O júri de Musica Popular da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), do qual faço parte ao lado de Adriana de Barros @dribarrosreal (TV Cultura e Mistura Cultural), Bruno Capelas @noacapelas (Programa de Indie), Camilo Rocha @bateestaca (Bate Estaca), Cleber Facchi @cleberfacchi (Música Instantânea e Podcast VFSM), Felipe Machado @felipemachado_oficial (IstoÉ), Gulherme Werneck @guiwerneck (Canal Meio e Ladrilho Hidráulico), José Norberto Flesch @jnflesch (Canal do Flesch), Marcelo Costa @screamyell (Scream & Yell), Pedro Antunes @poantunes e Pérola Mathias @poroaberto (Poro Aberto e Resenhas Miúdas), acaba de anunciar os indicados em quatro categorias dos Melhores de 2024: Artista do Ano, Artista Revelação, Melhor Show e Melhor Música. A categoria Melhor Disco de 2024 já conta com 25 discos indicados no primeiro semestre ao qual serão acrescidos mais 25 discos do segundo semestre, a serem anunciados em janeiro. Veja abaixo:
“Viver é a maior fonte, sem fim, de alegria e de prazer”: ouvir Hermeto Pascoal, do alto de seus 88 anos, dizer isso no meio de mais uma de suas apresentações catárticas com mais de uma hora e meia de duração, é daquelas inspirações motivacionais que renovam a energia vital de qualquer indivíduo que sinta seu coração bater no peito. Mesmo com um breve momento fora de circulação para resolver questões de saúde, incidente felizmente já resolvido e que parece tê-lo reenergizado, o maior nome vivo do jazz brasileiro está encerrando um 2024 de ouro ao lançar o belíssimo Para Você, Ilza (disco réquiem sobre a presença sentimental da eterna companheira que batiza o disco, falecida no início do século, que fez o maestro ganhar um Grammy Latino), seguir em turnê pelo Brasil e pelo exterior e assistir ao relançamento em vinil de alguns de seus clássicos, como Em Som Maior (1965), lançado com o trio que tinha com by Humberto Clayber e Airto Moreira, o Sambrasa Trio, e Lagoa da Canoa Município de Arapiraca (1983). E antes de encerrar o ano passou pelo Sesc Pompeia para três apresentações neste fim de semana com sua Big Band, regida pelo tecladista de seu conjunto habitual, André Marques, e que ainda conta com dois integrantes daquele grupo, o saxofonista Jota P. e o filho de Hermeto, o percussionista Fábio Pascoal. Liderando um grupo que contava com baixo, guitarra, bateria, percussão, piano, teclado e quinze integrantes na metaleira (cinco trombonistas, cinco trompetistas e cinco saxofonistas e flautistas), o repertório da noite é centrado no disco Natureza Universal, que gravou com essa formação em 2017. E Hermeto praticamente não encosta no teclado à sua frente, emanando frequências que se traduzem em música em instrumentos improvisados (como a clássica chaleira com bocal de trompete no pico e um reles copo d’água), o próprio canto inventando palavras, momentos de filosofia musical pura em alguns intervalos e apenas sua própria presença magnética, regendo aquele ambiente de sonoridade universal em que a adoração pela musicalidade se mistura com um otimismo radiante que nos faz perceber a beleza da vida, extraindo toneladas de tensão dos ombros do público que lotou o teatro nessa sexta – e vai lotar sábado e domingo, que já têm ingressos esgotados. Um ótimo jeito de amaciar o peso deste fim de 2024.
O New York Times acaba de publicar uma lista de músicas para quem quer se aprofundar em jazz brasileiro e entre convidados ilustres como Marcos Valle, Joyce Moreno e Amaro Freitas figura este que vos escreve pinçando um dos meus momentos favoritos da história da música: o bis do show que Elis Regina fez no festival de Montreux, na Suíça, em 1979, ao lado de Hermeto Pascoal. Abaixo publico o texto original em português e a íntegra deste show que é um dos maiores acontecimentos da música do século passado e a lista do jornal nova-iorquino você lê neste link. Obrigado pelo convite senhor Marcus e valeu pela ponte senhor Jeff.
Terça passada aconteceu mais uma premiação da Associação Paulista dos Críticos de Arte (desta vez transmitida online, dá pra conferir aqui) e esta semana a comissão de música popular da APCA, da qual faço parte ao lado de Adriana de Barros (TV Cultura), Bruno Capelas (Programa de Indie), Camilo Rocha (Bate Estaca), Cleber Facchi (Música Instantânea), Felipe Machado (Istoé), Guilherme Werneck (Meio e Ladrilho Hidráulico), José Norberto Flesch (Canal do Flesch), Marcelo Costa (Scream & Yell), Pedro Antunes (Estadão e Tem um Gato na Minha Vitrola) e Pérola Mathias (Poro Aberto), escolheu os 25 melhores discos do primeiro semestre deste ano. Uma boa e ampla seleção que não contou com alguns dos meus discos favoritos do ano (afinal, é uma democracia, todos têm voto), mas acaba sendo uma boa amostra do que foi lançado neste início de 2024. E pra você, qual ficou faltando?
