Cine Doppelgänger: Autoria em Xeque

17 de novembro: 8 ½ (1963) e Adaptação (2002)

17 de novembro: 8 ½ (1963) e Adaptação (2002)

Neste sábado temos a quinta sessão do Cine Doppelgänger, que faço junto com a Joyce Pais do Cinemascope, na Casa Guilherme de Almeida: uma sessão dupla de cinema de graça seguida de um debate sobre os pontos em comum entre os dois filmes. Desta vez reunimos os filmes 8 ½ (1963), de Fellini, e Adaptação (2002), de Spike Jonze, que lidam com o tema da autoria em xeque. O primeiro filme, 8 ½, começa às 11h em ponto e o segundo, Adaptação, às 14h, para que o debate comece perto das 16h30. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site da Casa Guilherme (e tem mais informações sobre a sessão aqui). Vamos lá?

Cine Doppelgänger

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Vamos conversar sobre cinema? Finalmente materializo um velho projeto que venho acalentando há anos com a minha querida amiga Joyce Pais, do site Cinemascope, e juntos temos o prazer de apresentar a sessão de debates sobre cinema Cine Doppelgänger, que acontece mensalmente entre julho e dezembro, todo terceiro sábado do mês, na Sala Cinematographos, que fica no Museu Casa Guilherme de Almeida (Rua Cardoso de Almeida, 1943 – Sumaré, São Paulo). A ideia é exibir sempre dois filmes – um escolhido por mim e outro pela Joy – e, no final da exibição, conversar sobre a relação entre os dois. A estreia do Cine Doppelgänger acontece neste sábado com a sessão Los Angeles, Cidade Permitida em que exibimos O Grande Lebowski (às 11h), dos irmãos Coen, e Cidade dos Sonhos (às 14h), de David Lynch, para depois conversar sobre pontos em comum e divergentes sobre a temática dos dois filmes. A inscrição é gratuita, basta entra no site da Casa Guilherme de Almeida.

Segue abaixo a programação completa do Cine Doppelgänger até o final do ano:

Dia 21 de julho: Los Angeles, Cidade Permitida

21 de julho: O Grande Lebowski (1998) e Cidade dos Sonhos (2001)

O Grande Lebowski (1998) e Cidade dos Sonhos (2001)

Os irmãos Coen e David Lynch comentam sobre o mundo de ilusões criado a partir de Hollywood em dois novos clássicos da virada do milênio. Enquanto Cidade dos sonhos mergulha na dicotomia entre a dura realidade e a sétima arte, borrando os limites entre estes dois universos, O grande Lebowski escancara a fábrica de mentiras do mundo do entretenimento da costa oeste norte-americana.

18 de agosto: A Paranoia por Dentro

18 de agosto: De Olhos Bem Fechados (1999) e Rede de Intrigas (1976)

De Olhos Bem Fechados (1999) e Rede de Intrigas (1976)

O último filme de Stanley Kubrick e a obra-prima de Sidney Lumet vão às entranhas das sociedades secretas e dos sistemas de poder para mostrar sua abrangência e escopo, contrapondo-se à pequenez da individualidade humana.

15 de setembro: O Diabo Mora ao Lado

15 de setembro: O Bebê de Rosemary (1968) e Corra! (2017)

O Bebê de Rosemary (1968) e Corra! (2017)

Dois filmes de terror que lidam com o aspecto corriqueiro da maldade, as obras de Polanski e Peele refletem a época de suas produções, levantando questionamentos sobre feminismo e racismo, além de aprofundarem-se no estudo da vileza humana.

20 de outubro: Realidade de Mentira

20 de outubro: Zelig (1983) e Verdades e Mentiras (1973)

Zelig (1983) e Verdades e Mentiras (1973)

Em dois documentários falsos, Woody Allen e Orson Welles escancaram a fábrica de ficções que é a sétima arte em duas obras seminais, que já lidavam com os conceitos de pós-verdade e fake news muito antes do século 21.

