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Minha coluna na edição desta semana do Link foi sobre como desativaram minha conta no Facebook.
O dia em que minha conta do Facebook foi desativada
Estamos às vésperas de um êxodo em massa do Facebookistão?
Sexta passada acordei, li o jornal, tomei café e liguei o computador. Abri meu e-mail e, quando comecei a abrir as abas subsequentes para continuar minha rotina matutina dentro da rede, um aviso a interrompeu: “A sua conta do Facebook foi suspensa”.
Um microssegundo de pânico (“Minhas fotos! Minhas mensagens! Meus contatos!”) foi seguido de um longo segundo de paz (“Imagine não ter que me preocupar mais com o Facebook…”). Enquanto a metade mecânica do meu cérebro abria novas abas para buscar “Como recuperar minha conta no Facebook” em fóruns específicos, a outra, a racional, procurava pelo telefone da assessoria de imprensa da rede social ao mesmo tempo em que eu pensava em você, caro leitor do caderno que edito, que pode passar por uma situação semelhante sem saber a quem recorrer.
Porque nem sequer há um e-mail para quem você possa mandar sua reclamação. O máximo que dá para fazer é acessar a página facebook.com/help e ver o que é que você pode ter feito para ter a conta suspensa. Milhares de perfis do Facebook são suspensos ou bloqueados diariamente pelos motivos mais diversos: os usuários infringem direitos autorais, publicam conteúdo impróprio ou tentam se passar por pessoas que não são. Outra possibilidade de ser defenestrado da rede social – ou ter algumas funções do perfil desabilitadas – é a falta de noção ao usar ferramentas básicas do site. Quem adiciona centenas de amigos no mesmo dia, publica fotos ininterruptamente ou convida desconhecidos para participar de grupos, por exemplo, pode ter desativado o recurso que usou sem parcimônia.
E enquanto tentava descobrir como fazer para minha conta voltar a funcionar (e em todas as dificuldades que alguém que não tenha contato direto com a equipe do site poderia passar), fiquei pensando que este tipo de atitude pode acabar frustrando o usuário casual.
Motivos para deixar o Facebook – como motivos para permanecer lá – não faltam. O site é constantemente acusado de utilizar informações valiosas sobre cada um de nós para transformar-se num negócio bastante lucrativo – isso sem contar as teorias de conspiração que acusam a rede social de ser uma máquina de espionagem governamental. Mas não chegamos àquela fase que aconteceu logo depois do auge do Orkut no Brasil, antes da tal “orkutização”, quando centenas de usuários da primeira rede social do Google resolveram cometer o que foi batizado, à época, de “orkuticídio”.
Mas os números de crescimento do Facebook vêm diminuindo. A rede passou os 800 milhões de cadastrados no final de 2011 e levou quase seis meses para atingir os 900 milhões de usuários que ainda não foram oficializados em comunicado, apenas nas especulações que precederam sua abertura de capital na Nasdaq.
E os casos de contas desativadas, por motivos diferentes, vêm aumentando. E se eu, que me encaixo na categoria hard user da rede social, pensei na possibilidade de uma vida sem Facebook, imagine quem entrou na rede porque os amigos insistiram (“todo mundo está lá!”) ou porque se sentiram por fora, mesmo sem ter intimidade com o meio digital…
Steve Coll, jornalista da revista norte-americana New Yorker, nem precisou passar pelo perrengue que passei para decidir deixar a rede social. No artigo “Deixando o Facebookistão”, ele explica a série de motivos que o fizeram abandonar o site e conta que, ao encontrar o botão escondido que permite desativar a sua conta, foi perguntado sobre os motivos da saída. Não encontrou as alternativas reais que motivaram sua desistência (sugeriu “regras cidadãs inadequadas” e “dúvidas sobre governança corporativa”) e escolheu a que mais se encaixa com sua insatisfação: “Eu não me sinto seguro no Facebook”.
No início da tarde de sexta-feira, uma mensagem chegou ao meu e-mail dizendo que minha conta havia sido desativada “por engano”. Vai entender… Mas não duvide se começarmos a ver, até o fim do ano, um êxodo massivo da maior rede social do mundo.
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E na minha coluna da edição de segunda do Link escrevi sobre a minha rendição ao Instagram.
Um oásis de quietude dentro do oba-oba das redes sociais
Comecei ‘lurker’ e logo passei a fotografar o céu
Me rendi ao Instagram.
