Uma noite daquelas

Noitaça daquelas no Picles nessa sexta-feira, quando reuni em mais uma edição do Inferninho Trabalho Sujo duas bandas nada próximas pra mostrar que, mesmo tocando estilos musicais diferentes e estando em fases distintas de suas carreiras, estamos diante de uma safra invejável de novas bandas, que se conversam e se frequentam. Fazendo sua primeira apresentação em São Paulo, o quarteto Movimento Náufrago, de Santo André, faz parte daquela safra de artistas desta década que são igualmente influenciados por indie rock, música brasileira e rock clássico, com um elemento poético colocado em primeiro plano graças à excelente vocalista Jeini Cristina, que além das letras literárias também tem um carisma que entretém o público entre as canções. A guitarrista Mari Oliver traz os elementos rock tocando seu instrumento de forma enxuta, melódica e sem firulas, para que o novo baixista Askov (que também toca na Cianoceronte) e o baterista Matheus Rocha encorpem as canções de forma igualmente concisa e precisa. Entre as curtas músicas que apresentaram, mostraram uma que foi finalizada na tarde daquela sexta, tão bem recebida pelo público que foi tocada pela banda novamente no bis. Bem bom.

Depois foi a vez dos cariocas da Glote infestarem o Picles com uma bruma elétrica pesada, hipnotizando os presentes com o peso do shoegaze tocado com duas baterias. Soando como um cruzamento do Television com o Sonic Youth, o grupo, liderado pela dupla de guitarristas João Autuori e Alvaro Mendes (que também respondem como a banda Drogma, em uma encarnação paralela), é 100% cria do Escritório, escola de indie lo-fi inventada por Lê Almeida no Rio de Janeiro, que converge a estética indie e o modus operandi faça-você-mesmo para uma realidade periférica brasileira. E no Glote essa brasilidade está nas letras – tanto no jeito de cantar quanto nos assuntos -, que trazem essa brasilidade para o mar de noise e microfonia tenro e adocicado que formam seus arranjos, sempre pesados, nunca agressivos. Um sonho bom, em que canções de poucos minutos parecem durar horas de transe coletivo ao redor do som. Uma noitaça que terminou com a minha discotecagem ao lado da Fran, numa madrugada particularmente inspirada para os dois, mesmo ela tendo esquecido parte de suas músicas e de ela ter cutucado o meu passado mashup, que eu nem sabia como estava sentindo falta. Só começando…

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Movimento Náufrago e Glote @ Picles (23.5)

Sexta-feira tem mais @inferninhotrabalhosujo no Picles, quando reunimos duas bandas que nunca passaram pela festa. A noite começa com os cariocas do Glote e depois a bola é passada pro Movimento Naufrágo, apresentando nova formação. Depois dos shows, eu e Fran (aniversariante da semana ❤️) começamos a esquentar a pista pra mais uma noite daquelas. Os ingressos já estão à venda e quem segurar os seus antes pode entrar de graça até às 21h30. Se não chegar essa hora o preço é 20 reais. Se você não pegar antes, o ingresso custa 30 reais. Não dê mole que a noite vai ser quente! Garanta seu ingresso aqui/a>.

Catarse de um homem só!

Apesar da chuva, do frio e da quinta-feira, tivemos uma edição quente do Inferninho Trabalho Sujo no Picles com duas catarses lideradas por um homem só. A priimeira aconteceu na volta ensandecida de Monch Monch para o Brasil. Depois de uma temporada em Portugal, o frontman endiabrado Lucas Monch reuniu seu bando mais uma vez para tirar a poeira de músicas antigas e mostrar algumas novas que estarão em seu próximo disco, programado para sair ainda este semestre. O furacão elétrico de noise, rock e loucura contou com participações espontâneas, incluindo sax free jazz e gaita (esta tocada por ninguém menos que o tangolo mango Felipe Vaqueiro), e hits instantâneos como “Merda” e “Jeff Bezos Me Paga Um Pão de Queijo”. Como ele mesmo diz: “AAAAAAAAAAAAAAAAAAH!”

Depois foi a vez de Jair Naves fazer sua estreia (!) no Picles e apesar do tom grave e sério que começou sua apresentação (tocando violão), logo logo o cantor e compositor entrou no clima da noite e se jogou pra cima do público, transformando seu show naquela missa catártica e elétrica que quem acompanha sua carreira bem conhece. O público cantava de cor suas letras densas e quilométricas enquanto ele aproveitou para comemorar a inusitada (atrasada e obviamente festejável) prisão de Fernando Collor, pedindo pra que ela abrisse caminho pra que seu xará também chegasse à cadeia. Uma noite e tanto!

