Como é de se esperar, a cada nova apresentação do show que fizemos em homenagem a Joni Mitchell ele sobe um degrau, mas essa quarta edição que Luiza Villa conduziu no Sesc Avenida Paulista nessa sexta-feira foi um salto em relação às anteriores. Foi o primeiro show feito para o público assistir de pé, o que deu outra cara à apresentação. Também foi a estreia do novo guitarrista, João Vaz, comedido e preciso em suas participações e abrindo vocais com Luiza com frequência, deixando os outros músicos – Pedro Abujamra, revezando-se entre o piano de cauda e o teclado elétrico, Tommy Coelho, que fez um solo maravilhoso de bateria no meio do show, e João Ferrari sempre esmerilhando no baixo – soltarem-se ainda mais, reforçando o vínculo instrumental da banda. Foi o primeiro show com a participação de um músico convidado e a estreia foi de João Barisbe, trazendo seu sax para o universo de Joni sem cerimônias. Mas o principal foi ver como a idealizadora do tributo está cada vez mais à vontade ao encarar uma obra tão rígida. Luiza Villa brilha a apresentação inteira não apenas como vocalista mas também como instrumentista, trocando de guitarras e violões para criar atmosferas especificas para diferentes momentos na noite. O figurino celebrando Patti Smith na capa de seu primeiro disco – a camisa social branca frouxa e a gravata mal amarrada – ajudou-a a soltar-se ainda mais no palco, inclusive nos momentos em que não canta. Mas era a influência de Joni Mitchell que pairava sobre a noite, não apenas com suas letras gigantescas e jogos de palavras, mas com camadas musicais que misturavam folk, jazz, blues e, por que não?, música brasileira, base instrumental de todos no palco. O show contou com músicas novas no repertório: “Goodbye Pork Pie Hat” e “Black Crow”, ambas da fase mais jazz de Joni com Barisbe arrasando em seu instrumento (ele ainda tocou em “Help Me” e no bis do final com “Free Man in Paris”. O show, que ainda teve os belos vídeos de Olívia Albegaria, ainda reverenciou Neil Young no momento acústico, quando Villa chamou Vaz para dividir vocais e violões na maravilhosa “Harvest Moon”. Fácil dizer que o show atingiu outro patamar, vamos ver quais serão os próximos passos.
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Idealizado pela cantora e compositora paulistana Luiza Villa para celebrar os 80 anos de Joni Mitchell em 2023, o espetáculo Both Sides Now chega ao Sesc Avenida Paulista no dia 17 de janeiro, antevendo um bom 2025 para todos. Na apresentação, Villa canta o repertório de um dos maiores nomes da canção norte-americana, como “Coyote”, “Hejira”, “Big Yellow Taxi” e “Little Green” revezando-se entre a guitarra e o violão e os formatos solo e acompanhada por sua banda, formada por Pedro Abujamra (piano e teclados), João Vaz (guitarra), João Ferrari (baixo) e Tommy Coelho (bateria). O show, que tem a direção do jornalista Alexandre Matias, contará com a participação especial do saxofonista João Barisbe e já está com ingressos à venda.
Linda a estreia da carreira musical de Olívia Munhoz, mais conhecida por ser uma das melhores iluminadoras da cena independente brasileira, nesta terça-feira no Centro da Terra. Não digo que foi uma surpresa porque ela já havia me mostrado suas músicas há anos atrás, quando, num papo sobre produção de eventos, ela me contou que também compunha suas próprias canções. Quis ouvir, quis saber mais – e quem repara na luz de Olívia sabe que sua sensibilidade não é meramente cênica. Ela me mostrou as músicas e eu falei que valeria experimentar como um show, algo que temos conversado há alguns anos – e ela sempre me contando os lentos passos: quem seria a banda, como seriam os arranjos, o início das aulas de voz. A minha surpresa veio quando vi aquelas músicas que tinha ouvido ainda em fase demo ganhar corpo e estatura quando ela reuniu, como dizia no título da noite, um Grande Elenco para acompanhá-la. E que elenco! Como se não bastasse a banda base, composta pelos amigos Gongom (bateria), Paola Lappicy (teclados) e Guilherme D’Almeida (baixo), cada um deles solando e brilhando à sua maneira, mas sem tirar o holofote de Olívia, que cantava e tocava guitarra segura e tímida na mesma medida. O espetáculo ainda trouxe participações surpresa luxuosas, entre um naipe de metais – formado por Maria Beraldo, Fernando Sagawa e João Barisbe – e duas vocalistas de apoio – Bruna Lucchesi e Paula Mirhan – que apareceram sem ser anunciados. Mas por mais iluminado que fosse o elenco, toda a luz emooldurava as canções e a interpretação de Olívia, que segurou lindamente essa primeira – e justamente por isso curta, sem bis – apresentação. Uma noite feliz.
A casa cheia nesta terça-feira foi conduzida para outras dimensões a partir do violão e do alaúde de Juliano Abramovay. Sua pesquisa musical que contempla a mescla entre música brasileira e músicas do leste do Mediterrâneo no espetáculo Amazonon teve diferentes nuances a partir dos músicos convidados. Seja sozinho no palco ou com alguns de seus parceiros, ele ia modelando o clima da noite à medida em que recebia novos instrumentistas no palco, seja a excelente cozinha formada pelo baixista Ricardo Zoyo e o baterista João Fideles, o clarinete hipnótico de João Barisbe (com quem gravou o disco Aló no ano passado), a voz transcendental de Yantó, os sopros do catalão Oscar Antoli (que revezou-se entre o clarinete e o balcânico kaval) e, meu momento favorito da noite, o cello e a voz da holandesa Chieko. A condução de Juliano, que pontuava ocasionalmente as peças instrumentais (parte de sua autoria, parte alheia), esbarrava em sua natureza de professor de conservatório, dando uma dimensão ainda maior à viagem no tempo e espeço que proporcionou aos presentes.
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Nesta terça-feiro, no Centro da Terra, o violinista Juliano Abramovay, um dos fundadores do grupo Grand Bazaar, apresenta a nova versão do seu projeto de encontrar pontos em comum entre a música do leste do Mediterrâneo, especificamente Grécia, Turquia e Oriente Médio à musicalidade brasileira. Morando há quatro anos na Holanda, ele aprofundou esta pesquisa no período em que fez seu mestrado em música turca na Conservatório de Rotterdam, onde leciona atualmente, e segue seu doutorado em etnomusicologia na Universidade de Durham. Para esta apresentação no Centro da Terra, ele reúne músicos como o baixista Ricardo Zoyo, o baterista João Fideles, os sopros de Oscar Antoli, a voz e o cello de Chieko, o clarinete de João Barisbe e a voz de Yantó, dando vida a esta nova fase de sua criação. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados neste link.