Surpresa! Sem hesitar, dominamos a véspera da Sexta Santa e invadimos a Trackers para mais uma edição do encontro arrasa-quarteirão TRABALHO SUJO + VENENO SOUNDSYSTEM, quinta-feira, 5 de abril, meia-noite, agora. Se segura, que pra noite especial convocamos uma escalação feminina de altíssimo nível, botando os homens em seus lugares: a dupla já prata da casa SRY (de Giu Viscardi e Renata Chebel) e a one and only Flavia Durante, além da caliente e elegante dupla por trás da festa MACUMBIA, Flora Lahuerta e Gabi Ribeiro. De um lado, para nossa alegria, soul moderno, pop sem lei. Na outra pista, latinidades mágicas, pérolas brasileiras, grooves irresistíveis. O caminho você conhece: centro de São Paulo, esquina da São João com bulevar Dom José, primeiro andar do prédio da Trackers, duas pistas, salas secretas, varanda, diversão, madrugada da paixão. Confirme sua presença na página do evento no Facebook ou para o email baileveneno@gmail.com.
Flávia mandou muito bem na sexta passada – e o público foi ao delírio, como dá pra sacar nas fotos do Leandro Furini, abaixo.
Hoje chamei minha comadre Flávia Durante para ajudar a aquecer a melhor sexta-feira de São Paulo – e ela promete pérolas de soul music e dos anos 60 para equilibrar meu ímpeto pelo pop mutante que mashupa gêneros, eras e fronteiras geográficas. You know the deal – caso ainda não saiba, siga o site do Alberta ou as coordenadas na página do evento do Facebook – e você pode enviar nome para a lista até às 20h através do email noitestrabalhosujo@gmail.com. Será uma noite mágica, pressinto.
Depois da Adele do Forró, a Frá achou váááááárias versões brasileiras do hit – e de outros – da Adele.
A Frá discotecou no show da Amy no Brasil e deu um depoimento sobre a experiência para o G1.
O clima era o mais tranquilo possível. Vi o show de Amy ao lado dos músicos da Janelle Monáe e de Mayer Hawthorne, todos encantados por estarem ali. Se não fosse Amy e o resgate do soul old school originado por ela e Mark Ronson dificilmente eles teriam surgido no mapa musical (nem Adele, nem Duffy etc etc). Hawthorne chegou a tuitar: “Back to Black’ é uma das melhores músicas de nossa geração”. Quem ousa discordar?
Encontrei nos bastidores o Pinguim (Djamir), brasileiro que é roadie do CSS (Cansei de Ser Sexy), foi morar na Inglaterra e estava na equipe de Amy. Falou que ela é uma das artistas mais doces e generosas com quem ele havia trabalhado e que tratava com os músicos e equipe diretamente, não através de um produtor e empresário. Disse que construiu uma guitarra especialmente para ela e que ela ficou extremamente feliz. E que ela não era tudo aquilo de ruim que a imprensa pintava, que havia muito exagero.
Confira a íntegra no site.
E por falar em Adele, boa essa dica da Frá.
“Rolling in the Deep”, aliás, a música que eu mais ouvi na rua na Inglaterra, disparado.
O show de domingo ficou na memória, como lembra a Flávia:
Foi uma noite linda e até o frio deu uma trégua! Uma das coisas mais legais é que o evento reuniu vários jovens que conheceram a banda na semana de aparições na TV brasileira pra divulgação dos shows. Como os fãs da ex-RBD Dulce Maria, que se encantaram pela americana em sua incrível participação no “Altas Horas”, da TV Globo, do qual a popstar também participou. (Na programa, provando que é uma elegante diva, Sharon chorou e se emocionou com a mexicana quando esta respondeu com doçura a pergunta de uma fã apaixonada, e ao final correu para abraçá-la. ;~~) O repertório é baseado em “I Learned The Hard Way”, o mais recente de seus quatro discos. Como disse o amigo Vini Gorgulho, o que dizer de um grupo com o qual você fica alucinado até na apresentação dos músicos da banda, geralmente o momento mais entediante de um show?
