O ritmo como protagonista

Tocando para uma casa cheia, Marcos Suzano mostrou que não precisa de muito para criar um universo. Apresentando seu espetáculo Suzano San Duo no Centro da Terra, ele entregou-se ao improviso rítmico por mais de uma hora de transe hipnótico ao lado de seu comparsa de groove, Guilherme Gê, que disparava efeitos enquanto pilotava teclados e synths. A apresentação começou com Suzano só ao berimbau, como se saudasse o público sem interferência eletrônica. Mas logo que chamou Gê para o palco, entrou numa frequência contínua de loops que gravava a partir de levadas feitas ao pandeiro ou tocando com as mãos os pads do instrumento de percussão eletrônica HandSonic e a superfície sensível do enorme sensor de tato do ATV aFrame, conduzindo o público para rodas de samba que se transformarvam em grooves retos próximos do techno e da house, improvisos de free jazz polirrítmico ou delírios puramente prog, numa noite em que a percussão era protagonista com toda excelência de linguagens. Ao final da apresentação, ele trouxe uma releitura para “Samba Makossa” de Chico Science & Nação Zumbi ao pandeiro, no único número que cantou em todo o show. Foi demais.

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