Agora vai! Depois de um começo de ano caótico, finalmente vamos conseguir fazer o primeiro show de 2025 da Como Assim?, banda não-autoral que tenho com Carlão, Potuma e Pablo desde o início da década. Nesta apresentação, mostramos mais uma vez composições alheias que funcionam como trilha sonora daquele táxi pós-balada, misturando George Michael com Ritchie, Johnny Cash com Sade e New Order com Stooges. Desta vez quem abre a noite é outra banda não-autoral, a Transtorno, que faz seu show de estreia. Os concertos musicais acontecem a partir das 20h deste sábado, dia 27 de setembro, no Estúdio Aurora (Rua João Moura, 503. Sala 12. Pinheiros) e os ingressos já estão à venda.
Claudia Cardinale, sinônimo de musa, de mulher independente e do cinema italiano, nos deixou nesta terça-feira, aos 87 anos. Joia da cultura da Itália apesar de nascida na Tunísia, La Cardinale surgiu como deusa idealizada pela sétima arte nos anos 70, foi a partir de 1963 que atingiu um novo patamar, ao estrelar, quase que simultaneamente, dois monumentos do cinema da península mediterrânea erigidos por dois de seus maiores nomes: o épico O Leopardo de Luchino Visconti e o pós-moderno 8 e 1/2, obra-prima de Federico Fellini. Estrelar estes dos dois filmes a elevou a um patamar que apenas Sophia Loren, entre suas conterrâneas contemporâneas, teve neste mesmo período. Foi a partir destes dois filmes que parou de ser dublada (os diretores anteriores tinham vergonha de seu sotaque, abraçado pelos autores dos dois filmes citados) e começou a usar seu estrelato como uma forma de mostrar como uma nova mulher estava pronta para surgir e dominar o mundo, longe da família, maternidade e afazeres domésticos. Esta fama a leva para os EUA naquele mesmo ano, quando realiza o primeiro filme da série A Pantera Cor de Rosa (de Blake Edwards, com Robert Wagner, Peter Sellers e David Niven) e torna-se um nome recorrente em filmes do período. Sua fase áurea terminou com Era uma Vez no Oeste, de 1968, Sergio Leone, mas ela seguiu fazendo filmes e recusando-se a fazer cirurgias plásticas ou intervenções cosméticas para disfarçar a idade, atuando ao lado de Brigitte Bardot, outro ícone do período, no faroeste As Petroleiras (1971), e sob a batuta insana de Werner Herzog em seu épico amazônico Fitzcarraldo (1982). Defensora dos direitos das mulheres desde cedo, ela foi mãe após ser vítima de um estupro ainda adolescente e teve de fingir nos primeiros anos de sua carreira que seu filho era seu irmão mais novo – e sustentá-lo foi o motivo de aceitar trabalhar no cinema. Ao assumir a maternidade após ter se tornado um nome de peso na indústria de seu país, ela passou a vocalizar necessidades e exigências femininas na década em que transformações sociais eram impostas pela base da sociedade. Ela trouxe essas discussões para o cinema, principalmente nos bastidores. E morreu cercada pelos dois filhos, Patrick e Claudia, que nasceu após o casamento com o diretor Pasquale Squitieri, falecido em 2017, que considerava seu único amor.
Um coadjuvante de luxo do rock dos anos 50, Sonny Curtis, que morreu nesta sexta-feira, após complicações com uma pneumonia, foi o primeiro parceiro musical de Buddy Holly e era um dos Crickets que acompanharam o ás da canção da era do rock, que morreu tragicamente aos 23 anos. Curtis e os companheiros de Buddy seguiram com um grupo e em seu primeiro álbum, lançado em 1960, em que trouxeram dois clássicos escritos pelo guitarrista: “Walk RIght Back”, que tornou-se um sucesso antes da gravação dos Crickets pois o baterista da banda, Jerry Allison, havia sugerido-a para os Everly Brothers, com quem ele também tocava, e “I Fought the Law”, hino de rebeldia roqueira que foi regravado por gente tão diferente quanto Roy Orbison, Tom Petty, Bruce Springsteen, Dead Kennedys e, claro, o Clash. Curtis alternou sua carreira solo com reuniões recorrentes dos Crickets, mas acertou mais uma vez na mosca quando foi incumbido de compor a música-tema para o novo seriado estrelado por Mary Tyler Moore nos anos 70 – e a irresistível “Love is All Around” certamente pagava boa parte de suas contas até sua morte.
Chegando ao final de agosto, é hora de anunciarmos as atrações musicais que subirão ao palco do Centro da Terra nas segundas e terças-feiras de setembro. A temporada do mês fica por conta do saxofonista e arranjador João Barisbe, que aproveita as quatro primeiras segundas-feiras do mês para desenhar uma mesma obra dividida em quatro versões. Turismo Inventado terá diferentes convidados a cada primeiro dia da semana. Na primeira terça do mês (dia 2), o baixista Valentim Frateschi comemora seu aniversário no palco do teatro, antecipando o lançamento de seu primeiro disco solo, Estreito, numa apresentação com vários convidados. Na semana seguinte (dia 9), é a vez do baterista Theo Ceccato mostrar uma versão de câmara de seu projeto impetuoso chamado Pah!, em que divide a noite com o xará Téo Serson num espetáculo batizado de Competição De Cuspe A Distância. Na terceira terça do mês (dia 16), é a vez do homem violeta de outono Fabio Golfetti mostrar todo seu ar ambient e progressivo em uma apresentação solo chamada de Música Planante. Na quarta terça-feira do mês (dia 23), a artesã sonora Lea Taragona apresenta a nova fase de seu projeto Dibuk no espetáculo Uivo. Encerrando o mês, na última segunda de setembro (dia 29), a dupla Luli Mello e Leo Bergamini mostram o trabalho que vêm desenvolvendo a dois no espetáculo Planeta Antiguinho e o mês termina na última terça (dia 30), quando o quarteto catarinense Tutu Naná antecipa mais um disco que lançam esse ano, chamado de Masculine Assemblage. Os espetáculos começam pontualmente sempre às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
#centrodaterra2025