Impressão digital #0039: O ano de Zuckerberg
E na minha coluna de ontem no Caderno 2, falei sobre o ano de Mark Zuckerberg.
O ano de Zuckerberg
O pai do “Feice” é o nome de 2010
2010 foi o ano do Facebook. Não apenas dele, claro: na retrospectiva que estamos fazendo em três partes no caderno Link (a terceira parte sai na edição de amanhã), escolhemos, além da rede social, os aplicativos e geolocalização como três dos principais temas do ano. Mas o Facebook foi além do universo digital e ganhou o planeta. Não foi à toa que seu criador, Mark Zuckerberg, foi eleito a Personalidade do Ano segundo a revista Time.
Exagero? Vejamos: um universitário cria um site que conecta estudantes de Harvard. O site cresce e começa a permitir estudantes de outras universidades americanas. Cresce ainda mais e abre para o público em geral. E deixa de ser só um concorrente do Orkut, graças a uma série de programas e ferramentas (os tais aplicativos) que o transformam em um lugar em que é possível jogar games, fazer compras, agendar eventos, discutir em grupo, enviar mensagens, armazenar vídeos, fotos e se informar. Mais do que um simples site de relacionamento, o Facebook aos pouco se tornou um ambiente virtual facilmente familiarizável a todos que usam computador e internet atualmente.
E em 2010 foi quase todo mundo mesmo: o site passou o meio bilhão de cadastrados; criou o botão “Curtir”, que possibilitou a integração da rede social com todos os outros sites do mundo; abriu escritórios em ainda mais países; passou o Orkut na Índia, único país, além do Brasil, em que a rede social do Google dominava.
No Brasil, ele só faz cócegas no Orkut: são 8 milhões de usuários do Facebook contra 43 milhões de cidadãos da rede do Google. Mas já dá para perceber os sinais de seu avanço – quem está no site há tempos já deve ter percebido que, de uns meses para cá, os novos cadastrados na rede social não são mais jovens adultos, gente do meio digital ou de comunicação. São parentes mais velhos, vizinhos, conhecidos, gente que até outro dia se conformava apenas com o Orkut. E arrumaram um apelido específico para o site, chamando-o apenas de “feice”, abrasileiramento que colocamos na capa da primeira edição de retrospectiva do ano, há duas semanas.
O Facebook pode se tornar a grande rede social do mundo de fato – alguns países (como Rússia e China) nem sequer começaram a ser “colonizados” pelo site. Se isso acontecer, Zuckerberg substituirá Bill Gates. O pai da Microsoft, nos anos 80, foi um dos inventores do computador pessoal e criou o sistema operacional Windows, um ambiente virtual que ainda domina, 30 anos depois, a paisagem digital.
O Facebook pode virar uma espécie de Windows da web – e esta é a ambição de Zuckerberg: fazer com que todos naveguem na internet sem precisar sair de seus domínios.
Ajuda também o fato do criador do Facebook passar a ser uma figura pública, principalmente após o lançamento do filme A Rede Social, que já está recolhendo prêmios pelos EUA e que tem grandes chances de se tornar o principal concorrente ao Oscar do ano que vem.
Não que isso afete os planos de dominação de Mark. Mas graças ao filme, seu rosto na capa da Time não é mais apenas o de um certo geek desconhecido.
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