Felicidade saber que Adriano Cintra está trazendo seu projeto Ultrasom para a realidade digital de 2024, quando lança seu Ultrasom a partir desta sexta-feira nas plataformas digitais. Herói do underground paulistano dos tempos em que este tinha asco da publicidade, no século passado, Adriano lançava discos e bandas como se não houvesse amanhã, gravando fitas demo e CDRs com seus inúmeros projetos (que iam do Thee Butchers’ Orchestra até, finalmente, o Cansei de Ser Sexy), mas sempre voltava suas dores e dramas em seu projeto solo Ultrasom. My So Called Wild Life é o terceiro lançamento sob este nome e o que motivou Adriano a retornar a esse disco foi sua insatisfação com a sonoridade original, mais de vinte anos depois, e com a formação com a qual gravou na época. “Resolvi regravar esse disco porque eu gosto muito dele, mas não gosto de ouvir essas músicas porque tem pessoas que tocam nesse disco que não são mais minhas amigas”, me contou como sempre sem ressalvas, “é um disco que eu amo, mas não consigo ouvir porque me incomoda”. O Ultrasom começou com duas fitas demo (Settle Down, lançada em 1997, e Set on Fire, no ano seguinte) com Adriano gravando todos os instrumentos, mas tornou-se uma banda com a virada do século com o lançamento do disco que relança essa semana. São músicas compostas entre 1998 e 2000 e que se materializaram em CDRs vendidos em lojas de discos independentes de São Paulo em 2001. O reencontro com o projeto esbarrou no disco que ele vem gravando com seu próprio nome, a ponto de repensá-lo do zero. A empolgação com essas regravações o motivaram também a lançar as duas primeiras demos como um disco só, que deve chegar às plataformas nos próximos meses. Pedi pra ele antecipar uma música pro Trabalho Sujo e ele descolou a bela “Run, Ana, Run”, que você ouve abaixo, além de ver a capa do disco: Continue
Ana Spalter e Felipe Távora entrelaçaram instrumentos, vozes e repertórios nesta quarta-feira, ao fazer a primeira apresentação em dupla no Teatro da Rotina. Com a casa lotada, os dois passearam pelas próprias canções, encontrando pontos em comum entre melodias e temas e reduzindo os arranjos quase sempre a um violão e um teclado, pilotados respectivamente por Felipe e Ana, que também encontraram-se no bom humor (com algumas piadas infames) com o qual conduziram a noite. Numa apresentação minimalista e delicada, os dois cativaram o público presente, fazendo-os cantarem trechos de músicas que sequer conheciam. E além das próprias composições, passearam por músicas de Gilberto Gil (“Drão”) e Edu Lobo (“Zum-zum”), esta última dividida com a voz fantástica de Luiza Villa. Os dois encerraram a apresentação cantando “Gosto Meio Doce”, música de Távora que foi imortalizada pela dupla Nina Maia e Chica Barreto.
Assista abaixo: Continue
Que barra essa notícia, ainda difusa, sobre a passagem de Liana Padilha. Mais conhecida como a metade do duo eletrônico No Porn, era uma artista com A maiúsculo, transitando entre diferentes disciplinas (artes plásticas, música, audiovisual, poesia) e questionando os limites impostos pela hipocrisia da sociedade em projetos que eram protestos, transformando cada pequeno gesto seu em um minimanifesto, vivendo plenamente o artivismo. A conheci dos tempos que a internet (outra seara que ajudou a desbravar, ainda nos anos 90) era mato e pude realizar uma apresentação de seu Tintapreta na mítica sala Adoniran Barbosa, quando fui curador de música do Centro Cultural São Paulo. Ainda não há notícias sobre a causa de sua passagem, mas sua ausência é sentida desde já. Muito triste, muito nova.
Basta um pequeno detalhe, como esse:
O Instagram do Cine Joia deixou um emoticon com os olhos arregalados num post recente da turnê que o grupo inglês Idles está fazendo pela Europa, levantando a possibilidade de um show da banda em São Paulo. Será?
Saca só abaixo: Continue
A produtora e musicista Lorena Hollander conduziu o público que foi ao Centro da Terra nesta terça-feira em uma jornada interior. Apesar de apontar para o satélite natural do planeta ao batizar o espetáculo de seu projeto Ushan como Ao Redor da Lua, ela mergulhou em uma jornada interior dividida em três partes. Na primeira delas, entre apitos e um kotô, ela foi acompanhada pelo baixo de Samuel Bueno e pela bateria de Martin Simon e apresentou a paisagem sideral no cenário ao mesmo tempo em que conduzia o público para uma introspecção lisérgica que misturava baixo e bateria de rock psicodélico a beats, distorções digitais e mantras vocais ao timbre peculiar do instrumento asiático. Depois entrou numa viagem de improviso ao lado da convidada da noite, Sue, que trouxe sua guitarra e seus processadores sonoros para duelar com o kotô e os processadores de Lorena, em um improviso intenso. A terceira e última parte trouxe Samuel e Martin de volta ao palco, quando a líder da noite nos conduziu pelo momento mais expansivo e intenso da noite, entre efeitos e uma cimitarra na cabeça. De deixar todos perplexos.
