O produtor norte-americano Gregg Gillis, mais conhecido como Girl Talk, ressurge depois de anos sem lançar nada com um single ao lado do rapper novato Bas. “Fallin'” é um rap quase clássico, melancólico e bluesy, bem distante dos mashups que o tornaram conhecido.
Mas isso não o impede de faturar com o passado – e ele acaba de colocar seus dois discos mais recentes (All Day, de 2010, e Feed the Animals, de 2008) em pré-venda para o lançamento pela primeira vez em vinil. Queria mesmo era o Night Ripper e o Unstoppable… Será que ele lança?
A associação de “Get Lucky” com a fase disco music de Michael Jackson foi tema de vários comentários e mashups, mas o mestre da fusão de hits Gregg Gillis cogitou a mutação do hit do Daft Punk com “Remember the Time” e ficou finíssimo…
…outro mashup apresentado no mesmo show no início da semana passada misturou “Black Skinhead” (do disco novo de Kanye West) com “Beautiful People” do Marilyn Manson. Além de melhorar consideravelmente as duas músicas, a proposta ainda traça uma proximidade do MC hipster com o gótico chic do fim do século passado.
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E a minha coluna no Caderno 2 de ontem foi sobre os shows de Paul McCartney no Brasil.
Que músicas ele toca?
O mesmo show do Paul
Hoje e amanhã Paul McCartney faz mais dois shows no Brasil, quase vinte anos depois de ter vindo ao País para se apresentar pela primeira vez (dois shows no Rio em 1990 e dois shows em São Paulo e Curitiba em 1993). Mas, se no início dos anos 90 havia uma enorme expectativa sobre o que Paul poderia tocar em seus shows no Brasil, hoje não há motivo para especulação. Basta entrar no site setlist.fm para saber quais músicas que o ex-beatle tocou em todos seus últimos shows desde… 1990! O site, na verdade, reúne até informações sobre apresentações de Paul em 1972, mas desde o início dos anos 90 seu calendário de shows é bem completo.
O setlist.fm usa uma plataforma chamada wiki, que permite que qualquer um edite um texto online – é a mesma utilizada pela enciclopédia colaborativa Wikipedia. É um sistema de publicação que permite que os próprios fãs organizem as informações a respeito de seus ídolos. No caso do setlist.fm, dedicado apenas ao repertório de músicos em shows (e não apenas os de Paul), depois que o fã chega em casa após o show, ele abre um tópico relacionado ao show em questão e lista a ordem de músicas que reuniu. Se alguém escreve algo errado vem outra pessoa e corrige.
Por isso, quando fui assistir aos shows de Paul McCartney em Buenos Aires, na semana passada, já sabia de quase todas as músicas que ele iria tocar nas quase três horas de show. Mais do que isso: além da ordem das músicas, há um script muito bem ensaiado e imutável de show para show. Há a hora em que ele tira o paletó e fala que é “a única grande troca de figurino da noite” ou a homenagem aos dois ex-colegas de banda que já morreram ou as gracinhas que faz com o público. É tudo igual, muda só a bandeira que ele agita ao fim do show.
Mas tudo bem. Afinal foi Paul McCartney quem ajudou a inventar este sistema de música para as massas. Natural que ele queira repetir o mesmo show. Mesmo porque na segunda noite na Argentina, ele tirou da cartola a ainda inédita na turnê Bluebird. Ou seja: ainda cabe espaço para o improviso.
O Homem-Mashup
Você conhece o Girl Talk?
E na mesma semana em que se apresentou pela segunda vez no Brasil (ele encerrou, na noite de ontem, a edição deste ano do festival Planeta Terra), o DJ e produtor norte-americano Gregg Gills, conhecido pelo apelido de Girl Talk, ofereceu seu disco gratuitamente para download no site de sua gravadora, devidamente batizada de Illegal Art. Gills é conhecido por, desde 2006, compor álbuns usando apenas pedaços de músicas alheias – daí o peculiar nome de sua gravadora. Nada do que está no disco foi composto ou gravado pelo produtor, que apenas usou seu computador para misturar pedaços de músicas alheias e compor mais uma longa sinfonia esquizofrênica dentro da estética do mashup, em que canções de diferentes estilos se colidem para gerar músicas novas. All Day, o nome do novo disco, pode ser baixado de graça no site da gravadora (www.illegal-art.net/allday) e se alguém quiser saber todas as músicas que Gills usa no disco, basta entrar no site alldaysamples.com, feito por fãs, para ouvi-lo com a descrição de cada música utilizada para compor seu novo álbum.
Ilegal de propósito
Desrespeitando os direitos autorais, o produtor Girl Talk lança mais um disco de graça
Exatamente no mesmo dia em que os Beatles colocavam seu catálogo online à venda, o DJ e produtor norte-americano Greg Gillis surgia com um novo disco prontinho para download. E, diferentemente dos discos de John, Paul, George e Ringo, All Day não custa nada para ser baixado – embora o ouvinte seja convidado a contribuir com o lançamento pagando a quantia que achar justa, mesmo que ela seja zero.
O novo disco do produtor, mais conhecido pela alcunha de Girl Talk, segue exatamente o mesmo padrão dos dois trabalhos anteriores, Night Ripper (2006) e Feed the Animals (2008): ele está para download no álbum de sua gravadora (chamada Illegal Art) de forma gratuita mesmo que nenhum dos envolvidos tenha direito sobre as músicas usadas para a composição do álbum. Explico: em vez de gravado, All Day – como os outros discos do Girl Talk – é composto apenas usando trechos de músicas alheias, grande parte delas hits de artistas consagrados.
Justamente por isso ele se tornou uma espécie de símbolo da cultura livre que ajuda a reinventar os conceitos de direitos autorais na era digital. O DJ foi um dos principais personagens do documentário Good Copy Bad Copy e sua entrevista era pontuada por observações do advogado Lawrence Lessig, criador da licença alternativa Creative Commons, que tratava Gillis como exemplo de um artista do século 21 que, se fosse atuar pelas leis do século 20, não conseguiria fazer música. Talvez por isso consiga lançar seus discos sem se preocupar com processos da indústria fonográfica. A menor menção a uma ação judicial contra ele já seria o suficiente para acionar advogados e ativistas da cultura livre e transformá-lo em mártir desta nova realidade. Enquanto isso, ele segue lançando seus discos – e fazendo shows inacreditáveis, apenas com seu laptop.
Vamos dar um tempinho no Paul, já que neste finde também tem o Terra?
Pavement – “Motion Suggets”
Mombojó – “Praia da Solidão”
Phoenix – “Rome”
Empire of the Sun – “Walking on a Dream”
Mika – “Relax (Take it Easy)”
Yeasayer – “Ambling Alp”
Passion Pit – “Moth’s Wings”
Of Montreal – “An Eluardian Instance”
Smashing Pumpkins – “1979”
Hurtmold – “Churumba”
Hot Chip – “Thieves in the Night”
Girl Talk – “This is the Remix”
E bem na semana em que ele toca no Terra – que timing. Dá pra baixar aqui, por mil jeitos diferentes.
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Isso é o Terra desse ano. Fiquei de cara. Tem tudo pra ser fodaço. Tomara que botem o Girl Talk no chão.