E aí, como foram de virada de ano, tudo certo? Espero que esteja tudo bem porque aqui está tudo pronto para começarmos o ano – a partir desta sexta-feira, quando retomamos as Sextas Trabalho Sujo no Estúdio Bixiga, sempre às 21h. O primeiro show do mês, no dia 10, é de um rapper dono de um dos melhores discos do ano passado, o ótimo Lógos, do MC paulista Nill (mais informações aqui). Dia 17 é a vez do trumpetista Guizado trazer seu groove psicodélico instrumental para o palco do Estúdio Bixiga – e ele está falando em trazer participações especiais (mais informações aqui). Dia 24 é a vez do grande Pelico, que traz seu ótimo Quem Me Viu Quem Me Vê para São Paulo logo após passar o fim de ano em Portugal, mostrando este mesmo disco (mais informações aqui). E fechamos o primeiro mês de 2020 dia 31, com as meninas do Florcadáver (mais informações aqui). Vamos lá?
Três jovens veteranas do rock independente brasileiro criaram uma banda para fazer uma viagem de van para a Argentina – esta é a gênese do Florcadáver, que une as forças de Amanda Buttler (do Sky Down), Theodora Charbel (Sixkicks, Papisa) e Célia Regina (do Miêta) num mesmo projeto que lança seu projeto de crowdfunding para pagar esta viagem em primeira mão no Trabalho Sujo, com o vídeo de sua primeira faixa, “Baleia”.
O centro do encontro foi o acampamento Girls Rock Camp, que ajuda meninas a se tornarem roqueiras, que já havia sido frequentado pelas três, como monitoras. “Conheci as meninas no voluntariado do Girls Rock Camp, a Célia, guitarrista do Miêta, quando participei pela primeira vez do Camp no ano passado e a Theodora, que eu já sacava de longe no SixKicks, neste ano”, lembra Buttler. “Lá pro fim do último Camp a Célia tava conversando com a Marcela Matos, fotógrafa e veterana do Camp desde o início, e falando sobre a vontade dela de ser voluntária no Chicas Amplificadas, a versão argentina do acampamento, que acontece no mês de julho, e ela jogou essa ideia de viajar pra lá a bordo da minivan que ela, Marcela, tem pra exatamente esse tipo de rolê.”
“Nessa a Célia mandou um papo de querer montar uma banda pra ir tocando de São Paulo até lá, transformando o trajeto rumo ao camp numa turnê”, continua a baixista. “E convidou eu e a Theo, perguntou se estávamos afim de voluntariar no Chicas e de montar essa banda com ela. Voltamos pra casa, Célia em Belo Horizonte e Theo e eu em São Paulo – ela é de Cuiabá mas mora aqui agora -, e começamos a planejar à distância o que poderíamos fazer pra concretizar essa idéia. Decidimos montar um projeto de financiamento coletivo no Catarse pra viabilizar essa viagem. Aos poucos se juntou ao rolê a Thamú Silva, também voluntária do Camp, que somou pra fazer a produção da tour. A Kaline Toledo entrou pra cuidar do registro em foto e vídeo da viagem toda. Foi assim que montamos o grupo de seis mulheres que vai fazer essa viagem.” Kaline também fez o lyric vídeo acima.
“Desde que comecei a trocar idéia com a Célia e com a Buttler lá no Camp percebi uma conexão de idéias, estilos musicais e processos criativos”, continua a baterista Theodora. “A Buttler me chamou pra casa dela, onde tem o estúdio do Berna (Bernardo Pacheco, produtor, chegando lá já me senti a vontade com a bagunça ao redor dos instrumentos. Sentei na bateria, ligamos os microfones com bastante reverb e delay anos 80, a Buttler começou a tocar umas notas soltas no baixo e eu fui acompanhando, quando percebemos tínhamos criado três músicas numa tarde! A melodia da ‘Baleia’ veio de primeira quando comecei a cantar improvisando enquanto tocava, depois fomos tomar um ar e percebemos o quanto ela era chiclete e tinha potencial de single. Trabalhamos nela mais uns dois ensaios e mandamos pra Célia lá em BH brisar nas guitarras, que ficaram derretidas do jeitinho que a gente gosta.”
“A Célia veio pra São Paulo em abril, ensaiamos juntas pela primeira vez por alguns dias”, lembra Amanda. “Nessa altura a Theodora chegou com a letra pronta pras melodias que tinha improvisado lá no começo. Daí o Berna gravou, mixou e masterizou a música. Nesse som todas cantam. Alias, acho que esse é o grande lance: todas cantam. Tem música que eu canto, outra que é a Célia. Enfim, todas ali. O lyric vídeo da faixa foi a Kaline que fez. O single de estreia é bem viajandão, né? Acho que combina ouvir essa música num dia ensolorado na estrada. Mas o restante das músicas é bem diferente, tem uma vibe mais tensa talvez, outras mais dançantes e piradas nas guitarras.”