pinheiros) é o motivo para conversar com Ava sobre criação, inspiração e racionalização de processos sensíveis, que conta como o disco foi concebido entre viagens, pandemia e profundas reflexões individuais sobre ser artista.

Assista aqui: Continue