Garotas Suecas: rock de arena

E o Garotas Suecas ultrapassa mais uma barreira e representa a cena independente paulistana ao tocar num estádio, abrindo para os Titãs no estádio do Palmeiras nesta quinta-feira. Nada mal, hein?

Paul n’água

“Well, the rain exploded with a mighty crash…” Caiu um temporal daqueles (você não tá entendendo…) e o show é igualzinho a todos os outros (tirando as infames intervenções de tiozão – ou vovôzão – em português), mas nem por isso menos maravilhoso. O calor no coração de todos aqueceu a alma dos presentes, encharcados mesmo de capa de chuva. É sempre bom ver o Paul McCartney ao vivo, ainda mais agora que os boatos sobre sua aposentadoria têm aumentado consideravelmente, e o show deste domingo não foi diferente: emocionalmente intenso, ainda teve espaço para lágrimas em “Maybe I’m Amazed”, “Band on the Run”, “Something”, “Here Today”, e no dueto virtual com John Lennon em “I’ve Got a Feeling”. Vai Paul!

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Sem poupar alvos

Roger Waters encerrou a perna brasileira de sua primeira turnê de despedida neste domingo, no estádio do Palmeiras, quando celebrou seus 80 anos em ótima forma ao misturar o repertório pós-Dark Side of the Moon do Pink Floyd com algumas músicas solo e ticar em praticamente todos os itens da esquerda no século 21 no espetáculo audiovisual que acompanhou o show. A apresentação já começou com esse tom no talo, em uma mensagem no telão em que o próprio Roger mandava quem acha que sua antiga banda não falava de política para fora do show. E como o assunto não é (apenas) política institucional, o velho inglês fez das suas ao abrir o show com um dos principais números de sua antiga banda, “Comfortably Numb”, retirando cirurgicamente (e politicamente) um dos grandes momentos do hino à dor, o solo de guitarra feito pelo ex-amigo David Gilmour. Isso não chegou a comprometer o show, mas é meio triste ver que Waters prefere se referir à antiga banda apenas no período de 1973 em diante, quando tornou-se o único letrista. E por mais que se refira ao fundador da banda, seu amigo de infância Syd Barrett, de forma tenra, é chato não ouvirmos músicas que o grupo fez antes do disco que completa meio século neste 2023. Em vez disso, tome músicas do The Wall e até uma do último disco do grupo, o fraco The Final Cut. Mas por outro lado, fomos presenteados com uma apoteótica versão de “Sheep”, a íntegra do lado B do Dark Side (mas sem “Time”? Pô) e quase todas do Wish You Were Here, enquanto o telão misturava o imaginário que o grupo criou nos anos 70 com animações e frases de efeito, que Roger Waters disparava sem poupar alvos – até Barack Obama apareceu no telão como “criminoso de guerra” (como todos os presidentes dos EUA desde Reagan), mas não falou nada sobre os líderes de seu país, Benjamin Netanyahu (embora tenha falado sobre o genocídio palestino constantemente) ou talvez uma alfinetada em seu desafeto local. Por outro lado, citou George Floyd e Marielle Franco, fez porco e ovelha infláveis passearem pelo estádio e segurou um showzaço de mais de duas horas – que certamente não será o último que fará por aqui. Toca “Dogs” na próxima, Roger!

Assista aqui:  

Todo o show: Radiohead em São Paulo, abril de 2018

soundhearts-radiohead

O projeto Soundhearts juntou vídeos feitos por fãs que estiveram no dia 22 de abril do ano passado no estádio do Palmeiras para registrar o segundo show que o Radiohead fez em São Paulo, quase dez anos depois do primeiro, em 2009. O resultado é um mergulho multicâmera naquele que foi sem dúvida um dos melhores shows da década na cidade.

Coisa fina. Olha o setlist:

“Daydreaming”
“Ful Stop”
“15 Step”
“Myxomatosis”
“You And Whose Army?”
“All I Need”
“Pyramid Song”
“Everything in Its Right Place’
“Let Down’
“Bloom”
“The Numbers’
“My Iron Lung”
“The Gloaming”
“No Surprises”
“Weird Fishes/Arpeggi”
“2 + 2 = 5”
“Idioteque”

Primeiro bis

“Exit Music (For A Film)”
“Nude”
“Identikit”
“There There”
“Lotus Flower”
“Bodysnatchers”

Segundo bis

“Present Tense”
“Paranoid Android”
“Fake Plastic Trees”