17 de novembro: Autoria em Xeque

17 de novembro: 8 ½ (1963) e Adaptação (2002)

8 ½ (1963) e Adaptação (2002)

Dois cineastas confrontados por suas obras começam a colocar em questão suas próprias existências como autores. O mitológico 8 e 1/2 de Fellini e o complexo Adaptação de Spike Jonze contrapõem duas crises criativas inversas – a primeira, as motivações por trás do início da criação artística; a segunda, o dilema autoral de trazer uma obra alheia para seu próprio reino criativo.

15 de dezembro: Brasil aos Pedaços

15 de dezembro: O Som ao Redor (2012) e Trabalhar Cansa (2011)

O Som ao Redor (2012) e Trabalhar Cansa (2011)

Dois filmes nacionais contemporâneos jogam luzes sinistras sobre este país dividido que nos acostumamos a se referir como um só. Enquanto o primeiro longa de ficção de Kleber Mendonça Filho, O Som ao Redor, espatifa a noção de normalidade ao revelar a rotina complexa e movida pela culpa de um bairro rico no Recife, o primeiro longa da dupla Juliana Rojas e Marco Dutra, Trabalhar Cansa, entra em um microcosmo profissional para se aprofundar nas entranhas de um Brasil farsesco – de modo apavorante.

Vida Fodona #528: Contra o frio

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Uma trilha para esquentar o cérebro.

Raul Seixas – “Novo Aeon”
O Terno – “Medo do Medo”
Talking Heads – “New Feeling”
The Fall – “Cruiser’s Creek”
B-52’s – “Party Out of Bounds”
Wire – “Start to Move”
Pere Ubu – “Heart of Darkness”
Metá Metá – “Obá Kossô”
Sonic Youth – “Skip-Tracer”
Tiny Fingers – “The Fall”
Young Marble Giants – “Include Me Out”
Fellini – “Massacres da Coletivização”
Doors – “Strange Days”
Stranglers – “Walk On By”
XTC – “Making Plans for Nigel”
Legião Urbana – “A Dança”
Public Image Ltd. – “Swan Lake”
Cure – “One Hundred Years”
Jards Macalé – “Let’s Play That”
Tom Zé – “Mã”
Gilberto Gil + Jorge Ben – “Filhos de Ghandi”
Elis Regina – “Cobra Criada”
Mariana Aydar – “Mamãe Papai”

O fim (?) do Fellini

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“Tudo indica que sim”, me responde por email Thomas Pappon, guitarrista fundador do Fellini, sobre a possibilidade do show desta quinta-feira, no Centro Cultural São Paulo (mais informações aqui), ser o último da banda. “É sempre complicado reunir a banda – eu moro em Londres, todo mundo trabalha. Dessa vez só deu certo por causa de um cuidadoso e longo planejamento.”

Pedra fundamental do rock independente brasileiro, o grupo paulistano foi um dos poucos que soube equilibrar experimentalismo e brasilidade numa época em que era preciso escolher entre extremos (familiar?). Assim, influenciou mais de uma geração de novos artistas, tornando possível inclusive sua volta quase dez anos depois do encerramento oficial da carreira, no início dos anos 90 (entrevistei o grupo na época, em 1999 – dá pra ler aqui), que deu uma sobrevida ao grupo, que conseguiu manter sua reputação intacta à medida em que voltaram a gravar novos discos e fazer outros shows esporádicos nos últimos quinze anos. “Poucos nos conheciam nos anos 80”, continua Thomas. “Hoje mais gente conhece – e nos shows a devoção do público hoje é maior. E com site no Facebook, a banda conversa o tempo todo com os fãs diretamente. Aliás foi uma forma de descobrir que temos fãs no país inteiro. E de conhecê-los.”

