É rock mesmo sendo pra criança!

E Gabriel Thomaz encerrou sua temporada Eu Nem Era Nascido no Centro da Terra atualizando o título para as próximas gerações e finalmente colocando em prática uma ideia que carrega há quase duas décadas, data de uma das primeiras músicas que compôs pensando no público infantil e que só agora pode mostrá-la pela primeira vez num palco (“Papagaio Quequeco”). A primeira apresentação dos Autoraminhas – o mesmo grupo Autoramas, só que tocando músicas para crianças – começou com a música-tema do seriado do Batman nos anos 60, passeou pela trilha sonora da Vila Sésamo (ao visitar a inesquecível “Abecedário”, escrita por Marcos Valle), pelo repertório da primeira banda do Gabriel, Little Quail (com “O Sol Eu Não Sei” e “1-2-3-4”), e pela new wave de Portugal (“Robot”, do grupo Salada de Frutas, que o grupo já toca em seu show para adultos). Mas o ouro da apresentação está nas músicas feitas para esse novo formato, com músicas que explicam-se em seus títulos, como “Hora do Recreio”, “Cosquinha no Dedão”, a genial “Ornotorrinquinho” (descrita como uma versão infantil do Devo), a irresistível “Ritmo do Algoritmo” (falando em “faça o que seu mestre mandar”), a explosiva “Energia Atômica” (berrada por duas fãs mirins do grupo) e uma música com uma única sílaba (“ba”) repetida ad infinitum. Antes do show terminar, Gabriel chamou BNegão ao palco, que cantou sua “Dança do Patinho” naquele contexto inusitado – e funcionou! A apresentação não teve bis e sim uma extensa hora do recreio, quando o grupo chamou as crianças presentes no público para brincar com as baquetas na bateria, tocando teclado, tentando tocar guitarra e fazendo vocais improvisados e dancinhas, tornando o final do primeiro show do Autoraminhas num happening. Esse final caótico e fofo começou sobre a mesma base do tema de Batman que abriu a noite e que transformou-se numa mistura de improviso livre com playground que divertiu tanto as crianças, a banda e o público, numa pequena demonstração do que o mundo da música pode oferecer pra essa molecada – afinal, segue sendo rock mesmo sendo pras crianças! Pé na tábua, Autoraminhas!

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30 anos em uma hora

Gabriel Thomaz pegou o túnel do tempo nesta terceira segunda-feira de sua temporada Eu Nem Era Nascido, que está fazendo durante este mês de agosto no Centro da Terra, e foi parar em Brasília no início dos anos 90, quando ao lado de dois compadres (Xandão do baixo e Caio na bateria), ele lembrou do legado de sua primeira banda, Little Quail and the Mad Birds, no ano de aniversário de 30 anos de seu disco de estreia. E como na apresentação da semana passada, o show enfileirou hit atrás de hit como uma metralhadora de sucessos. Quase sem tempo para pausas entre as músicas, o trio solapou uma saraivada de clássicos candangos que ficam entre o punk (representado no vestuário dos três integrantes, que citavam Ramones, Sex Pistols e GBH) e o rock dos anos 50 (as únicas ressalvas ao próprio repertório foi uma versão fulminante para “Great Balls of Fire”, de Jerry Lee Lewis, e a versão turbo – com um cadinho de samba – para “O Samba do Arnesto”, de Adoniran Barbosa). O resto da noite foi um flashback pesado em uma hora de eletricidade, velocidade e humor, com Gabriel passando praticamente por todas as músicas de seu clássico trio: teve “Aquela”, “Azarar na W3”, “Berma is a Monster” “Baby Now”, Cigarrete”, “Galera do Fundão”, “Me Espera um Pouco”, “Silly Billy”, “Dezesseis”, “Composição de Sucesso”, “O Sol Eu Não Sei”, “Mau-Mau”, “Essa Menina”, “Stock Car”, “Família Que Briga Unida Permanece Unida” e, claro, “1-2-3-4”. Uma noite da pesada – e tomara que rolem outras dessas!

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Mil canções por minuto

Que beleza a segunda noite da temporada Eu Nem Era Nascido que Gabriel Thomaz está fazendo no Centro da Terra. A apresentação desta segunda-feira ficou com seu projeto solo Multi-Homem em que, acompanhado apenas do baterista Fernando Fonseca, passeia por diferentes fases de seu repertório e por músicas de outros autores, na velocidade elétrica do rock’n’roll em versões curtas e diretas – com apenas dez minutos já tinha tocado seis músicas, inclusive uma inspirada versão para “Have Love Will Travel” dos Sonics. E assim, fulminante, seguiu por mais uma hora de show, chamando intrépidos convidados para assumir vocais a seu lado: com Tatá Aeroplano fez a primeira música deste projeto, a transamazônica “Peru-Pará”, com Persie visitou o Little Quail (tema de sua próxima apresentação, segunda que vem) com o hit “Aquela” e com Thunderbird engatou um tributo ao Júpiter Maçã que começou com “Novo Namorado” e seguiu com “Ela Sabe o Que Faz”, quando Thunder chamou os outros dois convidados para fazer os vocais de apoio numa aparição conjunta que Gabriel agradeceu chamando-os de Trio Ternura. E foi nesse clima de Jovem Guarda que o candango mais roqueiro do Brasil encerrou a apresentação, invocando o gigante Erasmo Carlos com a irresistível “Minha Fama de Mau”.

