Glenn Gould e como o ouvinte do futuro também será um artista

, por Alexandre Matias

O pianista virtuoso Glenn Gould parou de fazer apresentações ao vivo nos anos 60 pois percebeu como a música gravada poderia ampliar as possibilidades do intérprete, do compositor e também do ouvinte, como conta no início do programa Telescope, da emissora canadense CBC:

“Eu tenho a sensação que o resultado final de todos os nossos trabalhos não será uma espécie de produto autocrático finalizado como fazemos hoje com relativa facilidade, com a ajuda da edição que fazemos ou que engenheiros fazem pra gente, e sim um formação um pouco mais democrática. Acho que iremos fazer kits e enviaremos esses kits para os ouvintes, talvez para os espectadores, à medida em que o videotape entrar na conversa, e acredito que irá entrar, e falaremos: ‘façam vocês mesmos, peguem os componentes reunidos e façam com eles algo que apreciem de verdade. Se não gostarem do resultado da primeira vez, o façam de novo. Seja seu próprio editor – e de uma certa forma, seu próprio artista.”

Ele não podia imaginar como estaria certo.

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