Jornalismo

Finalmente visitei o Porta Maldita e que massa ver que o Arthur conseguiu fazer o que vinha vislumbrando há anos: um inferninho saudável, que apesar de ser uma casa de shows parece a casa de alguém que gosta de música, com gente espalhada pelos cômodos curtindo civilizadamente a noite. O cômodo dedicado aos shows, além de ar condicionado (crucial para esse verão) tem um dos melhores sons entre as casas pequenas – uma meta do dono, que é justamente uma pessoa do som – e o Porta Maldita ainda tem até com iluminador para os shows (sexta quem estava lá era o Rafa, do Applegate). E o bar é demais: os drinks são bem bons, o preço é justo, os copos são de vidro, tem água de graça e a equipe é simpática. Parabéns Arthur! Fora que ter só uma portinha do lado de fora tem um charme poético que torna a casa ainda mais mágica.

Assisti a mais um show do Garotas Suecas, que vinham de um extremo oposto desde seu último show, quando abriram para os Titãs no estádio do Palmeiras lotado, em dezembro. No primeiro show do ano, os heróis do indie paulistano – que completam 20 anos de banda neste 2024 – mostram como a experiência e a maturidade confluem para um show preciso e redondinho, com canções irresistíveis e causos infames entre elas – inclusive sobre quando o baterista Nico foi entrevistado sobre especulação imobiliária, história contada antes da ótima “Gentrificação”, do disco que lançaram ano passado.

Depois foi a vez dos Fonsecas, que nunca tinha visto ao vivo, e a banda colide rock’n’roll com MPB a partir da sua divisão instrumental: o power trio formado por Caio Bortolozo (guitarra), Thales Tavares (bateria) e Valentim Frateschi (baixo) pegam pesado no rock, deixando o vocalista Felipe Távora livre para declamar seus poemas em forma de canção e se jogar no palco. O show ainda contou com a participação do vocalista da banda baiana Tangolo Mangos, Felipe Vaqueiro, e o vocalista da banda Naimaculada, Ricardo Paes, dividindo o palco com o grupo na última música, a faixa que batiza seu EP, “Fundo da Meia”. Foi a primeira vez que vi o grupo ao vivo e funcionou bem com a minha primeira vez no Porta Maldita.

#garotassuecas #osfonsecas #portamaldita #trabalhosujo2024shows 39 e 40

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Tá com saudade daquela pistinha, né? Nesse sábado, reunimos a turma mais uma vez pra nossa acabação saudável de todo mês, quando eu, Clarice, Claudinho e Camila comemoramos mais um Desaniversário ali no Bubu. O clima é aquele que você já conhece: todo mundo dançando sorrindo músicas que vocês nem lembravam que gostavam. E dessa vez oficializamos a hora da música lenta, quem foi na última teve essa experiência. A festa segue aquele padrão adulto: começamos às 19h pra acabar um pouco depois da meia-noite e garantir o domingo de todos. O Bubu fica ali no Pacaembu, Praça Charles Miller s/n°, do lado de fora do estádio. Vem dançar com a gente!

#desaniversariobubu #desaniversario #noitestrabalhosujo

O Inferninho Trabalho Sujo despediu-se das quintas-feiras na festa desta semana e daqui a no fim deste mês – justamente na sexta-feira da PAIXÃO – começamos a incendiar o hospício do Picles às sextas… e quem é esperto já sabe quem traremos pra brilhar no primeiro sextou oficial do nosso Inferninho, dia 29 de março. A despedida começou com a dupla Mundo Vídeo, que despejando guitarras desenfreadas sobre bases de dance music começou a esquentar a noite…

