TV Serge Gainsbourg – Parte 8

Historie de Melody Nelson é o principal feito musical de Serge Gainsbourg. Se “Je T’Aime…” o transformou em uma personalidade global, o disco que tornou-se culto lapidava esta personalidade à minúcia, num auto-retrato pop feito por um ex-pintor que abandonou as telas por considerar-se apenas bom. Mellody Nelson conta a saga da personagem-título, uma adolescente inglesa que, andando de bicicleta, quase é atropelada pelo narrador francês do disco, o próprio Serge, que vinha dirigindo seu Rolls Royce prateado. A saga medieval da princesa salva pelo príncipe encantado vem para um século 20 em que tribos indígenas e aviões a jato convivem lado a lado (e culminam com o trágico fim do disco, em “Cargo Culte”) e Serge Gainsbourg molda sua personalidade pública para a segunda metade de sua vida. Recém passado dos 40 anos e com uma modelo de vinte e poucos a tiracolo, ele assume o papel de velho pervertido desde o tom de sua voz, cada vez menos cantado e mais falado, sussurrado, enquanto culmina a parceria com o maestro e arranjador Jean-Claude Vannier em um disco com menos de meia hora de duração e em que cordas derretidas misturam-se com baixo funky e guitarra psicodélica, funcionando como um pano de fundo quase surrealista para os gemidos de Jane e as baforadas de Serge. E é incrível descobrir que quase todas as faixas do disco renderam um especial de televisão.


Serge Gainsbourg – “Melody”


Serge Gainsbourg & Jane Birkin – “Ballade de Melody Nelson”


Serge Gainsbourg & Jane Birkin – “Valse de Melody”


Serge Gainsbourg & Jane Birkin – “L’hôtel particulier”


Serge Gainsbourg & Jane Birkin – “En Melody”


Serge Gainsbourg & Jane Birkin – “Cargo Culte”