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Falei sobre o verdadeiro significado do Google + na minha coluna na edição dessa segunda do Link.
A rede social do Google é o próprio Google
…e ela pode determinar o futuro do site
No dia 13 de julho de 2009, quando, pela primeira vez, demos o Facebook na capa do Link, ele nem era a maior rede social do mundo, mas já cravávamos que o site havia uma meta bem específica – e o descrevemos como sendo o principal rival do Google.
Aos poucos a comparação entre os dois se tornava mais evidente e uma teoria se formava. O Google surgiu em uma época em que as pessoas ainda estavam se entendendo com a internet e buscavam o que fazer uma vez conectadas. Comparada à saraivada de links do diretório de seu antigo site rival, o Yahoo, a homepage do Google era clean e minimalista, com um único campo de busca no meio de uma página branca, que parecia apenas perguntar que busca o usuário gostaria de fazer.
Veio a web 2.0, em que todo mundo poderia postar o que quisesse online sem a necessidade de entender de programação. Logo vieram as redes sociais e as pessoas começaram a se conectar entre si – e, num segundo momento, a compartilhar conteúdo. E aos poucos mandar uma notícia para outra pessoa, sugerir um site ou mostrar um vídeo engraçado não significava enviar um e-mail para vários destinatários ou esperar que alguém estivesse online no MSN. Bastava publicar em seu perfil que seus contatos em determinada rede veriam quando o consultassem.
Foi aí que o Facebook floresceu. E o perfil de seus usuários logo deixava de ser uma página com informações pessoais para exibir links, fotos e vídeos, transformando o feed de notícias (área equivalente aos scraps no Orkut ou do blog no MySpace) na primeira coisa que qualquer um vê quando entra no Facebook. Com todo mundo postando sem parar, bastava entrar na rede social para saber o que fazer na internet. Isso tornou a homepage do Google obsoleta.
Esse movimento aconteceu entre 2008 e 2010, quando o Facebook deixou de ser uma aposta para se tornar uma certeza. E logo vieram as especulações a respeito de quando o Google lançaria sua própria rede social.
Mas a empresa não tinha um bom histórico nessa área. Seu caso mais bem sucedido era, até o ano passado, o Orkut, mas o site só deu certo no Brasil e na Índia. Outras tentativas deram com burros n’água. O Google Wave era complexo demais e queria “apenas” reinventar o e-mail (algo como lançar um novo modelo de automóvel com a intenção de, literalmente, reinventar a roda). O Google Buzz foi criado para aproveitar o vácuo do Twitter e até ensaiou dar certo, mas esbarrou em questões legais a respeito de invasão de privacidade. Os dois projetos deram tão errado que foram desligados.
Por isso quando começaram a especular sobre a rede social do Google para enfrentar o Facebook, seus executivos logo diziam que não estavam criando uma rede social, mas uma “camada social” que atravessaria todos os serviços que hoje oferece.
Aí veio o Google + que, por ser de quem é, foi a rede social que mais cresceu na curta história deste tipo de site. Foram 25 milhões de usuários apenas nos dois primeiros meses de atividade do site. E ao mesmo tempo em que cresceu tão rápido, nos provocava com a primeira pergunta que aflige qualquer novo usuário de qualquer nova rede social (“O que eu faço aqui?”) ao mesmo tempo em que causava celeuma entre os entusiastas do Facebook, que o considerava uma versão piorada do site de Mark Zuckerberg.
Mas, como começou a mostrar na prática na semana passada, o Google + não é a rede social do Google. A rede social do Google é o próprio Google.
Explico: quando um de seus fundadores (Larry Page) assumiu o cargo de CEO (antes ocupado por Eric Schmidt) no início de 2011, ele começou a organizar a casa para fazer os inúmeros produtos do site (o navegador Chrome, o sistema operacional Android e as dezenas de sites e serviços oferecidos gratuitamente) conversarem entre si.
Uma operação interna, mas que poderia ser percebida por usuários mais atentos. Aos poucos, aparecia uma lista de links acima de sua homepage, apontando para outros serviços, como o Google Maps, a busca por imagens ou por vídeos, o Google News, entre outros. A lista virou uma barrinha, a princípio branca, que logo ganhou a cor cinza e depois escureceu ainda mais, trazendo ainda outros links para mais serviços da empresa.
E assim que o Google + foi lançado, dois itens novos surgiram nessa barra. O primeiro apareceu bem à direita e trazia a foto que o usuário escolheu para sua conta no Google seguida de seu nome, um número que mostrava se havia novidades no Google + e um campo escrito apenas “compartilhar”. Na ponta esquerda, o primeiro item deixava de ser a busca pura e simples do Google para se tornar o nome do próprio usuário, acrescido de um símbolo de adição (o + da “camada social”) à esquerda.
Essa barrinha está presente em qualquer serviço do Google. Resta agora saber se o Google irá conseguir fazer que as pessoas compartilhem conteúdo no campo específico que determinaram para isso. Enquanto isso, eles seguem tentando – e o anúncio da semana passada foi o primeiro passo para colocar a tal camada social em prática.