A volta atual começou há duas semanas e contou com shows no Z Carniceria e no Sesc Belenzinho e termina no Centro Cultural São Paulo, com show gratuito, nesta quinta-feira, a partir das 20h30. Thomas comemoram os dois shows: “Foram sensacionais. Em três lugares diferentes – o terceiro nao rolou ainda, mas tenho certeza que será bom – de certa forma perfeitos para a empreitada, em especial o Sesc. A ideia de tocar o Amor Louco inteiro foi muito boa. A grande mudança foi a participação do Lauro Lellis, um superbaterista, que trouxe firmeza e fluidez ao som.” Além de Thomas, a banda conta com Cadão Volpato nos vocais, Jair Marcos na outra guitarra e Ricardo Salvagni no baixo.

Mesmo que o Fellini termine de vez após o show desta quinta, Thomas não encerra sua produção musical, principalmente com seu projeto solo The Gilbertos: “Gosto demais das três músicas que fiz no ano passado – ‘Cadê Alice?’, ‘Haroldo’ e ‘Baita de um Verão’ – estão no Soundcloud“, lembra. Ele também continua a dupla com Cadão no projeto Pappon & Volpato, que também tem três músicas em uma conta no Soundcloud, além de ajudar na carreira de Andrea Merkel. Sobre o Fellini, ele não descarta shows futuros (“se houver uma boa proposta, quem sabe”), mas queria relançar o último disco da discografia inicial da banda, Amor Louco, em vinil: “É certamente um objetivo. Pena que não dependa apenas da gente”, lamenta. “E pretendo continuar compondo. Mas nunca ouvi tão pouco música como nos últimos meses, isso me preocupa.”

Fellini inteiro pra download

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Thomas Pappon tomou finalmente teve a disposição pra criar a página oficial do Fellini no Facebook ao mesmo tempo em que pôs toda a obra de seu mítico Fellini pra download no Bandcamp. São sete discos ao todo, conte comigo: seus quatro clássicos primeiros discos (O Adeus de Fellini, Só Vive 2 Vezes, 3 Lugares Diferentes e Amor Louco), o disco póstumo que Cadão Volpato e Thomas gravaram em Londres e lançaram pelo Midsummer Madness em 2001 (Agora é Tarde), um disco registrando a banda ao vivo no estúdio em 2010 (Você Nem Imagina) e uma coletânea de sobras de estúdio, shows, ensaios e demos (Posta Restante, compilada em 2007). O Fellini, pra quem não sabe, é um dos pilares de fundação disso que chamamos de indie brasileiro hoje.

Vida Fodona #371: Maior calor, assim que é bom

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Então aumenta o som…

Gang do Eletro – “Velocidade do Eletro”
Justin Timberlake – “Suit & Tie (Four Tet Remix)”
Fellini – “Rock Europeu (Pedro Zopelar + Ricardo Salvagni Remix)”
Phoenix – “Trying to Be Cool”
Melody’s Echo Chamber – “Some Time Alone, Alone”
My Bloody Valentine – “A New You”
Tame Impala – “Mind Mischief (The Field Remix)”
Memory Tapes – “Let Me Be”
Snoop Lion – “Here Comes the King”
A Cor do Som – “Razão”
Grupo Cravo e Canela – “Se Ganho na Loteca”
Sambanzo – “Capadócia”
Tulipa Ruiz – “A Ordem das Árvores”
Ween – “Freedom of ’76”
Yo La Tengo – “Decora”
Kendrick Lamar – “Bitch, Don’t Kill My Vibe”

E deixa cair

Fellini remix

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Ricardo Salvagni, um dos integrantes originais do grupo paulistano Fellini, está revisitando sua obra em remixes ao lado de Pedro Zopelar – e eles estão sendo expostos em seu Soundcloud. As revisitas trazem o som do grupo para o século 21 sem perder aquele ar de underground brasileiro pré-Collor – e assim, o hit “Rock Europeu”, exemplo abaixo, perde velocidade para assumir um parentesco dos momentos mais eletrônicos do Cure. Bem bom.

