Com um post no Instagram em que dizia “mamãe se foi”, Thomas Dutronc anunciou ao mundo a morte de sua mãe, a grande dama da canção francesa Françoise Hardy, que há 20 anos era vítima de um câncer no sistema linfático, embora a causa de sua morte não tenha sido revelada. Nascida na Paris ocupada pelos nazistas durante um bombardeio, Françoise teve uma infância miserável e só aos 16 anos de idade teve contato com a música, quando aprendeu a tocar violão. Dois anos depois gravaria o primeiro disco, Tous les Garçons et Les Filles, cuja faixa-título foi um dos maiores sucessos da indústria fonográfica de seu país. Com uma música composta por ela mesma – algo raro naquele mercado naquela época – a jovem cantora conectou a juventude francesa com a música pop que começava a dominar o planeta, ao iniciar um movimento que seria conhecido como yé-yé, parente distante do iê-iê-iê da Jovem Guarda brasileira. Jovem musa durante os anos 60, foi cortejada pelos Rolling Stones, por Bob Dylan (que dedicou-lhe um poema na contracapa de seu segundo disco) e David Bowie, era uma das modelos preferidas de Yves Saint Laurent e atuou em filmes de Jean-Luc Godard, Roger Vadim, John Frankenheimer e Claude Lelouch, mas à medida em que tornava-se mais popular, tornava-se mais introspectiva, tanto pessoalmente quanto em termos musicais. Passou a gravar canções de Serge Gainsbourg e Leonard Cohen e ganhou uma aura madura que consagrou sua importância na história da música pop, tornando-se uma espécie de encarnação da canção francesa mais do que qualquer outro intérprete contemporâneo. E não custa reforçar a importância da música brasileira para sua música: depois de ter gravado “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque, como “A quoi ça sert”, ela dividiu seu melhor disco, o soberbo, sexy e delicado La Question, de 1971, com a violonista Tuca – foi seu único disco em que ela envolveu-se com a produção musical, uma vez que Tuca compôs quase todas as músicas, que foram arranjadas a partir de sugestões de Hardy, ao contrário de seus outros discos, em que ela apenas gravava a voz após toda a parte musical ter sido feita (além de ter uma versão para uma música de Taiguara (!) – e “A transa” virou “Rêve” em francês). Em seus últimos anos parou de cantar devido ao câncer que enfrentava e tornou-se uma das principais vozes na França a advogar a favor da eutanásia, uma causa que ajudou a tirar do tabu para tornar-se uma pauta política. Sua voz e suas canções ajudam a manter seu nome vivo entre nós. Merci, madam.
Nesse inverno, qualquer grauzinho a mais é lucro.
JJ – “10″
Chromatics – “The Page”
ruído/mm – “Índios”
Pazes – “Faders”
Boards of Canada – “Music is Math”
Hot Chip – “Don’t Deny Your Heart”
Mahmundi – “Desaguar (Camara Remix)”
Lana Del Rey – “National Anthem”
Snoop Dogg – “Murder Was the Case”
Tim Maia – “Ela Partiu”
Sister Nancy – “Bam Bam”
Françoise Hardy – “Le Temps de L’Amour”
A Cor do Som – “Palco”
Haim – “Forever”
Beach Boys – “Surf’s Up”
David Bowie – “Life On Mars”
Wilson Simonal – “Vesti Azul”
Um Vinteonze diurno, gravado a seco, em que falamos sobre um lugar construído nos anos 30, como é o Studio RJ, alguns picos de popularidade, o sensor de humor do Domenico, um encontro com Jeff Mangum, a primeira vez no Circo Voador, um filho de Nova Jérsei, a regra dos três, o micróbio do samba, Cidadão Instigado com Fagner, David Gilmour pós-punk, versões originais de músicas que ficaram mais conhecidas depois, muito conviviência, A Bad Donato ao vivo, Flavor Flav no baixo, um show sem registro em vídeo, o momento-reverência, Casa das Caldeiras e Sesc Belénzinho, Davi Moraes na bateria, um quê de Odair José, um cara cantando seus próprios fantasmas, Junio Barreto e Otto, o museu mais antigo de fliperama que existe, Lapa x Augusta e lembranças da festa Lebowski, da Trabalho Sujo + Veneno na Trackers e da festa Fela. Tudo isso ao som de um disco da Françoise Hardy e do EP do Bixiga.
Ronaldo Evangelista & Alexandre Matias – “Vinteonze #0024“ (MP3)
Porque esse frio aí… Nada a ver.
E vamos à segunda parte do especial do mês. Desta vez, observamos Serge Gainsbourg deixar a sofisticação e a polidez em segundo plano para atacar um universo de lolitas e cantoras adolescentes que inclui ninguém menos que Brigitte Bardot.
France Gall – “Poupee De Cire, Poupee De Son”
France Gall – “Teenie Weenie Boppie”
France Gall – “Baby Pop”
France Gall – “N’ecoute Pas Les Idoles”
France Gall – “Les Sucettes”
Serge Gainsbourg – “Docteur Jekyll et monsieur Hyde”
Serge Gainsbourg – “Qui est ‘in’ qui est ‘out'”
Serge Gainsbourg – “Shu ba du ba loo ba”
Serge Gainsbourg – “Torrey Canyon”
Serge Gainsbourg – “Chanson du forçat”
Françoise Hardy – “L’Amour en Privé”
Françoise Hardy – “Comment Te Dire Adieu”
Serge Gainsbourg & Brigitte Bardot – “Initials B.B.”
Serge Gainsbourg – “Bloody Jack”
Brigitte Bardot – “Contact”
Serge Gainsbourg & Brigitte Bardot – “Bonnie & Clyde”
Serge Gainsbourg & Brigitte Bardot – “Comic Strip”
Serge Gainsbourg – “Hold Up”
Serge Gainsbourg & Brigitte Bardot – “Ford Mustang”
Serge Gainsbourg & Brigitte Bardot – “Comic Strip (Version Anglaise)”
Serge Gainsbourg & Brigitte Bardot – “Je T’Aime… Moi Mon Plus”
Serge Gainsbourg – “Marilu”
Serge Gainsbourg – “Cannabis”
Serge Gainsbourg – “Théme 504”
Serge Gainsbourg & Jane Birkin- “La Chanson de Slogan”
Serge Gainsbourg – “Manon”
Serge Gainsbourg – “Requiem pour un Con”
O desdobramento da fase “Baby Pop”, inaugurada com France Gall, fez com que Serge Gainsbourg funcionasse como um cavalo de Tróia sofisticado para o pop descartável francês. À medida em que seus hits ganhavam o topo das paradas na França, artistas diferentes – e de fora de seu país – começavam a lhe pedir canções. E aos poucos ele começa a diluir a trivialidade de suas canções ingênuas de duplo sentido com os trocadilhos sonoros e jogos de cena de suas composições do período adulto. Um bom ensaio para uma aparição que viria a seguir…
Petula Clark – “O O Sheriff”
Dominique Walter – “Les petits boudins”
Dalida & Serge Gainsbourg : “Rues de mon Paris”
Minouche Barelli – “Boum-badaboum”
Serge Gainsbourg & Anna Karina – “Ne dis rien”
Marianne Faithfull – “Hier ou demain”
Françoise Hardy – “Comment Te Dire Adieu”