A conexão Kamasi Washington e George Clinton

O saxofonista Kamasi Washington libera mais uma faixa de seu próximo álbum, Fearless Movement, desta vez apontando para o outro extremo de seu espectro musical. Se na primeira faixa mostrada, “Dream State“, em que dividia os holofotes com o rapper e agora flautista Andre 3000, do Outkast, ele preferiu explorar as fronteiras do jazz abstrato, desta vez ele convoca ninguém menos que o mestre do P-Funk George Clinton para segurar o groove em “Get Lit”, uma faixa menor se comparada com a anterior, mas que ganha um brilho a mais graças à participação sagaz do rapper D Smoke. O disco de Kamasi será lançado nessa sexta-feira.

Ouça abaixo:  

O melhor festival de todos os tempos?

Imagine se você pudesse ver, numa mesma noite, shows de Lionel Richie, Diana Ross, Al Green, Gladys Knight, os Isley Brothers, Smokey Robinson, Dionne Warwick, Nile Rodgers e seu Chic, os Animals de Eric Burdon, Chaka Khan, Charlie Wilson, os O’Jays, George Clinton e seu & Parliament Funkadelic, o War, Los Lobos, os Stylistics, os Delfonics, os Manhattans, os Chi-Lites, o Zapp, o Cameo, Kool & the Gang, Rose Royce, a Dazz Band, o Time do Morris Day, as Pointers Sisters e o Mayer Hawthorne, entre outros artistas? Pois este é o pesadíssimo elenco da primeira edição do festival Fool in Love, que acontecerá no 31 de agosto, em Los Angeles, nos EUA, no Sofi Stadium. É o terceiro evento histórico que a cidade recebe no mesmo mês, além da volta dos Head Hunters de Herbie Hancock e o primeiro show em anos de Joni Mitchell. Os ingressos começam a ser vendidos pelo site do festival a partir dessa sexta-feira, dia 16. Quem vai?

Pedro Bell (1950-2019)

Pedro-Bell

Morre Pedro Bell, autor das capas clássicas da cosmogonia do senhor George Clinton, que inclui discos do Funkadelic, Parliament, Bootsy Collins, entre outros projetos da vasta genealogia do funk.

O fogo do Flying Lotus

Flying-Lotus-2019

O produtor Steven Ellison, nosso querido Flying Lotus, convocou ninguém menos que David Lynch dar início aos trabalhos de seu novo álbum, Flamagra, anunciado para o dia 24 de maio e cheio de participações especiais, pra variar: George Clinton, Anderson .Paak, Little Dragon, Shabazz Palaces, Thundercat, Toro y Moi, Solange, entre outros. E pra abrir os caminhos, FlyLo chamou ninguém menos que David Lynch para prover os vocais do primeiro single, “Fire is Coming”, que começa com um clipe familiar ao universo bizarro do cineasta. É o primeiro disco dele desde You’re Dead, um dos grandes discos de 2014.

A capa do disco segue abaixo, bem com os nomes das (!) faixas:

flamagra

“Heroes”
“Post Requisite”
“Heroes In A Half Shell”
“More” + Anderson .Paak
“Capillaries”
“Burning Down The House” + George Clinton
“Spontaneou” + Little Dragon
“Takashi”
“Pilgrim Side Eye”
“All Spies”
“Yellow Belly” + Tierra Whack
“Black Balloons Reprise” + Denzel Curry
“Fire Is Coming” + David Lynch
“Inside Your Home”
“Actually Virtual” + Shabazz Palaces
“Andromeda”
“Remind U”
“Say Something”
“Debbie Is Depressed”
“Find Your Own Way Home”
“The Climb” + Thundercat
“Pygmy”
“9 Carrots” + Toro y Moi
“FF4
“Land Of Honey” + Solange
“Thank U Malcolm
“Hot Oct.”

Imagine uma faixa do Funkadelic com Kendrick Lamar e Ice Cube

funkadelic-kendrick-lamar-ice-cube

Agora deixe de imaginar e aperte o play para ouvir a sinuosa “Ain’t That Funkin’ Kinda Hard On You?”, faixa que batiza o próximo disco do grupo de George Clinton e reúne ícones imbatíveis de três gerações de black music: Clinton, Kendrick Lamar e Ice Cube.

