Finalmente vamos ver a tão aguardada cinebiografia de um dos maiores nomes da música moderna vivido por um dos titãs da dramaturgia cinematográfica. Phil Spector inventou o chamado “wall of sound” ao comprimir uma orquestra inteira em um canal para contrapor a estrutura básica da canção pop e, com isso, elevou seus hits a um patamar de excelência inexistente no universo do rádio de seu tempo (uma espécie de internet do meio do século passado). Com isso, reinventou o papel do produtor musical, transformando o supervisor técnico de áudio do estúdio em uma espécie de diretor da sessão de gravação, sua assinatura reverberada como uma grife. Não à toa seus hits daquele tempo reverberam até hoje – “Be My Baby”, “You’ve Lost That Loving Feeling”, “Spanish Harlem”, “Then He Kissed Me” e “Unchained Melody” são clássicos modernos que pavimentaram o caminho tanto para a ascensão dos Beatles quanto para a consolidação do modus operandi do Brill Building e da Motown.
Não bastasse tudo isso, Spector ainda é instrumental no final dos Beatles, quando produz o póstumo Let it Be (sendo o único produtor dos Beatles nos discos oficiais além de George Martin) e grava os melhores discos solo de John Lennon e George Harrison. Acha pouco? Produziu End of the Century, dos Ramones, e “River Deep Mountain High”, ápice da carreira do casal Ike e Tina Turner. O problema é que esse gênio das gravações era um psicopata ditador obcecado por armas e disposto a ir até o fim, em qualquer situação. Assim, Phil Spector, o filme, mira seu roteiro no histórico criminal do produtor, interpretado por um escandaloso Al Pacino, e em sua relação com sua advogada de defesa, vivida por Helen Mirren. Não bastasse tudo isso (além da chancela HBO), o filme ainda é dirigido e escrito pelo David Mamet, um dos autores mais teatrais de Hollywood atualmente. Eis o trailer, abaixo:
O Funny or Die sugere uma continuação.
Pinçado pelo Carneiro.