Meus dois centavos sobre o Google Buzz…
Lembra de quando o Google apareceu? Seu visual clean mostrava que não eram necessários todos aqueles links e diretórios – característicos do Yahoo, o grande mecanismo de busca dos anos 90 – em uma página dedicada apenas a procuras feitas online. A solução do Google era um ovo de Colombo: só com um campo de busca sob um logo colorido, ele relembrava a todos que menos era mais.
Lembra de quando o Facebook apareceu? Seu visual clean mostrava que uma rede social não precisava parecer uma penteadeira de madame (o MySpace) nem uma sala de pré-escola (o Orkut). A solução do Facebook foi arquitetônica nos dois sentidos: ao oferecer um ambiente em que se deve reter o público-alvo, o site apresentava-se agradável, organizado, hierárquico, cool. Tanto sua arquitetura de informação quanto seu acabamento visual têm exatamente o mesmo peso. O site deve ser fácil de ser entendido, utilizado e percorrido, além de, por que não, agradável.
Eis os dois gigantes da internet hoje em dia. E agora, ao lançar um serviço de mensagens instantâneas muito parecido com o Twitter integrado ao seu e-mail, o Google tenta se reinventar de olho em tempos mais – para usar uma palavrinha da moda– “sociais”.
Em outras palavras, assumiu que o Facebook – a maior rede social do mundo – é seu principal rival.
Mas entre o Buzz e uma rede social envolvendo todos os serviços e produtos Google, há um longo caminho. O serviço recém-lançado, no entanto, não é o primeiro flerte do gigante rumo a uma plataforma mais social. O YouTube e o seus Maps já têm elementos de rede social, seu Reader permite compartilhamento de conteúdo. Mas foi com o Buzz que o Google assumiu que quer mudar sua natureza.
Eis o problema central: o Facebook sempre foi uma rede social. É um ambiente murado, em que todos que querem estar ali concordam em ficar apenas ali. Já o Google é o oposto disso. Começou como uma porta de entrada para a internet e está aos poucos crescendo um muro ao redor dela. E se, para usar o Google, for preciso estar dentro destas paredes, muita gente vai pular fora.
Isso fora a questão da interface, que ainda é bisonha – confusa, feia, sem hierarquia, quase aleatória. Parece um rascunho do Google Wave. Não seria o caso de o Google lembrar de como era quando começou?
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Sábias palavras linkadas via blog da Ana.
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Materinha de apresentação da edição do Link de hoje.
2010: de zero a cem em onze dias
Ninguém poderia prever. Mas a década mal havia começado e uma notícia pegou todos de surpresa. Um gigante online entrava com tudo num mercado tradicional pagando bilhões de dólares. Quando a America Online anunciou a compra do grupo Time Warner por US$ 164 bi no dia 10 de janeiro de 2000, há exatos dez anos e um dia, o mundo parou para discutir a importância daquilo que parecia ser apenas uma novidade da década anterior e que, ano recém-começado, dava pistas de que deixava de ser uma rede de contatos entre adolescentes, tecnófilos e acadêmicos para mexer de forma agressiva no resto do mundo.
2010 não começou com um único anúncio bilionário, mas com várias notícias de diversas áreas distintas que sacramentam a importância assumida pelo mundo digital. A começar pela maior feira de tecnologia do mundo, a Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas, que em todo janeiro, desde 1967, apresenta produtos e tendências que irão dominar o ano. Se em 2009, a feira foi abalada pelas notícias da crise econômica mundial, em 2010 ela já prometia a recuperação do mercado de tecnologia.
Se fossem só as novidades da CES 2010, já teríamos motivo para começar o ano com boas notícias: TVs e carros que acessam a internet, entretenimento doméstico incorporando o 3D, novas marcas se estabelecendo no mercado, computadores cada vez menores e integrando funções de outros aparelhos, tecnologia “vestível”, rivais para o Kindle. O Link esteve em Las Vegas e mostra nesta edição as principais novidades da feira que terminou no domingo.
Duas notícias paralelas à CES mexeram com a própria feira. O anúncio do Nexus One, o telefone do Google, não foi feito na terça-feira passada por acaso – ele simplesmente ofuscou quaisquer outros celulares que foram apresentados em Las Vegas, pelo simples fato de ter sido feito pelo Google.
O anúncio do novo aparelho – cujas expectativas foram aquém do esperado – pode, de cara, mudar completamente o relacionamento entre fabricantes e operadoras. E mostra uma faceta inesperada para a empresa – não bastasse ir para o mercado de celulares com seu sistema operacional, o Android, o Google agora atua no mercado de hardware.
A outra novidade que abalou a CES nem sequer é notícia, mas apenas um rumor que começou a circular no final do ano passado e causou até a subida das ações da Apple. Um suposto lançamento anunciado para o final deste mês jogou luz sobre um aparelho que estava fora do foco das novidades tecnológicas. E bastou uma especulação para que concorrentes apressassem o lançamento de seus próprios tablets. Pois é sabido que, como aconteceu com o MP3 player e o celular com muitas funções, uma vez que a empresa de Steve Jobs lança um determinado produto novo, é o suficiente para que outras marcas se animem e corram para entrar neste mercado.
A outra novidade é brasileira e veio na quarta-feira, quando a TV Globo anunciou os participantes da décima edição do Big Brother Brasil e nada menos do que cinco dos novos candidatos do reality show são personalidades que já eram conhecidas em diferentes nichos da internet.
Pode parecer bobagem, mas é uma prova de que até a principal emissora do País passa a dar atenção para a cultura digital em sua programação – o que é bem diferente de exibir URLs na tela da TV ou acessar a programação via internet. A fusão entre reality show e web 2.0 veio apenas escancarar uma suspeita – a de que, independente da plataforma em que as pessoas estejam, seja TV ou internet, é cada vez mais comum exibir-se para os outros e não se preocupar com a própria privacidade. A nova edição do Big Brother Brasil, que começa amanhã, pode acelerar essa tendência, além de desafiar a disposição das celebridades de nicho num veículo de massa.
Em entrevista recente ao Link, o futurólogo Alvin Toffler afirmou que estava cada vez mais difícil fazer previsões sobre o futuro da tecnologia. O próprio anúncio da compra da Time Warner pela America Online, que parecia criar um novo gigante online, deu com os burros n’água e foi eleito neste ano, pelo jornal inglês Telegraph, como a pior fusão de empresas da década passada.
Mas do mesmo jeito que aquela notícia antecipou a importância da internet na década passada, será que estas primeiras notícias de 2010 podem funcionar como um aperitivo dos próximos dez anos? Ou será que é melhor chutar o que pode acontecer na próxima década? Na dúvida, escolhemos as duas opções.
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E sim, o Nassif, que comenta a coluna que o Doria escreveu nesta segunda no Link, em que este último dizia que o Google seria um “cão de um truque só”. Antes de contra-argumentar Pedro (na verdade, o argumento é do Steve Ballmer, da Microsoft), Nassif gentilmente comenta o que acha do trabalho que faço diariamente com a minha equipe:
O Link é, de longe, o melhor caderno de informática do país – incluindo as revistas para micreiros.
Acho engraçado esses termos (“informática”, “micreiro”, parece o meu pai falando), mas agradeço o raro elogio. Sabe como é, jornalista é uma raça que não especialmente conhecida por reconhecer o trabalho de seus pares. E, em tempo, também discordei do Pedro quando ele veio me apresentar o tema de sua coluna, na semana passada. Mas é uma boa polêmica.
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