Não havia aderido ao aplicativo de fotos pelo simples fato que não tenho iPhone e o aparelho era o único que permitia o uso do aplicativo. Até o mês passado. A versão para o sistema operacional móvel do Google chegou e instalei o programinha no meu telefone para ver como ele funcionava.
A princípio, me comportei apenas como um lurker (no jargão digital, lurker é aquele que só observa e não participa – boa parte dos usuários do Twitter, por exemplo, são lurkers, o que quer dizer que nunca twittaram, se limitando a ler o conteúdo dos outros). Muitos no Instagram também se comportam dessa mesma forma, sem publicar nenhuma foto e, portanto, sem seguidores.
De cara, percebi uma mudança drástica em comparação com outras redes sociais. Por não prezar por textos, os usuários do Instagram se comunicam por fotos. Mas há uma diferença crucial entre a publicação de fotos no Instagram e, por exemplo, no Facebook. Ao permitir apenas fotos – e não vídeos, textos, links e todo tipo de conteúdo que pode ser compartilhado e curtido no Feice –, o Instagram tem um ar zen, que mistura a contemplação com a paciência, o silêncio com a luz.
Por isso ele é bem diferente do oba-oba típico do Facebook. Sim, as pessoas postam fotos de comida, dos próprios animais, de paisagens, dos amigos, mas os ângulos são diferentes e a abordagem, díspar. Quando você sai para jantar com amigos e posta fotos no Facebook, a imagem é quase sempre da mesa cheia, todos sorridentes, olhando para a câmera. No Instagram, o foco vai apenas para o prato. As fotos de festas são difusas, quase impressionistas, ao contrário da eterna coluna social das fotos de festas no Facebook, em que é possível taguear todos os amigos que foram ao evento. Enquanto no Facebook e no Twitter há uma urgência em mostrar o que está acontecendo naquele exato momento, no Instagram, a impressão que temos é que o tempo parou. Para sempre. E sempre num momento lúdico, tranquilo, satisfeito – nada eufórico, corrido ou megalomaníaco como em outras redes sociais.
Por isso, antes de começar a tirar fotos e postá-las no Instagram, me limitava a ver os recortes visuais para a vida de amigos e conhecidos. Empurrando a barra de rolagem para baixo com o polegar, entrava em um oásis de tranquilidade e calma sempre que lembrava de visitá-lo. Como é uma rede que se movimenta basicamente pelo celular, os comentários são poucos e breves, quase sempre no tom contemplativo das fotos. Não há discussões ferrenhas, confrontos de opiniões nem listas intermináveis de bate-bocas entre pessoas que mal se conhecem. Pelo mesmo motivo, não é preciso ficar checando a rede o tempo todo. Tira-se alguns momentos do dia para visitar esta clareira pacífica na selva de informações que a internet se transformou.
Depois de um tempo, comecei a publicar fotos. E entre trechos de livros, rótulos de discos de vinil, imagens tiradas da TV ou de cantos específicos de lugares onde estou, comecei a tirar fotos do céu. Deve ser um dos três principais clichês do Instagram (os outros dois são fotos de comida e de bichos), mas deixei a arrogância de lado e comecei a tirar fotos do céu.
Foi quando percebi uma mudança na minha rotina. Não dirijo, vivo de táxi para cima e para baixo e quase sempre alterno o olhar entre algo dentro do carro (quase sempre o celular, maldito Angry Birds!) ou para a rua, sem atenção. Mas foi só começar a fotografar o céu que me peguei algumas vezes olhando para cima enquanto o taxista me levava rumo ao meu destino.
E semana passada o Facebook anunciou a primeira novidade relacionada ao Instagram após comprá-lo por um bilhão de dólares, ao revelar um aplicativo que permite que se tire fotos com os filtros vintage da outra rede social. Mas o Facebook Camera é mais poluição informativa para uma rede social em polvorosa. A graça do Instagram está em ser um canto de quietude e introspecção longe do desfile de egos e opiniões deformadas que infestam a internet.
• Facebook contra todos • Internet paralela • #Ativismo • O que há entre você e o seu Android • Homem-Objeto (Camilo Rocha): Entre 1 e 2 cm • Para diretor, surgirão híbridos de ultrabook e tablet • Impressão Digital (Alexandre Matias): Um oásis de quietude dentro do oba-oba das redes sociais • No Arranque (Filipe Serrano): A grande inovação tecnológica criada pelo Facebook • Internet das coisas e o padrão dos padrões • A era dos sistemas inteligentes • Servidor •
Via Dangerous Minds.
