Os Últimos Jedi – sem spoilers

luke2017

Escrevi lá no meu blog no UOL minhas primeiras impressões sobre o oitavo episódio da saga Skywalker.

O melhor jeito de assistir a Os Último Jedi, oitavo episódio da saga Skywalker que estreia esta semana no Brasil, é ir ao cinema sem saber de nada – mas, calma, não precisa parar de ler o texto aqui. O próprio trailer trinca algumas surpresas ao apresentar cenários e criaturas que deixariam fãs boquiabertos caso não fossem mostrados de antemão, então se você conseguiu escapar da avalanche de notícias, fotos e cenas inéditas dos últimos meses e precisa ser convencido de que este filme vale a pena ser assistido, garanta sua sessão blindado destas notícias. Por isso, o texto abaixo mais descreve sensações e personagens do que entrega a história do filme – portanto, sem spoilers.

A principal crítica sofrida pelo Despertar da Força que fez a Lucasfilm, agora uma empresa Disney, ressuscitar sua galinha dos ovos de ouro em 2015 era que o Episódio VII era apenas uma recriação do Episódio IV, o primeiro filme da história de Guerra nas Estrelas, lançado em 1977. Com J.J. Abrams no comando, o filme é uma colcha de retalhos de referências dos seis filmes anteriores que usa a mesmíssima estrutura narrativa da produção que transformou George Lucas em milionário: Rey refaz o caminho do aprendiz de Luke, Kylo Ren é um aspirante a Darth Vader, o Supremo Líder Snoke é o novo Imperador, BB8 é o R2D2 2.0, Poe Dameron faz as vezes de Han Solo, Maz Kanata ecoa Yoda e todos os personagens que sobreviveram ao novo filme (Han Solo, Leia, Chewbacca, R2D2, C3PO) batem cartão com seus bordões na rapsódia de Abrams, que termina com uma nova Estrela da Morte explodindo após tomar um laser em seu inexplicável ponto fraco. Só o personagem Finn – o único Stormtrooper a desertar do exército do Império – e a fatídica cena central com Han Solo fogem das referências citadas estabelecidas pelo criador de Lost.

Era um risco que precisava ser corrido. J.J. Abrams tinha o desafio de tornar a série novamente atraente e divertida após o fiasco dos Episódios I, II e III, considerados manchas pesadas em uma das marcas mais importantes da cultura pop de todos os tempos. Apelou para a nostalgia como se preferisse não mexer no próprio time, ousou em pouquíssimos momentos, mas conseguiu atrair o velho público e uma nova audiência, transformando a ressurreição da série um dos principais sucessos comerciais deste século até agora.

Os Último Jedi tinha tudo para refazer um caminho parecido em relação a O Império Contra-Ataca e usá-lo como modelo para contar uma nova história. A comparação era reforçada pela cor do logo da série, pela primeira vez em vermelho na divulgação inicial, em vez de amarelo, talvez querendo indicar que seria um filme passional e pesado como foi o Episódio V. Mas o diretor Rian Johnson preferiu dar alguns passos para trás e ver toda aquela história dos sete primeiros episódios numa perspectiva galáctica. Quem são aquelas pessoas? Por que elas são tão importantes para a história da Força? O que são os Jedi?

A partir desses questionamento, ele desconstrói os personagens apresentados no filme anterior de forma soberba. Entra na natureza de Poe Dameron numa sequência de abertura de tirar o fôlego, trabalha a complexidade emocional de Rey, lapida um vilão perfeito em Kylo Ren, humaniza ainda mais o coração de Finn. Eles ganham uma profundidade completamente nova, esquivando-se dos clichês que os vinculam a outros personagens anteriores. Rey é decidida e obstinada, ao contrário de seu espelho original, o jovem Luke. Kylo Ren ganha contornos mais decididos, mesmo sem abandonar por completo o ar birrento que o transformava em um Darth Vader mimado – Adam Driver aos poucos constrói um vilão completamente novo. Poe Dameron e Finn ganham uma importância que no filme anterior parecia passageira e têm momentos definitivos no novo filme.