É que agora, quando você faz uma busca através do Google, tem duas opções de resultados: ou você vê os links que a maioria das pessoas viu quando buscou pelo termo que você acionou ou pode escolher apenas os links indicados pela sua rede de contatos, restringindo as opções de busca mas trazendo-as para seu contexto pessoal. A mudança pode ser percebida em dois ícones à direita da página, na altura do campo de busca. Clicando no ícone que é um pequeno globo, você vê os resultados gerais. Clicando no ícone que é um pequeno busto, vê o que seus amigos e conhecidos também buscaram.
Essa decisão já gerou controvérsia – a começar pelo Twitter, que afirmou que a mudança restringe o acesso às notícias que estão sendo publicadas naquele exato momento (que é a função atual da rede social dos 140 caracteres), com resultados do Twitter caindo para baixo nas buscas feitas em modo pessoal.
Outro problema é que isso restringe ainda mais a área de alcance de quem quer saber o que está acontecendo, ponto crucial de um dos melhores livros do ano passado, The Filter Bubble (ainda não lançado no País), do norte-americano Eli Parisier. Ele argumenta que, a partir do momento em que os algoritmos das redes sociais vão entendendo a forma como cada um funciona na rede, eles vão oferecendo apenas opções relacionadas ao gosto de quem clica. Isso parece ser prático em teoria – quem clica em muitas notícias de esporte, por exemplo, veria mais notícias relacionadas a esse assunto do que as outras. Mas, contudo, perderia outros assuntos que poderia se interessar, sem ao menos saber que eles estão acontecendo.
Era uma crítica quase direta ao Facebook, mas a partir do momento em que o Google adota uma prática parecida, ela cai como uma luva também para o gigante das buscas. E se você não corre o risco de trombar com algo novo, inusitado ou surpreendente, vai ficar cada vez mais preso à tal bolha-filtro concebida por Parisier.
E isso nos leva à principal dúvida em relação ao Google em 2012: e se, ao apostar em transformar-se numa enorme rede social, o site perderá a mão? E se as pessoas cansarem ou enjoarem de usar o Google? Parece apocalíptico, mas não custa lembrar a velocidade em que as coisas acontecem no mundo digital.
Minha coluna do 2 de domingo foi sobre a principal rivalidade entre empresas de internet do mundo hoje.
Google x Facebook
Essa briga está só começando…
A capa da mais recente edição da revista Fortune escancara uma briga que não é novidade para quem acompanha de perto o universo digital. Em uma montagem, a revista colocou os dois CEOs de duas das maiores empresas de tecnologia do mundo em um embate típico dos velhos filmes de artes marciais: de um lado, Mark Zuckerberg, do Facebook; do outro, Larry Page, um dos criadores do Google.
A briga é velha e se acirra desde que a rede de Zuckeberg atingiu a marca de meio bilhão de usuários no meio de 2010. Piorou quando o Google resolveu concentrar suas forças em mais um projeto de rede social, o Google Plus, lançado no meio deste ano. O Plus se tornou – por motivos óbvios, afinal, ele é do Google – a rede social que cresceu mais rápido em toda a história, embora as pessoas ainda estejam fazendo aquela clássica pergunta que sempre acompanha o surgimento desse tipo de site: “e agora, o que é que eu faço?”
O Plus parece ainda estar pela metade porque ele realmente está. Quando foi anunciado, o Google frisou que não era uma rede social e sim uma “camada social” que estava distribuindo em todos seus serviços. Começou criando a sua versão para o botão “Curtir” do Facebook (o “+1”). Forçou o Feice a criar uma divisão entre os amigos (pois havia criado, no Plus, os “Circles”, em que você divide seu grupo de amigos em “família”, “pessoal do trabalho”, etc. e esta semana liberou a construção de páginas de pessoas jurídicas (antes, só pessoas físicas poderiam abrir contas). Houve também o vazamento de que o estariam para lançar o Google Drive, espécie de HD virtual em que você pode deixar tudo que quiser (fotos, filmes, música) online apenas para seu próprio uso.
As mudanças ouriçaram Zuckerberg, que desmereceu o novo projeto do Google como “um mini Facebook” em uma entrevista para a TV no início da semana passada. Mas é certo que é um vai ou racha. Ou o Google acerta de vez e desbanca o Facebook no seu próprio jogo ou cria mais um trambolho digital que pode deixar de ser usado em poucos meses. E isso pode ser, acreditem, seu fim. Será?
• Em nome do Plus • Reader 2005-2011 • Não perca o contato • Objeto de desejo e muito caro • Mais barato • Muito além do game: um ano de Kinect • Quem está de que lado • Servidor • Chris Kaskie, do Pitchfork •
• Moot exclusivo • Leia a íntegra da entrevista com Moot – “Foi difícil sair do anonimato” • A história da arte (pirateada) • Minerais raros, o ouro do século 21 • “As tecnologias de comunicação são neutras” • Praça pública ou shopping? • Amadora e exagerada • Hackers e o Facebook, games no Google+, o valor da Apple… •
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