• Vida Digital> David Karp – A orkutização do Tumblr • Amizade a conta-gotas • Facebook: A rede de US$ 100 bilhões • Personal Nerd – Como o Facebook ganha dinheiro • Homem-Objeto (Camilo Rocha): Não tão smart • Impressão Digital (Alexandre Matias): A contribuição histórica de Eduardo Saverin ao Facebook • Virada Digital: Novo porto para debates • Além da visão de especialistas • Invadir pode virar crime, apps alternativos, Kutcher de Jobs e o novo Google •
Minha coluna na edição do Link desta semana foi sobre o cofundador brasileiro do Facebook.
A contribuição histórica de Eduardo Saverin ao Facebook
Brasileiro revoltou norte-americanos ao renunciar à sua cidadania
Já é bem conhecida a saga de como um brasileiro foi passado para trás por um dos maiores nomes da história da internet e perdeu a oportunidade de entrar para a história. Na semana em que o Facebook finalmente se tornou uma empresa pública, abrindo capital na bolsa de valores Nasdaq, o site Business Insider revelou detalhes sobre como Mark Zuckerberg decidiu que Eduardo Saverin não faria mais parte da empresa que fundaram juntos.
A história é o ponto central do filme A Rede Social, de 2010, que mostra como dois alunos de Harvard, a partir de um fora que Zuckerberg tomou de uma garota, começaram um serviço online que, a princípio era fechado apenas para estudantes da universidade, mas que aos poucos se tornou um dos sites mais acessados da história da internet. Só que, em dado momento, os dois divergem sobre como gerir a rede social e Zuckerberg decide tirar da empresa o primeiro diretor financeiro. O golpe foi tão duro que Saverin foi banido da história da própria rede até que o filme tornasse sua história pública – e, através dos tribunais, conseguisse reaver 4% das ações da rede (quase nada, em comparação aos 30% que teve antes de ser defenestrado por Mark).
Nos e-mails que foram divulgados pelo Business Insider, Zuckerberg não é nada lisonjeiro ao se referir ao ex-sócio: “Ele se ferrou…”, escreveu. “Ele deveria ter criado a empresa, obter financiamento e bolar um modelo de negócio. Ele falhou nas três. Agora que eu não vou voltar para Harvard não preciso me preocupar em ser espancado por capangas brasileiros.”
Mas o tom das conversas de bastidores no início da rede social não foi a única vez que Saverin apareceu no noticiário dos últimos dias. No dia 11, a agência de notícias Bloomberg anunciou que o brasileiro renunciou à cidadania norte-americana para morar de vez em Cingapura. Foi o suficiente para gerar especulações em relação ao motivo da decisão: Saverin estava deixando os EUA para fugir de impostos.
A especulação irritou os norte-americanos, que o acusaram de sair do país com dinheiro ganho lá. O jornalista Farhad Manjoo chegou até a dizer que Saverin era um mal agradecido, em um longo artigo em que explicava por que Saverin havia sido salvo pelos EUA, ao lembrar que sua família mudou-se de São Paulo para os EUA pois havia descoberto que o nome de Eduardo, com 13 anos à época, estava numa lista de possíveis sequestráveis no Brasil.
Mas Manjoo foi além e disse que Saverin era “ingrato e indecente”, pois além de seu país ter acolhido o brasileiro, ainda foi graças aos EUA que Eduardo Saverin conheceu Zuckerberg. E que se não fossem os Estados Unidos, que inventaram a internet, ele não seria nada. A confusão ao redor do brasileiro foi tanta que até mesmo senadores norte-americanos colocaram em pauta a possibilidade de bani-lo para sempre do país.
Um exagero do tamanho das proporções que o Facebook têm hoje.
Mesmo porque, traidor (dos EUA) ou traído (por Zuckerberg), Saverin tem um mérito único: foi a primeira pessoa a perceber que o site que seu colega de faculdade estava criando poderia ser lucrativo. E desembolsou parcos US$ 15 mil para comprar os primeiros servidores do hoje gigante digital.
Pode-se fazer uma série de especulações sobre este momento, principalmente em cima do fato de Zuckerberg poder ter criado o Facebook com outro investidor. Mas a própria criação do site é marcada por confusões. O filme de David Fincher também conta como Mark poderia ter copiado os códigos de programação de um site semelhante que estava sendo criado na mesma época, em Harvard, pelos gêmeos Winklevoss. Do mesmo jeito, um primeiro investidor na ideia de Zuckerberg poderia roubá-la dele.