Mas é um filme dos gêmeos Luke e Leia. O que O Despertar da Força nos tirou de Mark Hammill, Os Últimos Jedi entrega de forma plena, bem como toda a complexidade super-heróica da antiga princesa Leia. Os irmãos são alguns dos principais alicerces desta nova trilogia e seus destinos no novo filme determinam o desenrolar básico da história.

Além disso há novos alienígenas, novos bichos, novas naves, armas, uniformes, veículos. O aspecto visual de Guerra nas Estrelas ganha um banho de loja que aponta para possibilidades infinitas, criando cenas memoráveis e de pleno apuro visual. Toda criação de computação gráfica que George Lucas insistiu na primeira trilogia deste século e que Abrams evitou no filme anterior, surge esplendorosa e realista neste novo filme. E os novos personagens apresentados – uma soldado, um malandro e uma general (não vou nem dizer o nomes dos atores) – também fogem de possíveis comparações com outros nomes conhecidos de outros filmes. Sem contar a presença massiva de mulheres – e o tratamento de animais como seres vivos, não como fontes de comida.

Os Últimos Jedi não é perfeito. São duas horas e meia de filme que começam com um bom pique, mas aos poucos desanda quase sonolento pela sua metade. Mas o ato final é tão surpreendente e empolgante (aplaudi três cenas específicas no cinema) que esquecemos facilmente do encontro frustrado num planeta Mônaco que nos revela um dos novos personagens.

E, principalmente, foge por completo das fórmulas já estabelecidas nos filmes anteriores. Rian Johnson está procurando novos rumos, novos fios da meada, novas ambiências, novas sensações, e amplia magistralmente a mitologia criada por George Lucas. Não por acaso, ele será o responsável pela próxima trilogia da saga, a primeira sem a presença de ninguém da família Skywalker.

Até o fim de semana volto a falar sobre o novo filme, desta vez enchendo o texto de spoiler. Mas diz aí na área de comentários o que você achou de Os Últimos Jedi.

Kylo e Luke trocando de lado? Rey não é uma Jedi?

lastjedi

São algumas pistas deixadas pelos primeiros pôster e teaser do novo Guerra nas Estrelas, mostrados neste fim de semana, como comentei no meu blog no UOL.

Eis o que todos nós esperávamos da Star Wars Convention que está acontecendo neste fim de semana: o novo teaser e o pôster do próximo episódio de Guerra nas Estrelas – Os Últimos Jedi! E além do pôster que indica uma possível troca de lado entre Luke Skywalker e Kylo Ren (com Rey entre os dois segurando um sabre que é azul e vermelho ao mesmo tempo), o curta ainda nos mostra parte do treino de Rey e Luke falando sobre o fim da ordem Jedi!

Rapaz, que fim de ano vai ser esse! Pelo visto eles vão conseguir fazer um filme ainda mais pesado que O Império Contra-Ataca!

Trocando as bolas

Rey_Kylo_Ren

E se Kylo Ren virar Jedi e Rey virar Sith no Episódio VIII de Guerra nas Estrelas? Escrevi sobre essa hipótese no meu blog no UOL.

Principal protagonista do filme que ressuscitou Guerra nas Estrelas, a Rey de Daisy Ridley ainda é um mistério que intriga todo mundo que acompanha a série. Por mais que ela tenha conquistado os fãs com seu ar inocente e sua prontidão para o ataque, sua origem e seu passado ainda são completamente desconhecidos para quem não trabalha na produção dos filmes. Ela é filha de Luke Skywalker? Filha de Leia e de Han Solo – e, portanto, irmã de Kylo Ren? Neta de Obi Wan Kenobi? Ela pode ser uma Jedi? A última cena do Episódio VII é o início de seu treinamento com Luke?

Ou seria justamente o contrário? Será que nosso encantamento por Rey não seria uma forma de despistar a possibilidade da jovem heroína não ser a protagonista da nova trilogia – e sim a vilã? O diretor do sétimo episódio, J.J. Abrams, fala sobre algo interessante na faixa de comentários de O Despertar da Força, bem no momento do duelo final entre Rey e Kylo Ren:

“Uma das novas relações que estávamos colocando em foco era entre Kylo Ren e Rey. Eles nunca se encontraram, mas ele ouviu falar daquela garota. E então acontece o momento em que seu encontro é inevitável. E agora de volta à nossa heroína. E neste momento ela está prestes a, pela primeira vez, ser confrontada por Kylo Ren, um personagem com quem ela terá uma relação bem interessante no futuro.”

