Impressão Digital #131: Saindo do Link Estadão


A última encarnação do Link que comandei (em sentido horário a partir da esquerda): eu, Camilo, Thiago, Murilo, Vinícius, Carol, Filipe e Tati. sdds glr :~

Minha coluna de despedida da edição do Link. A coluna segue no caderno, toda segunda, mas desde a sexta-feira passada eu não frequento mais os corredores do sexto andar do prédio ocre perto da ponte do Limão na Marginal Tietê. Foi foda – saio com dorzinha no peito por perder determinadas convivências diárias, mas com a sensação de dever cumprido. Depois eu escrevo mais sobre isso…

Jornalismo, tecnologia, web e o que eu tenho a ver com isso
Sou feliz de trabalhar com quem trabalhei

Foi num jornal diário que comecei minha carreira e tomei gosto pelo jornalismo. A redação em que diferentes egos e perspectivas conversam e se chocam é um ambiente fantástico, circo-hospício seríssimo. Os assuntos mais pedestres trombam com as Grandes Questões da Humanidade, tudo correndo contra o relógio do fechamento, segundos contados para terminar o texto, chegar a foto, tratar a imagem, exportar a arte, pensar na página.

A primeira redação em que trabalhei tinha acabado de aposentar as máquinas de escrever e as trocado por PCs, mas não havia e-mail nem internet. Filmes eram revelados. Fumava-se na redação. Parece Mad Men, mas era 1994.

Lembro do primeiro PC com acesso à internet na redação, abandonado na sala de produção, ao lado dos computadores com matérias das agências de notícias, faxes e até uma máquina de telex. Eu era o único jornalista que me dedicava mais do que meia hora online, fuçando sites, listas de discussão e e-zines, antes de ter acesso à web em casa. Não à toa instiguei o próprio jornal a ter sua própria página na rede, ainda em 1996.

Mudei para a redação do jornal concorrente e tornei-me editor do caderno de cultura no mesmo ano em que o Napster popularizou o MP3. Foi quando percebi que internet não era só tecnologia – era cultura. Que baixar MP3 era o primeiro indício da transformação que o meio digital trazia. Não era só uma forma nova de “consumir cultura”, mas uma nova camada de experiência que atravessaria nosso cotidiano em breve.

E aconteceu: vieram os blogs, o Google cresceu, depois o YouTube, as redes sociais e o celular passou a acessar a internet. Passei por outras redações e cheguei a esta do Estadão no mesmo ano em que Steve Jobs mostrou seu iPhone. Novamente num jornal diário, mas o digital se impunha: fatos podiam ser checados online, fontes e personagens podiam ser descobertos em redes sociais, repórteres mandavam informações por celulares, todo mundo tinha e-mail, uma parte (pequena) da redação tinha blog. Ainda havia a máquina de fax e não era possível fumar no computador, mas ainda havia o fumódromo.

Quando comecei no Link, ainda editor-assistente, era relativamente fácil separar quem cobria que área no caderno. Mas os assuntos se misturaram e, ao ser promovido a editor em 2009, implodimos essas barreiras. Como passamos a escrever tanto para um caderno semanal quanto para um site diário – em vez de separar quem é do impresso com quem é do online. A mesma equipe também assumia o caderno em outras plataformas, que experimentou com as redes sociais antes do próprio jornal ter suas contas. Falamos do Twitter, do Marco Civil, do Facebook, da pirataria política e de impressão 3D antes de esses assuntos entrarem na pauta brasileira.

Mas a melhor coisa nestes cinco anos e meio de Link, que terminam nesta edição (estou deixando o Estadão esta semana) foi estar junto a pessoas ótimas, amigos dispostos a encarar desafios e a aprender, sempre de bom humor. Pessoalmente é a principal dívida que tenho com o jornal: ter trabalhado com pessoas tão fodas que vocês conhecem pelo nome e sobrenome, mas que me refiro como amigos – Filipe, Tati, Camilo, Murilo, Carol, Vinícius, Thiago, Helô, Carla, Rafa, Fernando, Ana, Fred, Rodrigo, Bruno, Ju, Lucas, Gustavo, Marcus. Juntos, transformamos não apenas o suplemento de tecnologia em um caderno central para o jornal como aceleramos a mudança na cobertura de tecnologia no Brasil. Além de termos aprendido e nos divertido muito, neste processo.

Quis o destino que meu último Link viesse na mesma semana em que o primeiro jornal que trabalhei acabou; o Diário do Povo, de Campinas, parou de circular no primeiro domingo deste mês. Mas isso não significa que o impresso irá acabar – estamos começando a ver uma transformação bem interessante no que diz respeito ao jornalismo, à tecnologia e, claro, à cultura humana. Vamos ver o que virá.