Não foi o que aconteceu. Saverin investiu no Facebook e a história depois disso todos conhecemos. E o mérito de ter sido o primeiro a perceber a possibilidade da rede social crescer e dar dinheiro é de Eduardo. Seja ele cidadão norte-americano, brasileiro ou de Cingapura.
E na minha coluna no Link desta segunda, comentei um artigo escrito na Forbes sobre o futuro do Google e do Facebook.
Como a web 3.0 pode tornar Google e Facebook obsoletos
Futuro Jetsons: Aparelhos conectados vão se adaptar à rotina
Na semana passada, o especialista em tecnologia da revista Forbes, Eric Jackson, fez uma profecia controversa. Dizia que, talvez, em cinco anos, grandes nomes digitais como Google e Facebook podem perder completamente a importância. Parece alarmista, mas a tese de Jackson tem embasamento.
Ele diz que o Google era um típico site da web 1.0, quando o mais importante era a organização da rede. Em sua infância nos anos 90, a web já era composta de milhares de sites – longe dos bilhões atuais – e seu público ainda tateava em suas primeiras navegações. Era preciso que alguém facilitasse o rumo naquele primeiro momento – época em que todo site tinha uma seção de links recomendados, lembra? Foi a partir dessa necessidade que surgiram sites como o Yahoo (um diretório de sites) e a Amazon (que organizava as compras online). O Google foi o principal nome da última fase desta infância e resumia os anseios do cidadão digital oferecendo apenas um campo de busca. “O que você quer saber?”, parecia perguntar.
Veio em seguida a web 2.0, oferecendo ferramentas para as pessoas publicarem o que quisessem online, sem precisar saber nada de códigos ou linguagens de programação. Surgiram os blogs, os sites de hospedagem de vídeos e fotos, podcasts e outros megafones virtuais para ampliar o alcance do conteúdo produzido pelos usuários. E quando todos se perguntavam quem poderia se interessar em assistir a um vídeo feito sem muito cuidado ou ver fotos feitas com celular, surgiram as redes sociais, que responderam à pergunta mostrando que os consumidores dos conteúdos gerados por pessoas comuns eram elas mesmas, em nichos. Foi nesse território que surgiu o segundo maior site da década , o Facebook.
Mas, do mesmo jeito que o Google patina para entrar na camada social dominada pelo Facebook, a rede social também pasta na hora de conseguir se transferir para a internet móvel. Todo aplicativo do site feito para funcionar em dispositivos portáteis ficam muito aquém da experiência em desktops ou laptops. Segundo Jackson, eis o problema do Facebook. Do mesmo jeito que o Google não conseguiu – apesar de todas as tentativas – entrar na era da web 2.0, o Facebook também não conseguirá entrar na web 3.0, que, segundo ele, é a web em que os celulares e smartphones são os principais dispositivos de acesso.
Permita-me discordar. Primeiro porque a web 2.0 está essencialmente associada à mobilidade. Não apenas de tablets e celulares, mas também de computadores portáteis. Fotos são tiradas pelo celular e compartilhadas em diferentes redes sociais quase que simultaneamente. Os protestos (Primavera Árabe, Occupy, entre outros) que vimos no ano passado foram protagonizados por celulares e câmeras portáteis, não por desktops.
Discordo também do fato de a web 3.0 ser a internet móvel. O que convencionou-se chamar de web 3.0 é a tal web semântica, que entende o que seu usuário quer e oferece exatamente aquilo que ele precisa. Assim, se a web 1.0 perguntava o que você queria, a web 2.0 traz o que você quer sem mesmo que você saiba que queira (pense na quantidade de assuntos que conheceu graças a links de amigos no Facebook). A web 3.0 facilitaria isso ainda mais – e você nem perceberia que está entrando na internet ao receber tais informações.
Eis meu ponto: a web 3.0 não é de computadores e celulares, mas de todos os aparelhos da sua casa, que, aos poucos, conectam-se à internet. Primeiro a TV, e depois logo virá o rádio, o carro, a cozinha e tudo que puder ser conectado. Não é simplesmente um navegador que, a partir de seus hábitos online, lhe entrega o que você nem sabe que está procurando e, sim, um futuro dos Jetsons – sem o carro voador. Você acorda e em dez minutos a água do banho está esquentando. E logo que você desliga o chuveiro, a cafeteira começa a preparar seu café. A web 3.0 nos desconecta de aparelhos, por completo.
Mas concordo em um ponto com Jackson: o Google desta web 3.0 ainda não surgiu. E pode sim tornar Google e Facebook obsoletos em pouco tempo.