Impressão digital #0076: iPad, Kinect, Kindle Fire e a cultura da obsolescência

, por Alexandre Matias

Esqueci de postar aqui a coluna que escrevi pro 2 no domingo da semana anterior, após o lançamento do Kindle Fire, antes do lançamento do novo iPhone e da morte do Steve Jobs. Não que tenha mudado algo do texto original…

Sucesso repentino
Aparelhos novos vêm e vão

Na semana passada, a Amazon provou, na prática, que seu e-reader, o Kindle, não era concorrente do iPad, da Apple. Como ela fez isso? Lançou um concorrente: seu próprio tablet.

Pois é: além de ter um dispositivo específico para leitura, a maior loja online do mundo agora lançou seu primeiro tablet, que diz ter sido feito para acessar a internet e consumir conteúdo multimídia. O apetrecho chama-se Kindle Fire.

Quem acompanha os lançamentos de tecnologia sabe que este não é nem o primeiro nem o último aparelho a se dispor a peitar o tablet lançado por Steve Jobs no ano passado. A Amazon parece ter entrado bem na disputa por ter dois fatores a seu favor: o preço (o Kindle Fire custa US$ 199 para quem já fizer a pré-venda, menos da metade do preço do modelo mais simples do iPad 2, que sai por US$ 500) e o fato de, assim como a Apple, seu fabricante já possuir um ecossistema de negócios pronto e funcionando muito bem.

A mesma Apple prepara-se para, na próxima terça-feira, lançar a quinta versão de seu iPhone, pouco mais de um ano após o lançamento da versão anterior. E o iPad 3 já havia sido anunciado, mas foi colocado em modo de espera depois que Jobs deixou o cargo de CEO da empresa.

Instantâneo. Isso tende a ser cada vez mais comum. Uma reportagem do New York Times desta semana ouvia diferentes analistas para chegar à conclusão de que se um produto não desse certo logo que era lançado, seu futuro era mais do que incerto. Podia talvez nem existir. Vide a quantidade de tablets que foram lançados após o iPad e que deram com burros n’água.

Cada vez mais as empresas de tecnologia precisam fazer barulho em torno de seus aparelhos para garantir sua sobrevivência no mercado. Dois dos principais aparelhos lançados no ano passado (o iPad e o Kinect, da Microsoft) só estão aí até hoje porque venderam muito bem em suas primeiras semanas.

A onipresença tecnológica obriga todos a correr atrás do sucesso repentino, o que pode tornar a indústria de aparelhos tão afobada quanto a de filmes e de discos hoje em dia. Quantos discos ou filmes sobrevivem após um mau fim de semana de lançamento? E, pior, a partir desta lógica, que espécie de filmes e discos são lançados com alarde hoje em dia?

Será que um dia veremos lançamentos mirabolantes e grandiosos serem anunciados num dia para, na semana seguinte, cair em desuso? Ou será que já estamos vivendo nessa época?

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