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Jair Naves e Monch Monch @ Picles (24.4)

O próximo Inferninho Trabalho Sujo acontece numa quinta-feira, dia 24 de abril, no clássico Picles, quando reunimos dois bardos de gerações diferentes que se entregam para o público em catarses apoteóticas. Abrindo a noite temos o jovem Lucas Monch, que, depois de uma temporada em Portugal, reúne um monte de gente boa para colocar seu projeto solo pela segunda vez no palco do clássico sobrado de Pinheiros. Depois é a vez do mestre Jair Naves trazer suas baladas intensas e rock cru para adensar ainda mais a noite, que vira uma pista de dança logo em seguida, quando eu e a Fran entramos com os hits que transformam a noite em uma pista de dança interminaável. Oa ingressos já estão à venda – e se liga que agilizando essa compra até um dia antes da festa, dá pra deixar seu nome numa lista que permite a entrada de graça antes das 21h. Vamo nessa!

Psicodelia infernal

Guilherme Cobelo e Tagore fizeram uma noite quentíssima na edição desta sexta-feira no Inferninho Trabalho Sujo no Picles, quando trouxeram versões de uma psicodelia brasileira influenciada pela cultura do sertão, cada um à sua maneira. Cobelo trouxe seu Caubói Astral pela primeira vez para São Paulo, acompanhado do guitarrista Jota Dale, do baterista Dinho Lacerda e do baixista André de Sousa, e ainda cantou músicas inéditas, como minhas favoritas “Asa Soul” e “Conversando como Sábado”, esta última dividindo os vocais com sua irmã de Joe Silhueta, Gaivota Naves, que subiu no palco para abrilhantar ainda mais a noite.

Depois foi a vez de Tagore passear por seus discos e invocar a psicodelia nordestina, puxando Alceu Valença e Ave Sangria entre seus vários ídolos musicais em meio às músicas de seus discos clássicos como Movido a Vapor, Maya e o mais recente Barra de Jangada. Ele veio com uma banda azeitadíssima, que contava com seu fiel comparsa João Cavalcanti no baixo, o ás Arthur Dossa na guitarra, o baterista Arquétipo Rafa e o tecladista Gustavo Garoto, e ainda convocou o capixaba André Prando para a celebração de uma noite quente! Showzaço!

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Tagore (que convida André Prando) e Guilherme Cobelo (que convida Gaivota Naves) no Picles!

Essa sexta tá pegando fogo no Inferninho Trabalho Sujo, quando recebemos dois bardos da psicodelia brasileira de fora de São Paulo para o palco do Picles. A noite começa com Guilherme Cobelo mostrando seu disco Caubói Astral pela primeira vez na cidade, com a participação da incrível Gaivota Naves. E depois é a vez do mestre pernambucano Tagore trazer seu disco mais recente, Barra de Jangada, pra esquentar ainda mais a noite – e quem aparece no show dele é o capixaba André Prando. Depois dos shows é a vez de eu e a Fran nos encontrarmos mais uma vez para transformar a pista do Picles em nosso clubinho particular – e vocês sabem como ficam as coisas quando a gente põe as pessoas pra dancar! O Picles fica no número 1838 da Cardeal Arcoverde, no coração de Pinheiros, e a casa abre a partir das 20h – os shows começam às 21h30. Vamos?

Inferninho atípico

Inferninho Trabalho Sujo atípico (ao menos para mim) nessa sexta-feira no Picles, a noite serviu para extravasar tensões com a sequência da banda CØMA seguido das minas da Crime Caqui. O primeiro grupo, projeto pós-punk inventado pela baterista Bianca Godói e pelo guitarrista Guilherme Held, está cada vez mais coeso e intenso, com Otto Dardenne solto nos vocais, improvisando sobre letras dadaístas, Joana Bergman e Danilera se entregando nos synths enquanto Rubens Adati segura o groove kraut quase ininterrupto no baixo. Uma apresentação quente de um grupo cada vez mais promissor.

Depois foi a vez da Crime Caqui subir no palco do Picles para mostrar seu groove dreampop que também tem um pezinho no pós-punk embora seja mais suave que agressivo, deixando o público hipnotizado com suas ondas que misturam a doçura psicodélica de guitarras e vocais entrelaçados com o groove hipnótico do orgulho sapatão. As minas mostraram músicas novas e chamaram a Grisa, que já tinha tocado no Inferninho, para participar de uma música e cantar sozinha a faixa-título de seu primeiro álbum (Geografia de Lugar Nenhum), que já existe fisicamente mas ainda não está disponível nas plataformas. Depois foi a vez de reencontrar-me com a Fran e discotecar junto com ela quase um semestre depois da última vez, matando saudades e deixando a poeira mental baixar enquanto a pista enchia de forma quase sempre improvável. Valeu demais!