Quando o Trabalho Sujo era uma central de caderno de jornal

Não resisti e resgatei umas edições velhas do Trabalho Sujo impresso, tirei umas fotos e redimensionei pra colocar aqui no site. As fotos estão com cores diferentes não por conta da idade do papel, mas porque parte delas eu fiz de dia (as mais brancas) e a outra de noite (as amareladas). Dá uma sacada como era…


Nesta edição, dois segundos discos: o do Planet Hemp e o do Supergrass.


Nesta eu falei do Panthalassa, disco de remix que o Bill Laswell fez com a obra de Miles Davis, o segundo disco do Garbage, entrevista com Virgulóides, disco de caridade organizado pelo Neil Young e uma explicação sobre um novo gênero chamado… big beat.


Entrevistei os três integrantes do Fellini (Jair, Thomas e Cadão) para contar a história da banda, numa época em que eles nem pensavam em voltar de verdade (depois disso, eles já voltaram e terminaram a bandas umas três vezes). Também tem a história do Black Sabbath, uma entrevista que eu fiz com o Afrika Bambaataa e o comentário sobre a demo de uma banda nova que tinha surgido no Rio, chamada Autoramas.


Disco de remix do Blur, disco póstumo do 2Pac, Curve e entrevista com Paula Toller.


Discos novos da Björk, dos Stones, do Faith No More e do Brian Eno.


Discos novos do Wilco (Summerteeth), Mestre Ambrósio, coletâneas de música eletrônica (da Ninja Tune, da Wall of Sound – só… big beat – e de disco music francesa), resenha da demo da banda campineira Astromato e entrevista com o Rumbora.


Resenha do Fantasma, do Cornelius, do Long Beach Dub All-Stars (o resto do Sublime), do Ringo e do show dos Smashing Pumpkins em São Paulo, com a entrevista que fiz com a D’Arcy.


Vanishing Point do Primal Scream, disco-tributo ao Keroauc, Coolio e a separação dos irmãos da Cavalera.


Reedição do Loaded do Velvet Underground, Being There do Wilco e o show em tributo á causa tibetana.


Especial Bob Dylan, sobre a fase elétrica do sujeito no meio dos anos 60, com direito à entrevista com o Dylan na época, que consegui através da gravadora e um texto de Marcelo Nova escrito especialmente para o Sujo: Quem é Bob Dylan?


30 anos de Sgt. Pepper’s e o boato da morte de Paul McCartney.


Terror Twilight do Pavement, Wiseguys (big beat!), o disco de dub do Cidade Negra (sério, rolou isso), a demo do 4-Track Valsa (da Cecilia Giannetti) e entrevista com o Rodrigo do Grenade.


Pulp, Nação Zumbi, Ian Brown e Seahorses, uma coletânea de clipes ingleses e entrevista com Roger Eno, irmão do Brian.


30 anos de Álbum Branco, show do Man or Astroman? no Brasil, primeiro disco do Asian Dub Foundation, entrevista com a Isabel do Drugstore e demo do Crush Hi-Fi, de Piracicaba.


Os melhores discos de 1997: 1 – OK Computer, 2 – Vanishing Point, 3 – When I Was Born for the 7th Time, 4 – Homogenic, 5 – O Dia em que Faremos Contato, 6 – Dig Your Own Hole, 7 – Sobrevivendo no Inferno, 8 – I Can Hear the Heart Beating as One, 9 – Dig Me Out, 10 – Brighten the Corners… e por aí seguia.


20 anos de Paul’s Boutique, do Beastie Boys, disco do Moby, demo do Gasolines e entrevista com Humberto Gessinger.


Rancid, Superchunk e entrevista com o Mac McCaughan (do Superchunk), Deftones e Farofa Carioca (a banda do Seu Jorge).


Simpsons lançando disco e a lista dos 50 melhores do pop segundo Matt Groening, segundo disco do Dr. Dre, entrevista com Júpiter Maçã que então lançava seu primeiro disco.