Qualquer apresentação de Hermeto Pascoal é um choque fulminante de energia musical capaz de ligar qualquer ser vivo e conectá-lo ao mergulho sônico que convulsiona no palco. O bruxo rege tudo com seu magnetismo e todos os integrantes de sua banda não tiram o olho dele quando ele assume os teclados. Por vezes, senta-se apenas para apreciar seus músicos tocarem – e o entrosamento de Jota P., André Marques, Itiberê Zwarg, Ajurinã Zwarg e do filho Fabio Pascoal é de uma conexão única, que, à medida em que o show vai passando, vai sugando o público. Hermeto, lógico, é o principal foco de atração em toda Casa Natura Musical, onde aconteceu o show desta quinta-feira, e vai regendo tanto seu conjunto quanto o público como uma criança molda um boneco com argila, apenas brincando. Pede para os músicos solarem, mudarem o andamento ou o timbre do instrumento enquanto faz a audiência repetir frases musicais simples que vão se tornando cada vez mais complexas. O grupo ainda contou com a presença do trompetista Luís Gabriel, que apimentou ainda mais a parte final da noite. Uma celebração musical que mais tarde o próprio me corrigiria – “celebrassom!”, inventou a palavra para mostrar que as duas coisas – a festa e a música – são uma coisa só. Pura magia.
E quem entregou o título de doutor honoris causa da Juilliard School nessa sexta-feira para o nosso Hermeto Pascoal foi Wynton Marsalis, que fez um discurso apaixonado para o bruxo.
E a renomada Juilliard School concede o título de Doutor Honoris Causa ao nosso bruxo Hermeto Pascoal. Não que ele precise de títulos acadêmicos – sua obra fala mais alto que inúmeros diplomas -, mas o reconhecimento da escola de música norte-americana é mais uma prova de que a música de Hermeto transpõe fronteiras e categorias. A cerimônia acontece nestaa sexta-feira, dia 19, no no Alice Tully Hall do Lincoln Center, em Nova York, e será transmitida pelo site da Juilliard a partir das 11 da manhã no horário local (meio-dia pra gente, no horário de Brasília). Salve Hermeto e viva a música!
O segundo dia da versão paulistana do Primavera Sound correu ainda mais suave do que o primeiro. Talvez por não ter atrações tão midiáticas quanto Arctic Monkeys ou Björk, o domingo do festival atraiu um público mais afeito ao trabalho dos artistas – ou, melhor dizendo, das artistas. O festival consagrou uma versão feminina do pop contemporâneo que se traduzia tanto no público quanto no astral coletivo, deixando tudo mais receptivo e suave, tolerante e acolhedor. O domingo foi das mulheres e mesmo que Travis Scott tenha atraído uma enorme massa para o palco do patrocinador principal (o pior palco do evento, disparado), corações e mentes foram tragados pela alma fêmea do festival, que no segundo dia foi representada especificamente por Phoebe Bridgers, Jessie Ware (o melhor show de todo o fim de semana!), Lorde e Arca.
Hermeto Pascoal é o centro de um domingo de homenagens no Centro Cultural São Paulo. Seu conceito Música Universal é tema de um minidocumentário, que inspira também uma exposição com direção de arte feita pelo novíssimo Edgar. O domingo termina com um show do bruxo às 18h – os ingressos começarão a ser distribuídos duas horas antes (mais informações aqui).
Olha só como vai ser o mês de junho da curadoria de música do Centro Cultural São Paulo:
1/6) Paulo Neto – O cantor e compositor pernambucano apresenta seu disco Rosário de Balas, às 19h
2/6) Hermeto Pascoal – Apresentação gratuita do bruxo, que apresenta seu conceito de Música Universal, às 18h
6/6) Marina de la Riva – A cantora carioca mostra seu disco mais recente, às 21h
9/6) Verônica Ferriani – A cantora e compositora paulista transforma seu disco mais recente, Aquário, num pequeno concerto, às 18h
12/6) Associação Livre Invisível – A big band mostra seu disco Trânsito, com participação de Dani Nega, às 21h – de graça
13/6) Gabriel Thomaz Trio + Doctor Explosion – A banda instrumental do líder dos Autoramas lança seu primeiro disco com a participação do veterano grupo espanhol
15/6) Nill + Yung Buda – Dois dos principais nomes da Soundfood Gang dividem o palco da Adoniran, às 19h
16/6) Bárbara Eugenia – A cantora carioca lança seu Tuda, às 18h
18 e 19/6) Alice Caymmi – Ela começa a mostrar seu novo disco Electra, às 21h
20/6) Samuca e a Selva – O grupo mostra músicas de seus discos Madurar e do mais recente Tudo que Move é Sagrado
22/6) Guitar Days: Pin Ups + Twinpines + Wry + Sky Down A exibição do documentário Guitar Days finalmente acontece no festival In Edit, que também traz este minifestival indie – de graça, às 18h
23/6) Tinta Preta + M. Takara + Carla Boregas + Juliana R. – Dois projetos do coletivo A Onda Errada invadem a sala Adoniran Barbosa, às 18h
27/6) Beto Montag – O músico mostra as canções de seu disco Psycoletivo, às 21h
29/6) Jaz Coleman – O líder do Killing Joke vem para o Brasil em uma apresentação solo, às 19h
30/6) Negro Leo – Ele finalmente começa a colocar em prática seu Desejo de Lacrar, com grande elenco, às 18h