Depois de celebrar seu cinquentenário no ano passado reunindo Lauryn Hill, Yg Marley, Wyclef Jean, Jimmy “Bo” Horne, Mano Brown, Criolo, Rael e Sandra de Sá no estádio do Palmeiras, a mitológica equipe de bailes paulistana Chic Show acaba de anunciar a segunda edição de seu festival, que acontece no dia 6 de dezembro no estádio do Pacaembu – e entre os nomes já anunciados estão um elenco estelar que inclui Jorge Ben, Mano Brown (comemorando os dez anos de seu Boogie Naipe – pois é! -, além de puxar alguns hits dos Racionais), Arrested Development, Zapp, Luciana Mello e os DJs Puff, Grandmaster Ney, Luciano e Preto Faria, mas ainda há interrogações no cartaz que garantem pelo menos mais uma atração a ser anunciada. Os ingressos começam a ser vendidos no próximo dia 23 a partir das 10h pelo site da Ticketmaster. Nada mal…
Madonna em Copacabana e Ainda Estou Aqui são dois investimentos do Itaú em cultura que mostraram que o banco não está pra brincadeira quando quer fazer bem feito, mas por melhor que fosse a intenção de fazer Jorge Ben regravar “Os Alquimistas Estão Chegando”, o resultado ficou aquém da expectativa (ouça abaixo). Mas será que isso é só um aperitivo de um projeto que fará o velho mago revisitar seu Tábua de Esmeralda? Tenso…
Washington Olivetto, que morreu neste domingo, era um publicitário acima da média. Mas mais do que celebrar seus feitos na área – campanhas históricas, personagens icônicos e slogans que até hoje estão em nossas cabeças -, vale reputar duas conquistas que fogem dos certames de sua área: a criação da Democracia Corintiana e a redescoberta de Jorge Ben. Com a primeira recuperou a auto-estima do principal time de São Paulo e criou uma mitologia que até hoje embasa o ser corintiano, ao usar o modus operandi do time no início dos anos 80 – de organização horizontal e participativa – para questionar a ditadura militar. Com o segundo, tirou um dos maiores nomes da nossa música de um ostracismo estético que o deixava para longe do panteão da MPB – e mesmo que “W-Brasil”, o hit que emplacou o nome de sua agência de publicidade nas paradas de sucesso do Brasil, não seja um dos grandes momentos de Ben (embora tenha bordões que citamos até hoje), fez sua carreira voltar a ser falada e tocada, reajustando um correção de curso que o tirou do Olimpo da MPB nos anos 70 para transformá-lo em um artista menor, algo que, graças a Olivetto, ficou para trás. Só por isso, ele já tem seu nome na história.
Comemorando atrasado.
Justice + Tame Impala – “Neverender”
David Bowie – “Stay”
Happy Mondays – “Bob’s Yer Uncle”
Itamar Assumpção – “Fico Louco”
Jorge Ben – “Cinco Minutos”
Sade – “No Ordinary Love”
Massive Attack – “Black Milk”
Curumin – “Vem Menina”
Yo La Tengo – “Well You Better”
Yumi Zouma – “Catastrophe”
Tops – “Change of Heart”
Yma – “Vampiro”
Erasmo Carlos – “Sorriso Dela”
Ava Rocha – “Beijo no Asfalto”
João Gilberto – “É Preciso Perdoar”
Este 23 de abril que também dia de São Jorge foi a deixa escolhida por Vinícius Mendes, colaborador do site da BBC Brasil, para dissecar a mais clássica obra de Jorge Ben numa ótima e extensa reportagem sobre o enigmático e hipnótico A Tábua de Esmeralda, que completa meio século no próximo mês. Buscando referências em velhas entrevistas com Jorge Ben e em estudos sobre alquimia, o repórter debruça-se sobre os assuntos e canções do histórico disco de 1974 que mudou a carreira de grande Jorge por vias tortas. A reportagem aparece num momento em que corre um rumor nos bastidores que cogita a possibilidade do próprio Jorge revisitar o disco ao vivo em uma série de shows pelo Brasil (e talvez pelo exterior?), algo que ele já havia dito que não iria fazer. Mas será que ele volta a tocar violão? Aproveito para republicar a íntegra do Roda Viva de 1995 que trouxe o mestre como entrevistado quando ele responde uma dúvida de ninguém menos que Chico Science (trajando uma bela camiseta do Portishead) sobre o mágico disco (a partir dos 15 minutos).
Imagine um festival reunindo Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethania, Elis Regina, Jorge Ben, Gilberto Gil, Nara Leão, Wilson Simonal, Vinícius de Moraes, Toquinho, Raul Seixas, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Erasmo Carlos, Jorge Mautner, Jards Macalé, Sergio Sampaio, MPB4, Wanderléa, Odair José e muitos outros artistas no auge da ditadura militar dos anos 70 — e também da chamada MPB? O Phono 73 aconteceu há 50 anos, quando, nos dias 11, 12 e 13 de maio de 1973, o Palácio de Convenções do Anhembi, em São Paulo, foi inaugurado com este elenco estelar, que fazia parte da principal gravadora do gênero à época, a Phonogram, liderada pelo visionário André Midani. Foi ele que vislumbrou um festival em que os artistas nao competiam e sim colaboravam, gerando encontros históricos como o que fez Gil e Chico criar o hino antiditadura “Cálice” (que nao foi tocado por censura prévia, fazendo com que o baiano mostrasse a música dias depois no histórico show que fez na USP, poucos dias depois), que reuniu Caetano Veloso e Odair José para cantar a polêmica “Eu Vou Tirar Você Deste Lugar” (um dos primeiros hits do segundo, sobre prostituição) e colocou Gil e Jorge Ben para tocar juntos pela primeira vez a clássica “Filhos de Gandhi”. O festival foi registrado para se transformar em filme, mas infelizmente pouco mais de meia hora sobreviveu ao tempo. Felizmente esse pouco que sobrou foi parar no YouTube, para nossa alegria. Saca só.
Começo, nessa sexta-feira, um especial para o site da CNN Brasil em que apresento vinte clássicos da música brasileira que completam meio século neste 2022. 1972 foi um ano mágico para a música e por aqui assistiu ao lançamento de discos que praticamente determinaram o que escutamos hoje. A primeira parte da lista inclui o Transa do Caetano Veloso, o Expresso 2222 do Gilberto Gil, o Elis da Elis Regina, o Sonhos e Memórias: 1941-1972 do Erasmo, o Ben do Jorge Ben e o disco de estreia do Jards Macalé. Os outros discos surgem no sábado e no domingo, aviso por aqui.