A coletânea Nuggets virou uma caixa da Rhino, a cena hip hop brasileira depois de Sobrevivendo no Inferno, disco dos Walverdes e entrevista com Henry Rollins.


Sleater-Kinney, Fun Lovin’ Criminals, Little Quail, demo do MQN e entrevista com o Mark Jones, da gravadora Wall of Sound (o lar do… big beat).


25 anos de Berlin do Lou Reed, disco novo do Pin Ups, disco do Money Mark e entrevista com Chuck D, que estava lançando um livro na época.


Especial soul: a história da Motown e da Stax (lembre-se que não existia Wikipedia na época) e caixas de CDs do Al Green e da Aretha Franklin.


Retrospectiva 1998: comemorando um ano que trouxe artistas novos para a década…


…e os melhores discos de 1998: 1 – Hello Nasty, 2 – Mezzanine, 3 – Fantasma, 4 – Jurassic 5 EP, 5 – Carnaval na Obra, 6 – Deserter’s Songs, 7 – This is Hardcore, 8 – Mutations, 9 – The Miseducation of Lauryn Hill, 10 – Samba pra Burro. Em minha defesa: só fui ouvir o In the Aeroplane Over the Sea em 1999. Não tente entender visualmente, era um método muito complexo de classificação dos discos, um dia eu escaneio e mostro direito.


Beastie Boys, Scott Weiland e Boi Mamão.


A história do Kraftwerk (que vinha fazer seu primeiro show no Brasil), o acústico dos Titãs, Propellerheads (big beat!) e entrevista com Ian Brown.


Segundo disco do Black Grape, coletânea de 10 anos da Matador e entrevista com o dono da gravadora, Gerard Cosloy.


A carreira de Yoko Ono, disco novo do Ween, coletânea de Bauhaus, John Mayall e Steve Ray Vaughan e a trilha sonora de O Santo (cheia de… big beat).


Stereolab, Racionais, Metallica e 3rd Eye Blind (?!).


Disco de remixes do Primal Scream, caixa do Jam, entrevista com DJ Hum, Sugar Ray e disco solo do James Iha.


Cornershop, show à causa tibetana vira disco, Bob Dylan, Jane’s Addiction, Verve e entrevista com Lenine.


Disco de remixes do Cornelius, Sebadoh, Los Djangos, Silver Jews, entrevista com o Lariú e demo do Los Hermanos.


Disco de remixes da Björk e o novo do Guided by Voices.


Disco novo do Sonic Youth, reedição dos discos do Pussy Galore e entrevista com Edgard Scandurra.


Cobertura dos shows do Superchunk no Brasil, Pólux (a banda que reunia a Bianca ex-Leela que hoje é do Brollies & Apples e a Maryeva Madame Mim), Prince e Maxwell, coletânea da Atlantic e entrevista com os Ostras.


…e na cobertura dos shows do Superchunk eu ainda consegui que a banda segurasse o nome do Trabalho Sujo para servir de logo na página.

Editei o Sujo impresso entre 1995 e 2000. Durante esse período, ele teve vários formatos. Começou como uma coluna na contracapa do caderno de cultura de segunda e em 1996 virou uma coluna bissemanal ocupando 1/6 da página 2 do mesmo caderno. No mesmo ano, voltou a ter uma página inteira, nas edições de sábado e entre 1997 e 1999 ocupou a central do caderno de domingo. Neste último ano, voltou a ter apenas uma página, nas edições de sábado. Na época em que eu fazia o Sujo impresso, eu era editor de arte do Diário do Povo e, por este motivo, participei da criação do site do jornal em 1996 – e garanti que o Sujo tivesse uma versão online desde seu segundo ano. Foi o suficiente para que ele começasse a ser lido fora de Campinas (onde já tinha um pequeno séquito de leitores, que compravam o Diário apenas para ler a coluna) e ganhasse algum princípio de moral online, que carrego até hoje.

