E sem o menor alarde três gravações inéditas da Gal Costa em seu ano miraculoso (1972) surgem nas plataformas de áudio. São três faixas gravadas após a turnê Até 73 que ela fez com Gilberto Gil naquele mesmo ano acompanhada de uma banda de cair o queixo – afinal esse era o nível da cantora naquele período -, formada por Tutty Moreno (bateria), Lanny Gordin (guitarra), Perna Froes (piano e teclados) e Novelli (baixo). São três versões: “A Morte” (de Gil, que ele nunca gravou), “Vale Quanto Pesa” (de Luiz Melodia) e “O Dengo que a Nega Tem” (de Dorival Caymmi, esta última com inacreditáveis sete minutos) que mostram um dos grandes nomes da nossa cultura no auge, tinindo trincando. Para ouvir de joelhos. Ouça abaixo:
E essas gravações que a Gal Costa fez em um hotel em Buenos Aires em 1978 que apareceram agora no YouTube? “Leãozinho”, “Antonico” e “Falsa Baiana” em versões intimistas e deslumbrantes… Gal no auge. Ouça abaixo:
Às vésperas de lançar disco novo, Ava Rocha ainda encontrou tempo para revisitar mais um clássico da música brasileira que completa meio século neste 2023 neste fim de semana, no Sesc Ipiranga: o sexto disco de Gal Costa, Índia, que viu ela reunir uma constelação de nomes da música brasileira de seu tempo (Duprat, Verocai, Dominguinhos, Toninho Horta, Luizão, Wagner Tiso, Chico Batera, Wagner Tiso) para cantar um repertório repleto de canções modernas e tradicionais, de Lupicínio Rodrigues a Caetano Veloso, passando por uma música do folclore português arranjada por Gil, Tom Jobim, Luiz Melodia, Jards e Waly, Tuzé de Abreu e a guarânia que batiza o disco. Ava reuniu uma banda à altura do desafio e surfou na intensidade daquela onda e o show conduzido pelo violão de Negro Leo e o teclado de Chicão Montorfano, ainda contou com a bateria de Alana Ananias, o baixo de Pedro Dantas e a guitarra de Fernando Catatau. O resultado daquela egrégora de entidades fez o disco soar tão moderno e ousado quanto em seu lançamento e Ava, no centro daquele altar, invocou a presença de Gal com toda sua graça e força. Foi lindo – e tomara que ela possa voltar a esse repertório de vez em quando.
Depois de mergulhar no Caetano Veloso, o Caramuru seguiu expandindo outras capas dos outros doces bárbaros usando inteligência artificial. Saca só essas outras aí embaixo:
O compadre Caramuru Baumgarten viu meus posts sobre inteligência artificial expandindo capas de discos e me chamou num canto pra mostrar algumas que tinha feito.
O C6Fest terminou neste domingo estabelecendo um novo padrão de realizar festivais de música em São Paulo. Conseguiu provar que é possível fazer um bom festival com boa estrutura e curadoria equilibrando-se entre o comercial e o pouco previsível trazendo tanto artistas novos e relevantes quanto nomes consagrados – e, principalmente, dissociar a ideia de festival de música estar atrelada a dia de perrengue, como o que fizeram os festivais realizados em São Paulo na última década. Obviamente a questão do preço extorsivo do ingresso é um ponto central nos poucos contras do evento: não bastasse ser caro pra cacete, só era permitido que se frequentasse um dos três palcos em que se realizavam os shows, algo que é uma irrealidade longe da vida de qualquer fã de música que não nasceu em berço de ouro. Eu mesmo já estava conformado em não ir caso não estivesse credenciado. Mas falo disso abaixo.