Há duas questões neste comentário. A primeira é o fato de que Kylo Ren e Rey não se conhecem. Nunca se conheceram. O que destrói uma teoria que dizia que Rey era filha de Luke e havia testemunhado – ou salva de assistir – o massacre que os Cavaleiros de Ren, a nova ordem liderada por Kylo, provocaram na escola Jedi que Skywalker havia criado após tornar-se ele mesmo um Jedi. Havia a possibilidade de Kylo lembrar-se de Rey daquele período, o que parece não ser o caso, segundo J.J. Abrams.

O segundo ponto diz respeito à relação entre Kylo e Rey. Ao comentar que os dois terão uma “relação bem interessante no futuro”, J.J. Abrams abre um mar de especulações que reforça a rivalidade entre os dois ou até mesmo abre a possibilidade de um romance. Mas há uma terceira hipótese, que casa com a teoria de que Kylo Ren seja um agente infiltrado no lado obscuro da Força e que tenha matado o próprio pai como uma prova de sua lealdade ao Supremo Líder Snoke. Esta teoria cogita que Kylo se revelará no próximo episódio, renascendo para o lado claro da Força e alcançando sua redenção ao mesmo tempo em que torna-se um Jedi. O que pode fazer que Rey mude de time simultaneamente, numa revelação tão inesperada quanto o fato de Luke ser filho de Darth Vader, feita em O Império Contra-Ataca.

Uma teoria elaborada por um fã em busca de uma explicação sobre o personagem de Benicio Del Toro – escalado para o Episódio VIII, mas sem nenhuma informação sobre seu papel – casa-se com esta possibilidade. O fã que se autodenomina Darth_Hodor escreveu na rede social Reddit que o ator porto-riquenho deverá encarnar uma versão mais velha de Ezra Bridger, personagem do programa de TV Star Wars Rebels, que, em sua teoria, cairá para o lado negro. E, mais do que isso, ele seria o pai de Rey:

“Colocando de forma simples, acho que Benicio Del Toro será o pai de Rey.

Nenhuma das outras teorias sobre Rey fazem muito sentido. Ela não vai ser uma Skywalker (além disso, já temos um deles na forma de Kylo Ren), ela não é uma Kenobi ou qualquer um que já conhecemos. Acho que a ideia de ela ter alguma relação com Palpatine seja interessante, mas eles iam ter que forçar bem a barra pra conseguir isso e eu não acho que a maioria do público vá engolir essa.

Mas isso não quer dizer que Del Toro fará o papel de um novo personagem. Acho que ele fará uma versão adulta de Ezra Bridger (do programa Star Wars Rebels). Ele tem a idade certa e há teorias que dizem que Rebels termina com Ezra (e Kanan, se ele ainda estiver vivo) entrando na nova Academia Jedi de Luke.

Mas por que ela foi deixada em Jakku?

A teoria que eu cogito é que Ezra cai para o lado negro. Ele se une a Snoke e juntos eles começam a manipular os Jedi, começando por Ben Solo. Antecipando isto, Luke esconde Rey de seu pai que, em retaliação, com ou através de Kylo Ren, destrói a Academia Jedi. Luke foge e Del Toro fica sem saber onde sua filha está escondida.

Gosto desta teoria pois ela permite uma “queda dupla” no Episódio VIII. Arma a queda para o lado negro de Rey (que pode ser incrível se for realizada da forma correta) e Kylo Ren já está marcado para um arco redentor próprio (uma “queda” para a luz). Isso deixaria tudo pronto para um final fantástico para estes dois personagens no Episódio IX.”

Mesmo que seja só especulação, ia ser demais ver a doce Rey tornando-se uma nova vilã – e um desafio e tanto para sua intérprete Daisy Ridley. Só saberemos no final do ano, quando o Episódio VIII estreia dia 15 de dezembro, em todo o mundo. Mas é bem provável que vejamos um novo trailer por esses dias…