Impressão digital #0085: O Harry Potter de Scorsese
E na última Impressão Digital no Caderno 2, comento o filme que vi em Nova York na semana passada, que provavelmente é o filme mais bonito de Scorsese…
Magia e tecnologia
O Harry Potter de Scorsese
Na última Impressão Digital, deixo de lado omundo dos celulares, redes sociais e aplicativos para falar deumoutro tipo de tecnologia, mais ancestral. Especificamente, o cinema – que, quando surgiu, era uma novidade tecnológica tão festejada e vilanizada quanto omundo digital é nesse início de século.
Hugo, o novo filme deMartin Scorsese, já estreou no exterior, mas só chega ao País no início do ano que vem. Pude assisti-lo e cravo sem pestanejar: é a mais bela obra da filmografia do diretor. E, mais do que isso, tem tudo a ver com a reputação que Scorsese criou – e deixou de lado nos últimos anos – emsua carreira.
(E, antes de continuar,um aviso: faça-se o favor de não ler muito sobre o filme, pois grande parte da beleza está na surpresa que Hugo esconde para ametade do filme emdiante. Prometo que não toco nesse assunto.)
Scorsese tem sido criticado nos últimos anos por se ter tornado uma espécie de “diretor de aluguel”, que filma obras que não fazem parte de seu espectro artístico. Há um certo exagero, mas a crítica tem fundamento. Basta comparar seus filmes de antes de 1995 (o ano de Cassino) com os que foram feitos depois disso.
Hugo, neste contexto, pode torcer o nariz de quem tem falado mal de sua carreira. Afinal, conta uma história “mágica” de um menino que vive na Paris dos anos 30 e descobre um robô que seu pai (o ator Jude Law) está tentando consertar.
O que vemos a partir daí é uma história quemuitos já conhecem e que tem tudo a ver com o amor de Scorsese pela sua própria arte. E, mesmo que dêum pequeno nó na cabeça do espectador ao traduzir o mundo mágico do garoto Hugo – e explicar o que é a sua Hogwarts (para quem não sabe, Hogwarts é a escola de magia de Harry Potter) –, é umfilme tocante, cheio de citações sutis e uma homenagem do tamanho da importância de Scorsese para o cinema.
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Game over. Esta é a última Impressão Digital no Caderno 2. Agradeço a leitura nestes 85 domingos – e a coluna reaparece no Link, antes do fim do ano.
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