Assista abaixo:  

É uma zona, mas é rock pra dançar!

A temporada Eu Nem Tinha Nascido que o Gabriel Thomaz começou nesta segunda-feira no Centro da Terra veio com o gás todo – e ele trouxe os Autoramas para começar tudo com o pé na porta. A nova encarnação do grupo, que conta com o baterista Igor Sciallis, o baixista Jairo Fajer e a tecladista – que também toca castanholas – Luma Lumee fez essa temporada começar com o dedo na tomada, quando o grupo revisitou seu repertório clássico, incluindo músicas de seu disco de estreia que comemora aniversário de 25 anos neste 2024, como “Autodestruição”, “Ex-Amigo” e a irresistível “Catchy Chorus”. Esta última fechou a noite com o grupo chamando todo mundo pro palco, transformando tudo numa grande zona, mas – como o show todo – sem precisar sair de sua área-base, o rock para dançar! E antes de terminar o show, Gabriel anunciou a programação das próximas segundas-feiras, avisando que, na próxima, quando toca com seu projeto solo Multi-Homem, contará com as presenças de Tatá Aeroplano e BNegão! Como o próprio Gabriel sempre diz: rrrrrock!

Assista abaixo:  

Gabriel Thomaz: Eu Nem Era Nascido

Volto de mais uma temporada candanga justamente para iniciar a celebração de um dos grandes heróis do cerrado no palco do Centro da Terra, quando o mestre Gabriel Thomaz assume sua temporada nas segundas-feiras de agosto fazendo uma verdadeira jornada em sua própria história. São quatro noites dedicadas a momentos diferentes de sua carreira. Na primeira segunda, dia 5, ele mostra a nova encarnação de seu grupo mais conhecido, o grupo Autoramas, que repassa seus grandes sucessos, inclusive festejando o aniversário de um quarto de século de seu primeiro disco, Stress, Depressão e Síndrome de Pânico. Na segunda noite, dia 12, ele mostra seu trabalho solo que assina como Multi-Homem para, na outra semana, dia 19, visitar o grupo que lhe colocou no mapa da música brasileira, quando repassa o repertório do mitológico Little Quail & The Mad Birds no ano em que o primeiro disco do trio comemora três décadas de existência. E como nem tudo é passado, Gabriel encerra a temporada no dia 26, quando mostra sua novidade deste ano, ao apresentar a versão infantil de sua banda principal, que batizou de Autoraminhas. Vai ser quente! E não custa lembrar que os espetáculos do Centro da Terra começam sempre pontualmente às 20h. Os ingressos já estão à venda na bilheteria e no site do teatro.

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Centro da Terra: Agosto de 2024

Agosto começa agora e essa é a programação de música do Centro da Terra no mês do cachorro louco. Quem toma conta das segundas-feiras é o conterrâneo Gabriel Thomaz, que assina a temporada do mês com seus inúmeros projetos – dos Autoramas a uma volta ao Little Quail, passando por algumas surpresas. Às terças-feiras, temos primeiro, no dia 6, a cearense Soledad retoma sua carreira depois de um período longe dos palcos e aponta para seu futuro próximo. No dia 13 é a vez de Ana Spalter mostrar o início de seu primeiro disco solo, que ainda está sendo gravado, no palco do Sumaré. Dia 20 temos a estreia nos palcos da carreira solo de Olívia Munhoz, mais conhecida como uma das melhores iluminadoras de música do Brasil, que mostra suas composições ao lado de um grupo da pesada. E no dia 27 é a vez de Paola Ribeiro mostra a força de sua voz ao mesmo tempo em que começa a mostrar seu primeiro trabalho autoral. Os espetáculos começam pontualmente sempre às 20h e os ingressos já estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.

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Tião Macalé relembra Little Richard

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Estava conversando esses dias com o Gabriel Thomaz, dos Autoramas, sobre música e entre papos sobre o rock de Brasília, refrigerantes e Brazilian Boogie, falamos sobre a morte de Little Richard. E além de ele me dar a dica sobre o disco Wild And Frantic, de 1966, que o próprio Little Richard dizia que tinha Jimi Hendrix na guitarra, ele ainda comentou que havia postado no Facebook a homenagem que o o coadjuvante figuraça dos Trapalhões Tião Macalé fez em um dos quadros mais clássicos sobre a malandragem do Mussum, quando ele puxa “Jenny Jenny” do falecido arquiteto do rock depois do Mussa puxar “Lá No Morro”, do Fundo de Quintal.