Na época, eu dividia o gostinho de fazer a coluna com dois outros compadres – o Serjão, que era editor de fotografia do jornal e que hoje está no Agora SP, e o Roni, um dos melhores ilustradores que conheço. Os dois são amigos com quem lamento não manter contato firme, mas são daquelas pessoas que, se encontro amanhã, parece que não vi desde ontem. Juntos, éramos uma minirredação dentro da redação – tínhamos reunião de pauta, discussões sobre o layout da página e trocávamos comentários sobre os discos que eu trazia para resenhar. No fim, eu fazia tudo sozinho na página (como faço até hoje), da decisão sobre o que entra ao texto, passando pela diagramação. Sérgio e Roni entravam com fotos e ilustras, mas, principalmente, com o feedback pra eu saber se não estava viajando demais ou de menos. Nós também começamos a discotecar juntos, mais um quarto compadre, o William, e, em 97, inauguramos o Quarteto Funkástico apenas para tocar black music e groovezeiras ilimitadas, em CD ou em vinil. Não era só eu quem escrevia no Sujo (eu sempre convidava conhecidos, amigos e alguns figurões), mas Roni e Serjão, por menos que tenham escrito, fizeram muito mais parte dessa história do que qualquer um que tenha escrito algo com mais de cinco palavras.

No ano 2000 eu fui chamado pelo editor-chefe do jornal concorrente, o Correio Popular, maior jornal de Campinas, para editar seu caderno de cultura, o Caderno C, cargo que ocupei durante um ano, antes de me mudar para São Paulo. Neste ano, para evitar confusões entre os dois jornais sobre quem era o dono da coluna (e não correr o risco de assistir a alguém depredar o nome que criei no jornal que comecei a trabalhar), decidi tirar o Sujo do papel e deixá-lo apenas online. Criei minha página no Geocities para despejar os textos que publicava em outra coluna dominical, no novo jornal, chamada Termômetro. Mas, online, seguia o Trabalho Sujo -até que, do Geocities fui para o Gardenal, e isso é ooooutra história.

Um dia eu organizo tudo bonitinho, isso é só pra fazer uma graça – e matar a minha saudade.

Vida Fodona #173: O ano tá começando a ficar bom

E aos poucos dá pra ter uma idéia de quem vai entrar no panteão de 2009:

Cidadão Instigado – “O Cabeção”
Teenagers – “Love No”
Phoenix – “1901”
Arctic Monkeys – “Dangerous Animals”
Franz Ferdinand – “Can’t Stop Feeling”
Death by Chocolate – “Ice Cold Lemonade”
Dangermouse & Sparklehorse – “Little Girl (com Julian Casablancas)”
Of Montreal – “An Eluardian Instance”
Cornershop – “Who Fingered Rock’n’Roll?”
Cut Copy – “Midnight Runner”
Fellini – “Por Toda Parte”
Big Star – “The Ballad of El Goodo”
Céu – “Bubuia (com Anelis Assumpção e Thalma de Freitas)”
Lucas Santtana & João Brasil – “O Violão de Mario Bros”
Milocovik – “Out of Her House”
Foals – “Olympic Airways”
Miami Horror – “Make You Mine (Fred Falke Remix)”
Daft Punk – “Tron Legacy Theme”
Radiohead – “These Are My Twisted Words”

Colaê.

Fellini posta restante

Eu não conhecia esse Fellini Posta Restante, disco de raridades do Fellini que o próprio Thomas Pappon disponibilizou na comunidade do Orkut da banda em 2007. Deixo-o aqui em homenagem à banda que pediu oficialmente a conta na semana passada. Mas aposto que eles ainda voltam para uns três ou quatro – ou cinco ou seis – “adeuses” futuros (essa pecha de Silvio Caldas indie já tava embutida de forma irônica desde o primeiro disco deles). Tomara, mesmo porque eu nunca vi show deles (aquele show no Timfestival não conta). De quebra, linko também uma entrevista que eu fiz com a banda na primeira vez que eles voltaram, há dez anos.


Fellini – “Sikh