A exuberância natural de Inhotim como palco do Jardim Sonoro

Aproveitei a ida para o festival Jardim Sonoro em Inhotim para fazer um relato ao Toca UOL, em mais uma colaboração que faço para o site, falando um pouco mais das apresentações de Luiza Brina, Ilê Aiyè, Dijuena Tikuna, Mônica Salmaso, Cécile McLorin Salvant, Tetê Espíndola, e Josyara neste que, apesar de recente, é um dos melhores festivais do Brasil atualmente.  

Jardim Sonoro: um festival de música com outra concepção de mundo

Fui mais uma vez convidado para assistir ao Jardim Sonoro, festival de música que o Instituto Inhotim realiza em meio às suas obras artísticas e naturais nesse cenário que é único ao equilibrar majestosamente a exuberância da natureza tropical e os questionamentos da arte contemporânea a céu aberto. Como na primeira edição realizada no ano passado, o festival durou apenas um fim de semana e manter o número mínimo de atrações por dia atrelado à experiência sensorial de sua realização foi uma das decisões que o tornam tão único – tanto em termos artísticos quanto de conforto – no cenário de eventos de escala gigantesca, dezenas de shows em palcos simultâneos, causando filas e outros tipos de perregue que podem comprometer toda a disposição para assistir a qualquer tipo de show. A curadoria de Júlia Rebouças e Marília Loureiro desta vez centrou-se na voz, tirando de cena artistas instrumentais (que eram parte considerável da edição do ano passado), e chegou a um número de artistas quase 100% feminino, única exceção foi o coletivo baiano Ilê Aiyê, que tocou quase final do domingo, antes do DJ set da mineira Brisa Flow. O festival começou bem com a amazonense Dijuena Tikuna, artista indígena que cantou na língua de seu povo e abriu o sol que manteve-se por todo o evento, ao contrário do que a previsão do tempo indicava. Shows equivalentes da mineira Luiza Brina e da baiana Josyara abriram as manhãs do sábado e do domingo, mostrando a força e a sensibilidade das autoras da nova geração da música brasileira – cantoras, compositoras e musicistas que dominam seus três instrumentos (voz, caneta e violão), criando atmosferas únicas que, apesar das referências, não soam como ninguém. O sábado contou com um dos grandes momentos do evento quando Mônica Salmaso brilhou ao lado de João Camareiro e Teco Cardoso ao passear pelo repertório de Tom Jobim, numa apresentação deslumbrante que preparou para o festival. A estadunidense Cécile McLorin Salvant entrou logo em seguida passeando por standards de jazz, números latinos e até uma versão em português para “Retrato em Branco e Preto”. No domingo, o brilho ficou em Tetê Espíndola, que passeou pelo repertório da música pantaneira e por um sertanejo que não está mais no mapa, além de citar seus principais hits. O festival encerrou com a celebração do bloco baiano Ilê Aiyê, coroando essa edição do Jardim Sonoro como um exemplo de como podem evoluir os festivais de música. Que venham as próximas edições!

Atualização: Escrevi sobre o festival para o UOL.

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A segunda edição do Jardim Sonoro vem aí!


Foto: Daniela Paoliello (divulgação)

O museu Inhotim, que fica no interior de Minas Gerais, abre mais uma vez suas portas para a música ao anunciar a segunda edição de seu festival Jardim Sonoro, que esse ano acontece nos dias 11, 12 e 13 de julho. No ano passado, o evento, que acontece em meio às obras de arte do parque-museu já havia marcado o calendário do ano ao reunir artistas como Paulinho da Viola, o coletivo Aguidavi do Jêje, o grupo Sambas do Absurdo e atrações internacionais como Kalaf Epalanga, Joshua Abrams & Natural Information Society, Kham Meslien e Zoh Amba – estive lá o ano passado e foi uma experiência incrível. A edição deste ano conta com a cantora e ativista indígena amazonense Djuena Tikuna, que apresenta o espetáculo Torü Wiyaegü, recriando um ritual de seu povo Tikuna, a mineira Luiza Brina, a paulistana Mônica Salmaso, a cantora franco-estadunidense Cécile McLorin Salvant, a baiana Josyara, a sulmatogrossense Tetê Espíndola, o grupo baiano Ilê Aiyê e a multiartista mineira Brisa Flow. “O festival segue dando ênfase a uma experiência que conecta arte, natureza e música e após o primeiro ano, percebemos que esses três elementos poderiam ser rearranjados conceitualmente a cada nova edição”, explica a nova curadora, Marilia Loureiro. “Na segunda edição, pensamos quais obras e quais paisagens do museu poderiam reverberar o partido curatorial que queremos explorar em 2025 – a voz -, por isso, os palcos serão montados em novos locais, tendo em conta as obras e a natureza dos arredores, bem como os percursos feitos pelas pessoas visitantes até as atrações musicais.” O Palco Desert Park fica localizado próximo à obra Desert Park, de Dominique Gonzalez-Foerster, em meio à vegetação do parque e próximo à Galeria Adriana Varejão, Galeria Galpão e ao Vandário. O outro palco, Piscina, ficará perto da obra de mesmo nome, feita de Jorge Macchi. “Redesenhar uma experiência imersiva nova a cada edição que conecte arte, natureza e música é, provavelmente, nosso maior desafio curatorial, mas também o que mais nos estimula a seguir com o Jardim Sonoro”, conclui. O festival é gratuito para quem visitar o parque nos dias do evento.