Depois foi a vez do Varanda fazer a casa cair. Depois de seis meses de sua primeira apresentação em São Paulo (justamente neste mesmo Inferninho), a banda de Juiz de Fora participou do momento de encerramento desta primeira fase da festa mostrando uma evolução considerável desde o primeiro show no Picles, que já tinha sido foda. Mas depois de um semestre rodando bastante (o que a constância do palco não faz com um grupo de músicos, não é mesmo?), o quarteto voltou tinindo, tanto na coesão entre seus músicos, quanto em sua presença de palco. Todos os quatro – Augusto Vargas (baixo), Amélia do Carmo (vocal), Mario Lorenzi (guitarra) e Bernardo Mehry (batera).- conversam com o público, brincam entre si, contam piadas de tiozão sem ironia e cantam parte das músicas, mas o foco da atenção não tem como não ser a presença magnética de Amélia, que personifica a fusão de MPB com indie rock do grupo para muito além do que o os clichês que a miserável mistura parece inspirar, encarnando o espírito livre, o humor infame
e o alto astral que são a essência da banda. Os quatro ainda chamaram o homem Irmão Victor, o gaúcho Marco Benvegnú, para tocar sax (!) no hit “Gostei”, além de mostrar várias músicas inéditas. Depois, eu e a Fran apelamos e ganhamos a pista, como de praxe. Que noite!

#inferninhotrabalhosujo #mundovideo #varanda # #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2024shows 37 e 38

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A Netflix acaba de anunciar a sexta temporada de Black Mirror, série que funciona como um termômetro sobre nosso nível de paranoia sobre o mundo em que habitamos no início do século digital. O anúncio, no entanto, joga os próximos seis episódios para um futuro ainda distante, 2025, e a única referência antecipada é que um dos capítulos será a continuação do episódio USS Callister, em que o programador Robert Daly (vivido por Jesse Plemons) inventa uma realidade fictícia em que o escritório em que trabalha é uma nave espacial e que ele é o Capitão Kirk de sua própria Jornada nas Estrelas. Vai vendo o teaser abaixo… Continue

A segunda aula de Bibliografia da Música Brasileira, curso que estou ministrando com a Pérola Mathias no Sesc Avenida, aconteceu nesta quinta-feira quando escolhemos a bossa nova como ponto de partida para falar sobre como nossa música é representada por nosso mercado editorial. Começamos pela onda do final dos anos 50 que tomou o mundo na década seguinte pois, desde sua incepção, ela inspirava não apenas a discussão sobre sua natureza como via isso traduzido em livros, a começar pelo clássico O Balanço da Bossa e Outras Bossas, de Augusto de Campos. Também mostramos como os livros acabaram, num segundo momento, colocando o baiano João Gilberto no centro deste período, algo que antes era difuso como um movimento que não era propriamente um movimento, mas que foi crucial para que pensássemos em nossa música de forma ensaística, jornalística, crítica, acadêmica e cronista, usando justamente os livros como ponto de partida. Esqueci de tirar foto, então fica aí a lombada de alguns livros que discutimos nesta aula. A próxima é sobre samba.

#bibliografiadamusicabrasileira #sescavenidapaulista

Sábado passado o grupo The Smile tocou com a London Contemporary Orchestra, como principal atração da edição deste ano do BBC Radio 6 Music Festival, que aconteceu na 02 Victoria Warehouse, em Manchester, na Inglaterra. Thom Yorke, Jonny Greenwood e Tom Skinner tocaram a íntegra de seu recém-lançado Wall of Eyes ao lado de dezenas de músicos, que ainda os acompanhou por faixas do primeiro disco, como “Pana-Vision”, “Speech Bubbles”, Tiptoe”, “Waving a White Flag” e “Bending Hectic”. O trio depois voltou sozinho para tocar mais músicas do álbum de estreia e a íntegra do show pode ser vista no site da BBC 6, mas só se você estiver na Inglaterra (fuen). Pra quem não está lá resta contentar-se com trechos do show que foram publicados no canal da emissora no YouTube que você consegue assistir abaixo. Além do Smile, também apresentaram-se neste palco no festival, o grupo norte-americano Gossip, mostrando músicas novas pela primeira vez, e o grupo escocês Young Fathers, que inclusive apresenta-se no Brasil em maio na segunda edição do festival C6Fest: Continue