Saio da redação, mas sigo nestas páginas. A Impressão Digital segue aqui, toda segunda. Foi muito bom, aprendi muito. E não se esqueçam: só melhora.

Comichão e Coçadinha completo

48 minutos de ultraviolência para crianças:

Vi no Gustavo.

Geral fumando um

TMZ X9, entregando geral. Dica do Gustavo.

Lady Gaga ou Sofia Vergara?

Escolha seu lado.

O meu é o da Sofia.

Tunguei do Gustavo, que agora é Fubap, e dá a dica dos melhores momentos em seu novo blog.

Lost por Gustavo Miller

Todo relacionamento amoroso tem lá suas falsas promessas. O meu, durante três anos, foi um só: ver Lost. A Bem Amada, com quem conversava de cinema, cultura trash, televisão e qualquer bobagem, do dia pra noite resolveu só falar dessa porra, que em 2004 me parecia ser apenas um derivado do filme Náufrago.

Ela passava finais de semana fazendo as tais maratonas, tentava me explicar o que era RMVB, Lost in Lost, Equação de Valenzetti, Buracos de Minhoca… E eu ainda de luto pelo final de Friends (pois é).

Em 2007, em uma semana de folga no estágio, que deveria servir para eu começar o TCC, resolvi alugar na locadora da esquina a 1ª temporada de Lost. “A nível de” curiosidade. Antes de pôr o disco no DVD player, ainda liguei e fiz piada.

Aqui estou, três anos depois, sem nunca ter visto um novo episódio longe dela novamente…

Lost teve um tremendo impacto na minha vida, não apenas na pessoal – inclusive ajudou a desenferrujar meu #nerdpride. Mas também na profissional. Virei, veja só, repórter de séries: Lost me apontou que as melhores histórias, aquelas mais ousadas, dispostas a fazer o meu cérebro explodir, estavam na TV (americana), não mais no cinema.

Antigamente o sucesso de um programa televisivo era medido por conversas de bares, bordões que se espalhavam pelas escolas, telefonemas pro Projac sobre o nome do estilista da protagonista da novela das oito. Com Lost a medição foi feita no Orkut, fóruns, Twitter, ARGs, podcasts, blogs, YouTube… O programa foi uma síntese da comunicação deste começo de século. Lost foi um universo, uma espécie de hub, que fez da internet a sua rua.


Foto do Gustavo

No começo deste ano, tive a oportunidade de participar de uma coletiva em Pasadena com o elenco e com os produtores/cabeças Carlton Cuse e Damon Lindelof. Sabia que tinha tempo para uma única pergunta, mas os jornalistas americanos me engoliam, a fim de conseguirem alguma novidade sobre a 6ª temporada.

Não parava de olhar para o relógio, morrendo de medo de perder a única oportunidade de falar com os responsáveis por minha série predileta. Talvez a ilha tenha desejado, sei lá, mas tomei coragem, peguei o microfone, ergui o tom da minha voz o máximo que pude e avisei que tinha vindo do Brasil só para falar com eles.

A sala ficou quieta e fiz uma pergunta que nem tinha anotado: o legado futuro de Lost. “Desejamos que as pessoas lembrem da experiência de assistir a Lost, e de como elas se sentiram gratificadas e felizes por terem dedicado 120 horas de tempo e energia a ele”, resumiu Lindelof.

Foi a melhor resposta que eu podia ter.

* Gustavo Miller também é cria do Link e fez a matéria sobre a última temporada da série no início deste ano, quando entrevistou Carlton e Damon – e hoje está no G1, também falando de Lost.

Você viu antes no Link: Don’t Stop the Sandman

Teste seus limites: uma banda fazendo mashup ao vivo de Metallica com “Don’t Stop Believing”, do Journey. Se pode piorar? O nome da banda é Rock Sugar.

Ruim demais. Nem sempre o mashup salva. Dica do Gustavo.

Você viu antes no Link: Comerciais no Superbowl

E ainda neste mesmo tema, o Gustavo pinçou os melhores comerciais do Superbowl deste ano. Os dois melhores, o primeiro com a Megan Fox, o outro com os Simpsons e o último com o Grizzly Bear:

Os outros você vê no TV sem TV.

Você viu antes no Link: Simpsons no iPhone

Lá do blog novo do Gustavo.

Lost x Avatar

Via Gustavo, que agora também tem um blog no Link.

Sílvio Santos de sunga

Que dizer dessa pérola que o Gustavo postou via Twitter do TV & Lazer?