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Crime Caqui e CØMA

Tá com saudades do Picles? Eu tô! E de discotecar com a Fran então? Faz teeeempo… Mato essas saudades neste sábado, dia 24 de janeiro, quando faremos o primeiro Inferninho Trabalho Sujo de 2025 em nossa casa de origem com a participação de duas bandas do coração, as queridas Crime Caqui, que não vejo ao vivo desde antes da pandemia, quando a banda havia acabado de começar, e os novíssimos CØMA, projeto pós-punk do guitarrista Guilherme Held com a baterista Bianca Godói que conta com algumas figurinhas carimbadas da cena underground paulistana na formação. E depois dos dois shows é a vez de discotecar com a Fran aquela mistureba de R&B do começo do século com MPB dos anos 70, rock da década seguinte e música pop dos anos 20 que não deixa ninguém parado! O Picles fica no número 1838 da rua Cardeal Arcoverde, no coração do canteiro de obras conhecido por Pinheiros, e abre as portas a partir das 20h – mas chega cedo que o primeiro show começa às 21h30! Vamos?

Mesma frequência

Três artistas de gerações diferentes sincronizaram-se às frequências do Inferninho Trabalho Sujo nessa sexta-feira, quando realizamos mais uma edição no Cineclube Cortina. A noite começou com a estreia da maravilhosa Tontom, que fez seu primeiro show em São Paulo com a desenvoltura de artista estabelecida, que contrasta com seu ar pós-adolescente. Ela ainda trouxe uma banda da pesada, formada por uma parte boa da atual cena do Rio de Janeiro, com Paulo Emmery na guitarra, Vovô Bebê no baixo, Manuella Terra na bateria e Antonio Dalbo nos teclados, todos recriando o pop irresistível produzido e arranjado por Guilherme Lírio no ótimo EP Manias 2000. Ela ainda aproveitou para tocar músicas inéditas e versões, como “Gente Aberta” de Erasmo Carlos e o hit “Lunares” de sua irmã Raquel Dimantas, além de repetir seu hit “Tontom Perigosa” no bis.

Depois foi a vez do Cidade Dormitório submeter o público reunido em sua psicodelia psicodramática, que começou com o baterista Fábio Aricawa sozinho no palco com a guitarra. Foi uma introdução premonitória – e até singela – para a densa viagem promovida pelo grupo, que singrou pelos sentidos entre as paisagens emocionais desoladas das letras superpostas sobre os fractais multicoloridos do som, tudo isso conduzido pela bateria de Fábio ao lado do baixo pesado de João Mário e pelos solos em fúria e discursos intermimáveis de Yves Deluc e segunda guitarra de Lllucas, além de todos assumirem vocais em diferentes momentos do show. O público cantou junto com o grupo músicas de todos seus discos, como Esperando o Pior, Fraternidade-Terror, Verões e Eletrodoméstico e, claro, o recente Ruída ou O Começo Me Distrai, elevando o nível da noite para a catarse.

Quem fechou os trabalhos foi o grande Tatá Aeroplano, que subiu com sua Boate Invisível com duas mudanças na formação, pois dois músicos da banda estão em turnê pelo exterior – o sagaz Arthur Kunz segurou bem o ritmo de Bruno Buarque enquanto Bia Magalhães trouxe voz e carisma para compensar a ausência de Malu Maria. Mas Junior Boca, Dustan Gallas e Kika estavam lá chancelando o recente trabalho coletivo do mister, que começou a noite com músicas de seus discos mais recentes (Boate… e Não Dá Pra Agarrar), que consolidou essa nova formação de sua banda, mas também passeou por outros momentos de sua discografia, incluindo a versão que faz para “Ressurreições” de Jorge Mautner, encerrando os shows de sexta com o astral lá em cima. Foi demais!

Assista abaixo:  

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Tatá Aeroplano, Tontom e Cidade Dormitório

Na próxima sexta-feira, dia 27, temos uma edição do Inferninho Trabalho Sujo no Cineclube Cortina, desta vez reunindo gerações de artistas diferentes pra mostrar que a cena musical desta década está pegando fogo. A noite começa com a novidade carioca do ano, a cantora e compositora Tontom, que lançou seu EP Mania 2000 este ano, que traz o irresistível hit “Tontom Perigosa”, fazendo sua primeira apresentação em São Paulo. Depois é a vez da nova sensação indie nordestina, o trio sergipano Cidade Dormitório, que volta para São Paulo para mostrar as músicas de seu disco mais recente, Ruína ou O Começo Me Distrai. E finalmente encerramos a noite com a primeira aparição de Tatá Aeroplano no Inferninho, quando o mestre psicodélico mostra seu disco dançanete Boate Invisível com banda completa – e convidados que ainda irão ser anunciados. A noite começa às 21h com discotecagem da Lina Andreosi para terminar com a minha discotecagem ao lado da Francesca Ribeiro, como de praxe nos nossos Inferninhos – e os ingressos já estão à venda. O Cineclube Cortina fica na Rua Araújo, 62, no centro, perto do Metrô República. Vamos?