Atenção que este é o último Inferninho Trabalho Sujo às quintas-feiras. A partir da próxima edição, nossa acalorada celebração noturna encontra a hashtag sextou para embalar inícios de fins de semana maravilhosos, aguarde e confie. E para marcar esse novo momento, chamamos de volta os queridos Varanda, que fez seu primeiro show em São Paulo num Inferninho do ano passado e agora volta às vésperas de lançar seu primeiro álbum. Evolução, povo, evolução! E o grupo que abre a noite, o Mundo Vídeo, também não deixa barato. Depois da meia-noite você sabe que eu e Fran tomamos conta do fervo, que, como sempre, acontece no Picles (Rua Cardeal Arcoverde, 1838) a partir das 20h da noite (e quem entrar até às 21h não paga!). Bora que a noite vai ser boooooa…

Foi demais o primeiro show oficial da banda Orfeu Menino nesse ano dentro da sessão Trabalho Sujo Apresenta, que nesta quarta aconteceu no Redoma. A banda está afiadíssima e é impressionante o domínio que a vocalista Luiza Villa tem do palco, em sintonia finíssima com os outros quatro músicos da banda, o virtuosismo de Tommy Coelho na bateria, a guitarra discreta e precisa de Tomé Antunes, o teclado irrepreensível do maestro Pedro Abujamra e o baixo denso e suntuoso de João Chão. Parte do repertório ainda é composto por versões, o que já mostra a amplitude de alcance do quinteto, indo de “Nossa História de Amor” do Tim Maia a “Jorge Maravilha” do Chico Buarque, passando por “Dentro de Você” de Marcos Valle e Leon Ware, “Banho de Espuma” da Rita Lee, a versão de Annie Ross pro standard “Twisted”, “Cara Cara” e “Pessoa Nefasta” do Gilberto Gil, “Nua Ideia” de João Donato, além de uma versão de “Bala com Bala” do João Bosco que não tava no roteiro. Entre esses clássicos, eles ainda mostraram suas duas primeiras músicas, “Pega Mal” e “O Amor é Fogo”. Depois o DJ Benni seguiu a noite esmerilhando pérolas ousadas de diferentes frentes musicais. É, a brincadeira está só começando…

#trabalhosujoapresenta #orfeumenino #redomabixiga #trabalhosujo2024shows 36

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É uma boa notícia, embora o tom seja acridoce. Neil Young anunciou nesta quarta-feira que colocará seu catálogo de volta no Spotify. O mestre canadense havia retirado suas músicas do serviço de streaming porque este bancava o podcast do negacionista da Covid Joe Rogan, mas o programa de desinformação deste agora não é mais exclusivo do serviço sueco e está em outras plataformas, o que fez que Neil mudasse de ideia em vez de retirar suas músicas de serviços como Apple e Amazon, que agora também distribuem o infame programa. Young ainda aproveitou para cutucar a baixa definição das músicas no Spotify, em um comunicado que colocou em seu site e que traduzo abaixo: Continue

3 de maio é a data que Dua Lipa marcou para lançar o sucessor do excelente Future Nostalgia, batizado de Radical Optimism. Além dos singles já lançados (“Houdini” e “Training Season“), o novo álbum, que já está em pré-venda, traz essa capa maravilhosa da inglesa encarando um tubarão, começa com uma canção chamada “End of an Era” e ainda traz outras batizadas com títulos como “French Exit”, “Anything for Love” e “Maria”. “Há alguns anos, um amigo me apresentou o conceito de otimismo radical, que achei tem a ver comigo”, contou a cantora. “Fiquei curiosa e comecei a brincar com isso, costurando-o em minha vida. E me bateu – a ideia de atravessar o caos com graça e sentir que posso ultrapassar qualquer tempestade.” O disco tem produção de Caroline Ailin, Danny L Harle, Tobias Jesso Jr. e do senhor Tame Impala, Kevin Parker. A cantora revelou em uma entrevista à Rolling Stone que o trabalho tem influência da cena dance inglesa do começo dos anos 90, citando o clássico Screamadelica, do grupo Primal Scream, como forte influência, além de mencionar bandas como Massive Attack, Gorillaz, Moby, Blur e Oasis. E não custa lembrar que seu ótimo segundo disco, um dos melhores discos de dance music deste século, foi lançado no mesmo ano em que a pandemia se abateu sobre nós – então de otimismo radical ela entende.

Veja abaixo a ordem das músicas:
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