Morreu nesta segunda-feira um ícone do rádio brasileiro – e de uma forma estúpida (caiu no banheiro, bateu a cabeça e não chegou ao hospital a tempo). Dono de um forte timbre barítono que logo seria ultrapassado pela forma de cantar lançada primeiro por João Gilberto, depois Roberto Carlos e finalmente os principais nomes da MPB, ele seguiu sua carreira mantendo sempre aquele padrão, o que fez aproximar-se, com o tempo, de outros ícones do período, como Cauby Peixoto e Agnaldo Timótheo. Sua linda voz encaixava-se perfeitamente como seu ar de galã, que o tornou um verdadeiro astro da música no Brasil durante décadas a fio, fazendo-o circular pelo cinema e pela TV. Um registro que acaba resumindo seu talento está no dueto que fez com Hebe Camargo no filme Zé do Periquito, filme do estúdio Vera Cruz lançado em 1960, escrito, dirigido e estrelado por Mazzaropi. Os dois cantam “Passe a Viver”, de Heitor Carillo, numa cena que funciona como uma cápsula de tempo de um Brasil que ainda não havia se modernizado mas também naõ havia caído na ditadura militar, período que o próprio Rayol talvez seja seu melhor garoto-propaganda.
Não bastasse a escolha da protagonista ser ótima (Andrea Beltrão parece ter nascido pra viver este papel), a cinebiografia sobre Hebe Camargo (Hebe – A Estrela do Brasil, que estreia em setembro) toca em pontos sensíveis para o Brasil de 2019.