Luiza Villa: Cartas e Segredos

Neste sábado, às 19h, Luiza Villa começa a dar um novo passo em sua carreira solo ao lado de três instrumentistas incríveis: a arrajandora e multiinstrumentista (e aniversariante do dia) Marcella Vasconcellos, a percussionista Yasmin Monique e a violoncelista Francisca Barreto. Dei meus pitacos na direção que elas conceberam e, além de músicas novas autorais da Luiza, elas ainda mostram versões lindas de canções alheias. O espetáculo Cartas e Segredos faz parte da programação Ágora Zumbido, que acontece no Ágora Teatro, na Bela Vista. Corre e garante seu ingresso neste link, que eles estão no fim.

Voa, Chica!

Eu sabia que ia ser bom, mas não estava preparado pra tanto. Desde a primeira vez que vi Chica – que agora assina Francisca Barreto – tocar seu violoncelo e soltar sua voz, sabia que ela tinha tudo que precisava para ser uma cantora forte e intensa, mesmo que, pessoalmente, seu jeito meio tímido e inseguro, a forma como acompanha as conversas com o olhar e a hora improvável que solta piadas inusitadas, desse uma ideia de alguém que ainda está tateando seu rumo artístico – e de alguma forma, ela ainda está, afinal acabou de fazer seu primeiro show solo da vida nesta terça-feira. Mas há uma luz, uma certeza, uma força tanto na forma como apresenta as canções, como na entrega que se joga nos instrumentos que toca que mostram que ela está segura num degrau acima, com a consciência de sua presença artística, mas ainda desacreditada de onde seu potencial pode levá-la. Nos últimos anos, ela tomou um choque de realidade que mostrou que ela está pronta para dar saltos mais ousados, ao ser descoberta pelo irlandês Demian Rice, conhecido por tocar sozinho nos palcos pelo mundo, não pestanejou a dividir os holofotes com o músico solitário. Em turnês por diferentes partes do planeta, ela ganhou confiança suficiente para topar algo que propunha a ela há tempos, mas que ela titubeava em saber se era a hora certa, mas na hora em que subiu no palco sozinha para mostrar sua faceta artística sem estar em dupla ou num grupo, o palco era dela. Começou a noite com a mesma resposta que deu ao próprio Rice quando ele a colocou para começar seus shows antes de sua entrada, entregando seu cello e voz a uma das canções mais emblemáticas de Milton Nascimento, “Ponta de Areia”. Dali em diante, ela estava em pleno voo, seja defendendo suas próprias canções ao lado de músicos com quem vem tocando há pouco tempo (como o guitarrista Victor Kroner, o violinista Thalis Hashiguti e a baterista Bianca Godoi), seja tocando cello, violão ou piano. seja dividindo canções com suas irmãs de palco Sophia Ardessore (em “Copo D’Água”) e Nina Maia (em “Gosto Meio Doce”) ou fazendo todos se arrepiar com uma versão de “Little Green” de Joni Mitchell. Mas o ápice da noite foi o final do show, quando fez uma versão inacreditável para “Teardrop” do Massive Attack com sua banda, deixando sua voz soar plena, como deve ser, num momento único de 2024 que quem viveu sabe. O bis veio com a mesma formação e com as presenças de Nina e Sophia numa versão linda e intensa para “Habana” de seu professor de cello, Yaniel Matos. Obrigado por essa noite mágica, mulher – e você pode assinar seu nome completo, mas vou estar aqui como desde o início aplaudindo e pilhando: voa Chica!

Assista abaixo:  

Francisca Barreto: Bico de Proa

Imenso prazer em realizar a primeira apresentação autoral de uma artista que vai crescer muito! A violoncelista Francisca Barreto faz seu primeiro solo nesta terça-feira, no Centro da Terra, acompanhada por Victor Kroner (guitarra, violão e sintetizador), Thalis Hashiguti (violino e viola) e Nina Maia (piano e voz), quando passeia por composições próprias e alheias num espetáculo que batizou de Bico de Proa. Ela mesma explica o porquê do título: “Em uma viagem de dois meses em um veleiro, pude reviver memórias da minha infância, que ainda estão muito próximas de mim”, conta no texto de apresentação desta noite. “Trago comigo a cidade onde nasci e moro, São Paulo, centro, caótica e barulhenta, e o lugar onde cresci, Guaraú; entre o rio, o mangue e o mar, passei a infância cantando músicas brasileiras, ouvindo passarinho, vendo animais silvestres e descansando os olhos na paisagem verde da mata.” Além do cello, ela ainda toca violão e percussão, além de passear por canções latinas, brasileiras, norte-americana e composições instrumentais. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão esgotados.

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Vida Fodona #807: Demorei, né?

Muita coisa acontecendo.

Ouça abaixo: