Agosto se avizinha e com isso já podemos anunciar as atrações de música da minha curadoria no Centro da Terra neste mês. Quem toma conta das segundas-feiras do mês é a grande Papisa, que volta aos palcos do teatro depois de anos, desta vez assumindo uma temporada chamada Em Brisas, em que chama, a cada semana, um novo convidado para explorar novas canções. A safra de shows começa dia 4, quando ela recebe a carioca Janine, numa apresentação em que as duas tocam guitarra. Dia 11 é a vez de receber Bobby Baq, que canta, faz leituras e declamações enquanto Papisa toca piano elétrico e faz programações eletrônicas. No dia 18 ela chama o baterista Arquétipo Rafa, que também toca baixo synth e percussão, enquanto ela reveza-se entre a guitarra, o sintetizador e o piano elétrico, encerrando a temporada ao lado de Paulo Miklos, dia 25, que canta, toca violão, baixo, sax e flauta transversal enquanto Papisa canta, toca violão, guitarra e piano. A primeira terça-feira do mês, dia 5, é da vocalista Marcela Lucatelli, que traz seus convidados escandinavos (o guitarrista e tecladista dinamarquês Lars Bech Pilgaard e o baterista norueguês Ole Mofjell para apresentar o projeto Necromancy, que dialoga entre a polirritmia, os cantos afrobrasileiros, o noise e o free jazz, contando com a participação do baixista paulistano Marcelo Cabral nesta apresentação. Dia 12 é a vez do paulistano Sessa começar a mostrar as canções de seu próximo trabalho no espetáculo Ensaio Aberto, em que chama mais uma vez o baixista Marcelo Cabral para o palco do teatro, trazendo ainda o baterista Biel Basile e a cantora Ina para mostrar o disco que lança até o começo do ano. Depois, dia 18 é a vez da musicista Lorena Hollander, do grupo Ushan, e do performer e vocalista Novíssimo Edgar apresentarem o projeto Hotel Shiva, em que misturam música e práticas ancestrais de cura sonora em instrumentos como o koto (harpa tradicional japonesa), kalimba, guitarra, sintetizadores e percussão. E encerrando a programação musical do mês na última terça de agosto, dia 25, recebemos o trio formado por Gabriel Milliet, Lucca Francisco e Stephanie Borgani no espetáculo Espaço Semelhante, em que encontram suas vozes, violões, teclados e flauta em atmosferas meditativas entre a música instrumental e a voz. Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
O silêncio quase eclesiástico feito pelo público que encheu o Centro da Terra neste primeiro de julho tornou a apresentação de Lucca Simões ainda mais fluida e reverente, mesmo que estes adjetivos pareçam se contradizer. O músico começou tocando sozinho para depois chamar aos poucos os outros convidados da noite, primeiro Gabriel Milliet, tocando flauta transversal, seguido de Eduarda Abreu, só ao piano, com quem fez números em dupla. Depois chamou Lucas Gonçalves (no baixo) e Chico Bernardes (na bateria) para um primeiro número como trio para finalmente chamar Eduarda de volta e terminar a noite como um quarteto, mostrando as músicas que deverão entrar em seu primeiro álbum, com todo esmero e delicadeza que as canções precisavam. Afinal seu autor é, ao mesmo tempo, um vocalista quase tímido e um guitarrista sutil e discreto, o que culminou no segundo momento solo da noite, quando tocou a única versão do repertório, uma lindíssima leitura instrumental de “Você é Linda”, de Caetano Veloso. Todos os convidados eram sensíveis o suficiente para entender a leveza do repertório e da performance do autor, deixando-o à vontade sem que precisassem rechear sua sonoridade, tornando os vazios presentes. O único momento mais cheio do show foi quando Lucca chamou o público para cantarolar o refrão de uma canção que acaba sendo a síntese de sua musicalidade: “Devagar e sempre, sempre a caminhar”. Foi bem bonito.
O segundo semestre começa com a primeira apresentação solo de Lucca Simões no Centro da Terra, que traz seu espetáculo Dizer Novo Adeus para mostrar as músicas que vem preparando para seu primeiro álbum solo. Acompanhado de uma banda formada por Eduarda Abreu (piano), Lucas Gonçalves (baixo) e Chico Bernardes (bateria), ele traz suas canções que equilibram-se entre o folk, o indie rock e a música brasileira, sempre tocadas de forma minimalista e introspectiva, mas que crescem com a participação de outros músicos. Nesta apresentação ele ainda conta com a presença do músico, cantor e compositor Gabriel Milliet. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Bem bonita a apresentação que Paulo Ohana fez nesta terça-feira no Centro da Terra, antecipando o disco Língua na Orelha, que será lançado no fim deste mês ao tocar pela primeira vez com a banda com a qual gravou o disco: Bianca Godoi (bateria), Ivan “Boi” Gomes (baixo) e Ivan Santarém (guitarra), infelizmente desfalcada do saxofonista e flautista Fernando Sagawa, que não pode comparecer. Além de músicas do seu disco anterior – O Que Aprendi com os Homens -, ele mostrou a íntegra do disco ainda inédito e contou com a participação do cantor e compósitor Gabriel Milliet, que participou da apresentação pilotando um sintetizador e, primeiro só os dois e depois com a banda, passaram por “Grande Hotel São João”, do próprio Milliet, e pela bela “Ojos de Video Tape”, do excelente Clics Modernos do argentino Charly Garcia.