E os vídeos não mentem: o de cima, feito pela Paula, me foi enviado pela Babee. E o debaixo é do Denis:
Quem vai? A Frá aproveitou a segunda vinda dos tioneijes pra fazer um especial “minha primeira vez com o Teenage Fanclub” no seu blog. Eis a minha contribuição:
“The Concept”
Foi a primeira música deles que eu vi na vida, lembro direitinho, festival de Reading de 1992, por algum motivo transmitido pela TV Bandeirantes (num tempo em que nem eles se referiam a si mesmos como “Band”). Por conjunções astrais inexplicáveis, estava, ao mesmo tempo, valorizando o lado cancioneiro dos Beatles – aquela época em que você percebe que o “Rubber Soul” é tão importante quanto o “Revolver” – e descobrindo o Big Star via Replacements, e aí me vem essa banda, mais simples que tudo, valorizando a canção e a música pop num tempo em que as outras bandas que passaram naquela tarde de sábado tinham nomes como Ned’s Atomic Dustbin, Swervedriver ou Wonder Stuff. E mesmo sendo o festival que lançou o Nirvana para o resto do mundo, são as camisas listradas do Teenage e o vestidinho curto de PJ Harvey (cantando “Sheela-Na-Gig”) minhas lembranças mais precisas daquela tarde dos meus 17 anos. Foi o suficiente para sair atrás de um disco de nome comprido, que tinha um saco de dinheiro desenhado na capa, rosa-choque e amarelo-limão. Fui encontrá-lo em CD, nas lojas Americanas, edição que carrego comigo até hoje.
Ela também desenterrou o setlist do terceiro show que eles fizeram no Sesc Pompéia, em 2004:
Hoje vai ser demais.
A minha coluna no Caderno 2 foi sobre o debate sobre música eletrônica e redes sociais que mediei no YouPix, semana passada.
O DJ e a internet
Redes sociais e vida noturna
No dia 2 de abril, a colunista do C2+Música Claudia Assef publicou o artigo A Música Eletrônica Cresceu Demais?, em que comentava que os hábitos noturnos de São Paulo haviam mudado e como a noite paulistana havia deixado de se importar com música. Conversando com Facundo Guerra, empresário da noite e dono de casas como o Lions e o Vegas, ela ouviu que “os clubes já não são mais templos de música. São extensões das redes sociais, ponto de encontro. O cara vai na boate pra encontrar aquela menina que ele cutucou no Facebook. A música virou trilha de fundo”. E com as redes sociais, o artigo correu sozinho pela internet, gerando comentários acalorados e discussões enfurecidas.
Foi o suficiente para que a publicitária Lalai Luna, que também produz festas, resolvesse entrar na discussão, incentivando-a. Lalai estava na curadoria de uma das áreas do festival YouPix, que cresce ano após ano e que pode ter fôlego para disputar com a Campus Party o título de principal evento de cultura digital do País. E resolveu convidar algumas pessoas para continuar a discussão iniciada nas páginas do caderno. Além da Claudia e de Facundo, Lalai também participou da mesa e chamou a blogueira e produtora de festas Flávia Durante, o produtor e publicitário Bruno Tozzini e o jornalista e DJ Camilo Rocha e este nada modesto missivista para mediar a mesa. O título da discussão era propositalmente polêmico – As redes sociais estão matando a música eletrônica? –, mas o debate fugiu de rusgas fáceis e a discussão chegou a alguns pontos interessantes, que resumo aqui.
Sim – a noite virou uma extensão das redes sociais. As pessoas estão realmente mais interessadas em “reencontrar” pessoalmente os amigos com quem passaram o dia conversando, seja no Twitter, via Gtalk, no Facebook ou pelo MSN. E não é que as pessoas deixaram de se interessar por música, mas é que elas querem ouvir músicas que já conhecem, daí um fenômeno recente – de uns dez anos para cá – do frequentador que pede música para o DJ, algo considerado profano nos tempos em que o DJ era o soberano da noite. Talvez isso ocorra porque as pessoas estão ouvindo menos rádio e encontram, na noite, uma alternativa à zona de conforto que era o rádio em seus dias de glória.
Acontece que o DJ está perdendo a importância vertical que tinha sobre a pista – algo que afetou qualquer área que tenha sido invadida pela internet. Do mesmo jeito que as indústrias da música, do cinema, dos games, das notícias, entre outras, a cultura noturna também foi afetada pela horizontalização imposta pela rede. Agora é hora de aprender a lidar com isso para seguir a história.