2020 mais caro

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Quase no finzinho de 2019, a revista da UBC pediu para que eu conversasse com empresários e produtores sobre o impacto da alta do dólar no mercado da música independente no Brasil – e conversei com Fabrício Nobre, Ana Garcia, Andre Bourgeois, Ricardo Rodrigues, Bruno Boulay e Gabriel Thomaz sobre como este cenário mexe com diferentes camadas do cenário em 2020. Confere lá no site deles.

Concertos de Discos

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A partir deste mês retomamos no Centro Cultural São Paulo a série Concertos de Discos, idealizada pela diretora original da discoteca pública que hoje batiza a instituição, a pesquisadora Oneyda Alvarenga, em que pesquisadores e especialistas dissecam discos clássicos em audições comentadas. Como estamos nas comemorações dos 50 anos do ano de 1967 (dentro do projeto Invenção 67), iniciamos os trabalhos com oito aulas sobre oito discos essenciais lançados naquele ano – das estréias do Pink Floyd, Doors, Velvet Underground e Jimi Hendrix, a discos cruciais nas carreiras de Tom Jobim, Roberto Carlos, Aretha Franklin e dos Beatles. O time de especialistas reunidos é da pesada e as audições acontecem na própria Discoteca Oneyda Alvarenga, no CCSP, durante as terças e quintas de junho, gratuitamente, a partir das 18h30. Veja a programação completa deste primeiro mês abaixo (mais informações aqui):

Concertos de Discos
de 6 a 29/6 – terças e quintas – 18h30
O Invenção 67 ressuscita os célebres Concertos de Discos, que a primeira diretora da Discoteca do Centro Cultural São Paulo, Oneyda Alvarenga, ministrou entre 1938 e 1958. Os Concertos de Discos voltam focados em música popular e realizados na própria Discoteca Oneyda Alvarenga, convidando o público a uma audição comentada. Programe-se: as audições são limitadas a 30 pessoas. Todos os concertos começam pontualmente às 18h30.

60min – livre – Discoteca Oneyda Alvarenga
grátis – sem necessidade de retirada de ingressos

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
dia 6/6 – terça – 18h30
Pai e filho, Maurício Pereira (Os Mulheres Negras) e Tim Bernardes (O Terno) falam sobre o clássico dos Beatles: Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band.

The Piper at the Gates of Dawn
dia 8/6 – quinta – 18h30
O crítico e músico Alex Antunes (Akira S, Shiva Las Vegas) trata do disco de estreia do Pink Floyd, The Piper at the Gates of Dawn.

Wave e Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim
dia 13/6 – terça – 18h30
O músico e historiador Cacá Machado analisa os álbuns Wave, de Tom Jobim, e Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, parceria com Sinatra e Jobim que marcou a inserção da bossa nova no contexto internacional.

The Doors
dia 15/6 – quinta – 18h30
O jornalista Jotabê Medeiros mergulha no álbum de estreia da banda The Doors, que juntou de modo dramático jazz, blues, lisergia e poesia.

I Never Loved a Man the Way I Love You
dia 20/6 – terça – 18h30
Especialista em hip hop, soul e funk, a jornalista Mayra Maldjian analisa I Never Loved a Man the Way I Love You, turning point na carreira de Aretha Franklin – e do rythmn’n’blues.

Are You Experienced?
dia 22/6 – quinta – 18h30
Músico e jornalista, Rodrigo Carneiro (Mickey Junkies) surfa em Are You Experienced?, disco em que estreou a banda Experience, de certo guitarrista canhoto chamado Jimi Hendrix.

Em Ritmo de Aventura
dia 27/6 – terça – 18h30
Guitarrista e vocalista da banda Autoramas, Gabriel Thomaz entra Em Ritmo de Aventura para falar do clássico de Roberto Carlos.

The Velvet Underground & Nico
dia 29/6 – quinta – 18h30
O jornalista e editor da revista Bravo!, Guilherme Werneck, trata de The Velvet Underground & Nico, o disco que lançou a banda de Lou Reed – e também as bases do punk.

A Invasão Brasileira no SXSW 2017 começa pelo CCSP

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Mais uma novidade da minha curadoria de música no Centro Cultural São Paulo: o minifestival Invasão Brasileira SXSW 2017, que acontece neste fim de semana e conta com shows dos Autoramas, Max de Castro, FingerFingerrr, Capela, Lista de Lily, Maglore e Liniker e os Caramelows, as sete bandas que irão representar o Brasil na edição deste ano do SXSW. Além dos shows, haverá duas atrações gratuitas: um debate sobre a importância do festival para bandas brasileiras no sábado (com o Ricardo Rodrigues, que cuida da carreira da Liniker; a Amanda Souza, que trabalha com o Maglore e o Leandro Ribeiro da Silva, da BM&A) e um papo com o Gabriel Thomaz, dos Autoramas, sobre mitos e verdades sobre tocar fora do Brasil, em que faço a mediação, no domingo. Os dois debates acontecem a partir das 14h – mais informações sobre o evento aqui.