>Assista abaixo: Continue
Adoro quando essas coincidências acontecem. Conversei faz tempo com a Lorena Hollander, autora do projeto Ushan, sobre a possibilidade de fazermos uma apresentação no Centro da Terra e entre datas que vão e voltam, conseguimos acertar o espetáculo para o dia 19 de março – sem perceber que esse dia marcava justamente o fim do ano astrológico e de um ano regido pela lua! Seu projeto musical é regido por nosso satélite e o nome Ushan também faz referência à Lua, inspiração também para o disco Banho de Lua, de 2022, e o clipe “Lunar”, cuja equipe ela reuniu para esta celebração no Centro da Terra. Misturando música brasileira, música eletrônica e rock, a apresentação contará com Lorena tocando o instrumento asiático koto, além da guitarra, sintetizadores e voz, que ainda reuniu o baixista Samuel Bueno, o baterista Martin Simon, o cenógrafo Cleverson Salvaro, as projeções de Carol Costa e a luz de Morim Lobato, além de contar com a participação especial da Sue, tocando guitarra e disparando samples. O espetáculo Ao Redor da Lua começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda neste link.
#ushannocentrodaterra #ushan #centrodaterra2024
Todos os discos do Neil Young, incluindo os dois volumes de sua caixa Archives e os vários discos que tem desenterrado nos últimos anos, já estão no Spotify. De nada.
Aconteceu neste sábado: o Weezer deu início às comemorações do aniversário de 30 anos de seu primeiro disco, mais conhecido como “o disco azul”, ao tocá-lo na íntegra para uma plateia de 500 pessoas, no Lodge Room, em Los Angeles. A turnê só começa no segundo semestre, mas deu pra sacar o quanto a banda está prontinha para rodá-lo por aí com os vídeos que apareceram online. O show teve abertura da banda Dogstar, que abriu para o Weezer em 1992 com o mesmo baixista da noite deste sábado, o ator Keanu Reeves, e o Weezer limitou-se a tocar apenas as dez músicas do disco, mudando apenas a ordem de duas músicas, ao colocar o hit “Say It Ain’t So” depois de “In the Garage”, mas isso deve ter sido feito pois o grupo chamou o ator norte-americano Dominic Fike, da série Euphoria, para dividir os vocais na antepenúltima música do show (Fike lançou um single no ano passado, “Think Fast“, em que justamente citava a música do Weezer). Mas eu queria mesmo é que eles tocassem o segundo disco, o Pinkerton, disparado a melhor coisa que o Rivers Cuomo já fez na vida. Mas é muito pouco provável que isso aconteça…
Assista a mais vídeos abaixo: Continue
“Pra viver junto é preciso viver só, pra gente se encontrar”, incitando o público a cantar o refrão da inédita “Oração 18”, que faz parte de seu Prece, rosário em forma de disco que lança em abril, e que será lançada como single na semana que vem, a mineira Luiza Brina resumiu a força tanto de sua temporada no Centro da Terra, quando apresentou-se pela terceira vez dentro de Aprendendo a Nadar, quanto de seu novo momento artístico, quando aproximou-se de outros artistas para somar forças e criar algo coletivo, ciente das respectivas individualidades. Desta vez ela chamou o carioca Castello Branco e o alagoano Batataboy e os três criaram momentos únicos, Castelo sempre ao violão, Batataboy entre o piano e o contrabaixo e Luiza entre o violão e o contrabaixo, os três entrelaçando vocais sem pausas entre as canções desde o primeiro dedilhado que abriu o show, parando só na citada última música, que recebeu todos os aplausos da casa. “Pra andar junto é preciso poder andar só, pra gente caminhar”, caminha Luiza!
#luizabrinanocentrodaterra #luizabrina #centrodaterra2024 #trabalhosujo2024shows 41
Assista abaixo: Continue
Elis Regina teria completado 79 anos neste domingo caso estivesse viva e seu filho João Marcelo Bôscolli aproveitou a efeméride para relançar a clássica “Para Lennon e McCartney” em uma roupagem 2024, só que com sabor de 1976. A cantora gaúcha registrou a versão para o clássico de Milton Nascimento quando estava gravando o disco Falso Brilhante mas ficou de fora deste disco. A versão de Elis chegou ao público depois de sua morte, quando foi incluída na coletânea póstuma Luz das Estrelas, de 1984, e depois incluído na trilha sonora de uma novela. O contrato com a gravadora da época venceu há um ano e meio e quando João Marcello foi procurado pela rádio Nova Brasil para ver se não tinha nenhum material da Elis para aproveitar a comemoração do aniversário, lembrou-se de “Para Lennon e McCartney”, que foi recriada em estúdio este ano. O vocal isolado da cantora feito para um especial de TV foi gravado no estúdio Vice-Versa (na época de propriedade de Rogério Duprat e da dupla Sá & Guarabyra), que hoje é o estúdio da gravadora Trama, de João Marcello, e toda a parte instrumental foi recriada neste mesmo estúdio este ano, só que com instrumentos e equipamentos de gravação equivalentes ao período em que o vocal foi gravado, pelos músicos Marcelo Maita (teclados), Conrado Goys (guitarra), Robinho Tavares (baixo) e Daniel de Paula (bateria). A produção da nova versão ficou por conta de João Marcello e seu irmão Pedro Mariano supervisionou o tratamento que foi dado à voz de sua mãe. “Saber que Lô Borges ouviu muitas vezes a faixae e se emocionou foi um momento repleto de significados”, me contou João Marcello, “além de Elis ser muito amiga dos Borges todos, ter a aprovação do Lô como compositor de ‘Para Lennon e McCartney’ foi muito importante para todos nós.” A faixa por enquanto só pode ser ouvida exclusivamente nas rádios da rede Nova Brasil e chega às plataformas de streaming no próximo dia 25.
Ouça um trecho abaixo: Continue