Quem apresenta-se nesta terça-feira no Centro da Terra é o brasiliense Paulo Ohana, que faz a transição entre seu disco mais recente – O Que Aprendi Com os Homens, de 2021 – e seu próximo álbum – chamado Língua na Orelha. Entre os dois discos, a força da palavra como linha condutora de suas composições e do espetáculo, chamado didaticamente de O Que Aprendi com a Língua dos Homens na Minha Orelha. Ohana, que toca violão e guitarra e cuja sonoridade equilibra-se entre o indie rock, o folk e o jazz, vem acompanhado de uma senhora banda formada por Bianca Godoi (bateria), Fernando Sagawa (saxofone e flauta), Ivan “Boi” Gomes (baixo) e Ivan Santarém (guitarra) e a apresentação ainda conta com a parrticipação do cantor e compositor Gabriel Milliet. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Meno Del Picchia começou a mostrar seu próximo disco no espetáculo Mar Aberto nesta terça-feira, no Centro da Terra, quando reuniu-se à Bianca Godoi (bateria), Batataboy (guitarras, piano e beats) e e Gabriel Milliet (teclados, flauta e percussão) para mostrar a quantas anda o disco que lançará no meio do ano, Maré Cheia. Entre canções de seu projeto Amarelo e do disco Pompeia Lo-Fi, ele ainda contou com a presença de dois cantores suavíssimos, João Menezes e Tori, que ajudaram a adoçar ainda mais um projeto em que ele de vez em quando deixa seu baixo de lado para dedicar-se apenas ao vocal.
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Encerramos a programação de música de fevereiro no Centro da Terra com a apresentação Mar Aberto, em que o cantor, compositor e contrabaixista Meno Del Picchia começa a mostrar o material de seu próximo álbum, Maré Cheia, previsto para este ano. Para esta apresentação, ele montou uma senhora banda, composta por Bianca Godoi, Batata Boy e e Gabriel Milliet, além de contar com as participações do alagoano João Menezes e da sergipana Tori. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados neste link.
(Foto: Biel Basile/Divulgação)
Conheci Gabriel Milliet no ano passado, quando ele participou da temporada que o Biel Basile fez no Centro da Terra e aos poucos ele foi me apresentando ao seu trabalho solo, que desenvolveu nos anos em que esteve fora do Brasil, quando mudou-se para a Holanda. Longe do país, começou a compor suas músicas num misto de saudade e sensação de deslocamento e pertencimento, que, quando voltou ao Brasil, começaram a se tornar um disco. Gravado em dois continentes, o disco batizado Um reúne a paixão de Millet pela canção e pelo violão de nylon à sensação de descolamento que sentiu ao ficar longe do país e está sendo lançado neste início de setembro. Gabriel me chamou para escrever o texto de apresentação do trabalho, que republico abaixo:
Depois de uma temporada na Holanda, o cantor e compositor Gabriel Milliet voltou para o Brasil com a mala cheia de novas canções, boa parte delas falando sobre a distância e a saudade do Brasil e o fato de estar morando em outro país. De volta pra nossas bandas desde o ano passado, ele começou a pensar em seu primeiro álbum e começa a mostrá-lo a partir desta sexta, quando lança o primeiro single, “Silêncio Brutal”, que ele antecipa em primeira mão aqui no Trabalho Sujo. Gabriel explica que escolheu essa música para começar seus trabalhos de forma menos racional, mais por ela parecer uma música de abertura: “Ela tem tanto o lado introspectivo e autobiográfico da poesia do álbum como um olhar pra São Paulo como um personagem longe e distante, que eu tinha saudade. Filmado e editado pelo próprio Gabriel numa câmera de VHS, o vídeo contrapõe imagens de São Paulo às do artista sozinho na mesma cidade, em cenas capturadas pelo amigo Pedro Pastoriz. “Trabalho fazendo trilha sonora pra audiovisual, achei legal estar do outro lado. Normalmente eu fico refém das imagens para fazer uma música que caiba, desta vez achei legal escolher que imagens vão estar na música”.
Casa lotada para assistir à primeira apresentação do trabalho solo de Gabriel Milliet, que estreou em público canções que vem reunindo há mais de cinco anos, quando mudou-se para a Holanda. De volta ao Brasil, reuniu-se com a pianista Stephanie Borgani e o baterista Biel Basile para uma noite delicada e sensível, divindo por vezes as canções com seus convidados – por vezes era acompanhado apenas do piano e da linda voz de Stephani e por outras apenas pela percussão sutil de Biel. Na maior parte da apresentação, contudo, ele estava sozinho no palco, cantando músicas que falam sobre a saudade de estar longe dos amigos, de sua zona de conforto e do Brasil, revezando-se entre o violão, a guitarra, o teclado e a flauta, usando o sintetizador como uma forma de acompanhar-se a si mesmo e fazer as transições entre as canções. Um show redondinho, pronto para ganhar corações pelo Brasil.