Mark Ronson tirando onda

uptownfunk-2015

E no mesmo Glastonbury que Pharrell apresentou sua música nova “Freedom”, Mark Ronson trouxe seu hit “Uptown Funk” em uma versão deluxe, com direito a convidados de peso: primeiro com o DJ Grandmaster Flash, depois com a diva Mary J. Blidge e, finalmente, com o papa do g-funk George Clinton.

Sensacional.

George Clinton e Black Star em São Paulo!

GEORGE-CLINTON

Sim! O senhor P-Funk dá as caras na Virada Cultural 2013, do dia 18 pro dia 19 de maio, e ainda traz na bagagem o Black Star de Mos Def e Talib Kweli na bagagem. Que boa notícia!

George Clinton na macia

George Clinton no Brasil?

É isso aí!

N.A.S.A. – The Spirit of Apollo

Zé Gonzalez já vive a ponte aérea entre a América do Sul e a América do Norte há mais de dez anos, mas só agora efetiva seu primeiro lançamento intercontinental, chamando o produtor Sam Spiegel, irmão de Spike Jonze, que também assina como Squeak E. Clean, para lançar o projeto N.A.S.A. Mas o primeiro disco da dupla, The Spirit of Apollo, sofre da síndrome da festa V.I.P., em que o número de celebridades parece exceder o próprio conhecimento dos convivas. Pra que tanto convidado assim? Contando apenas os facilmente reconhecíveis, temos uma lista que inclui Seu Jorge, quase todo Wu-Tang Clan, Santogold, Lovefoxxx, George Clinton, Del Tha Funkee Homosapien, Tom Waits, John Frusciante, David Byrne, Chuck D, Spank Rock, M.I.A., Kanye West, Sizzla, KRS-One e a Karen O do Yeah Yeah Yeahs, fora outra lista com nomes que inclui boa parte do escalão do hip hop americano atual. E o que esse povo todo acrescenta ao disco? Ou são samples humanos? Sendo assim, esse monte de artista acaba travando as possibilidades em vez de amplia-las, comprometendo o fluxo do disco com obviedades e pura encheção de lingüiça.

Mesmo com suíngue calibrado, o refrão de “Money” (“money is the root of all evil”) não consegue ser mais clichê, enquanto “Way Down”, com John Frusciante, soa como genérico de trip hop. A dobradinha Tom Waits/Kool Keith em “Spacious Thoughts” é totalmente dispensável e até a participação de George Clinton é trivial. Ainda mais quando se compara esse lado de The Spirit of Apollo com o em que ele acerta. São poucos hits, mas que, quando batem, pegam muito bem. A primeira faixa a ser revelada, “Gifted” (que reúne Santogold, Lykke Li e Kanye West) continua sendo a faixa mais bem resolvida do disco, que ainda tem outros bons momentos. “Watchadoin?”, que junta M.I.A., Santogold e Spank Rock (este último põe quase tudo a perder, soando tão vazio quanto a Fergie), cogita a possibilidade do Clash ter descoberto o funk carioca na época de Sandinista!, “Strange Enough” transforma Karen O num Mick Jagger (mas precisava do Ol’ Dirty Bastard e do Fatlip? Não precisava) e “A Volta” mostra que Lovefoxxx funciona até no ragga.

E quando sai do mundo de celebridades pop, a música do N.A.S.A. torna-se verdadeiramente inspirada, talvez por serem justamente quando Zé se sente mais em casa – seja ao lado do Babão dos Inumanos, quando deixam o samba comer bonito na vitrola em “O Pato”, que no caso, não é o de João Gilberto, mas o Donald, e em alguns momentos isolados (“N.A.S.A. Music” seria tão melhor se fosse instrumental ou a aparição de Miguel de Deus e da metaleira de Lincoln Olivetti no meio de “The Mayor”). Talvez a solução fosse deixar Zé Gonzalez ter mais peso no disco e na dupla – boa parte dos convidados apareceram graças aos contatos de Sam no meio publicitário, onde também bate cartão. Mas só o fato do fato da dupla chamar-se N.A.S.A. (que, apesar de vir da junção de North America com South America, ainda é a agência espacial estadunidense) diz muito sobre o resultado. Quem sabe, Zé está só esperando o momento certo para seu próprio disco.

N.A.S.A. – The Spirit of Apollo

N.A.S.A. – “O Pato