Som: canto ou fala?

Bonito ver o nascimento de um projeto no palco, ainda mais em se tratando de duas artistas que conheço desde o início de suas carreiras e marcando a confluência entre duas escolas aparentemente distantes. Quando Anna Vis e Jeanne Callegari vieram me falar que haviam se conectado durante semanas de retiro artístico que se submeteram ao lado de outros artistas no mês de março, tinham na cabeça que o Centro da Terra seria um bom início de parceria ao vivo; E quando o lado poético e experimental de Anna, musicista e senhora da canção, pôs-se à frente do lado musical da poeta e performer Jeanne (imersas na luz etérea de Letícia Trovijo), a faísca inicial começou a acender pontos em comum, deixando-as livres para explorar este recém-nascido projeto Fogo Fogo. A apresentação foi justamente uma lenta fogueira de sons distorcendo-se entre cantos e palavras ao mesmo tempo em que usavam elementos discretos externos que ancoravam o texto, que horas era melodia, noutras poesia e em vários momentos algo híbrido dessas duas escolas. Queimai.

Assista abaixo:  

Anna Vis + Jeanne Callegari: Fogo Fogo

Encerramos a temporada de abril no Centro da Terra com o espetáculo Fogo Fogo, concebido pela cantora, compositora, produtora e instrumentista Anna Vis e pela poeta e performer Jeanne Callegari, que traz sua já conhecida Máquina de Pesadelo para dar início no palco a uma parceria que começou em uma residência artística no mês passado e mistura ritmo, ruído e palavra em um forno criativo. A primeira apresentação da dupla acontece nesta terça-feira a partir das 20h e os ingressos estão à venda neste link.

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O encontro de Anna Vis com Jeanne Callegari

Uma mudança súbita de percurso nos obrigou a adiar a apresentação que a cantora cearense Soledad faria no Centro da Terra no último dia deste mês e em seu lugar receberemos o encontro dessa dupla de artistas que acompanho desde o começo. Embora tenham trajetórias diferentes – uma é musicista, compositora e cantora, a outra é poeta e performer -, Anna Vis e Jeanne Callegari se conectaram a partir de uma residência artística que participaram no mês passado e vieram me procurar para apresentar uma proposta que queriam desenvolver juntas bem quando a Soledad me avisou que não poderia fazer seu espetáculo. Assim, aproveitei o calor da hora para aquecer esse match e as duas apresentam na próxima terça-feira Fogofogo, espetáculo que mistura poesia, ruído, texto, beats, samples e palavras. Os ingressos já estão à venda neste link. Em breve anuncio a nova data da Sol.

Leonard Cohen: Dito e Lido – mais uma vez

O Trabalho Sujo completa 27 no próximo domingo, mas já antecipo aqui algumas atividades que estou fazendo para comemorar mais um aniversário. A primeira delas é a realização de mais uma edição do espetáculo Leonard Cohen: Dito e Lido que concebi e dirigi com a querida amiga Juliana Vettore e que desta vez acontece no Sesc Pinheiros. Mais uma vez reunimos Bárbara Eugênia, Jeanne Callegari, Jose Bárrickelo, Juliana R. e Michaela Schmaedel para celebrar a obra do mestre canadense, entre canções e poemas que passam por diferentes fases de sua carreira. O espetáculo acontece no dia 18 de novembro, na próxima sexta-feira, às 21h, e os ingressos já estão à venda no site do Sesc.

Cohen num fôlego só

Leonard Cohen: Dito e lido @ Centro da Terra (2.5.2022)

Alma lavada após colocar de pé Leonard Cohen: Dito e lido, tributo ao mestre canadense que eu e Juliana Vettore concebemos para o Centro da Terra terra ao lado de um time de primeiríssima. Jeanne Callegari, Michaela Schmaedel, Bárbara Eugenia, Juliana R. José Barrickello se revezaram entre poemas, instrumentos musicais, efeitos sonoros, versos implacáveis, bilhetes tenros e refrães memoráveis numa homenagem cujo tom elegante e solene não impediu experimentações e cruzar algumas fronteiras pouco óbvias de sua vida e obra.

Assista aqui.  

Leonard Cohen: Dito e lido

Aproveitando o lançamento no Brasil do livro póstumo A Chama, a querida Juliana Vettore, da Capivara Cultural, me convidou para dirigir uma apresentação em homenagem ao poeta canadense Leonard Cohen. A premissa era fazer algo que transcendesse o sarau rumo a um espetáculo que nos levasse ao encontro do velho Cohen misturando canção, poesia e ruído ao mesmo tempo em que contemplamos diferentes facetas de sua poética. Para isso, convidamos Bárbara Eugenia, Juliana R., Jeanne Callegari, Michaela Schmaedel e José Barrickelo para reverenciar vida e obra deste mestre, que nos deixou em 2016. Os ingressos para esta apresentação, que acontece no Centro da Terra, já estão esgotados.

Bom Saber #079: Jeanne Callegari (Macrofonia)

Nesta semana converso com a poeta e performer Jeanne Callegari, uma das fundadoras do evento Macrofonia, que mistura poesia, ruído, performance e outras disciplinas em apresentações ao vivo que, por conta da pandemia, acabaram por ser deixadas de lado, para a criação de um festival realizado online e gravado na Biblioteca Mário de Andrade. O evento deve voltar às apresentações ao vivo em 2022, mas um dos planos é o lançamento de uma publicação para discutir esta interdisciplinaridade de seu trabalho. Ela também lançou seu terceiro livro de poemas, Amor Eterno 2, neste mesmo período.

Assista aqui.  

Paulo Freire e uma marcha contra a vontade reacionária histórica do Brasil

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Paulo Freire não pode ver o que estamos vendo hoje, mas as anteviu:

“Eu morreria feliz se eu visse o Brasil cheio, em seu tempo histórico, de marchas. Marcha dos que não tem escolas, marcha dos reprovados, marcha dos que querem amar e não podem, marcha dos que se recusam a uma obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha dos que querem ser e estão proibidos de ser… (…) As marchas são andarilhagens históricas pelo mundo; e os Sem Terras constituem pra mim hoje uma das expressões mais fortes da vida política e da vida cívica desse país. Por isso mesmo é que se fala contra eles, e até gente que se pensou progressista. Que fala contra os Sem Terras como se eles fossem uns desabusados, como se fossem uns destruidores da ordem. Não, pelo contrário, o que eles estão é, mais uma vez, provando certas afirmações teóricas de analistas políticos de que é preciso mesmo brigar para que se obtenha um mínimo de transformação. O meu desejo e o meu sonho, como eu disse antes, é que outras marchas se instalem neste país, por exemplo a marcha pela decência, a marcha pela superação da sem-vergonhice que se democratizou terrivelmente neste país. Quer dizer…, eu acho que essas marchas nos afirmam como gente, como sociedade querendo democratizar-se.”

Dica da Jeanne (valeu!).